domingo, 29 de maio de 2011

HISTÓRIA REAL DE UM CRENTE NA ERA LAODICEANA (Parte II)


 Continuando nossa entrevista com o irmão “Z”:

Falávamos sobre sua devolução de um dízimo atrasado, e a pergunta que ficara pendente era se devolver o dízimo naquelas circunstâncias, não lhe remetia ao problema inicial, ou seja, antes dos anos 80, quando você agia, vamos dizer, como que por obrigação?
 Boa pergunta. Estava ansioso por respondê-la. Fiquei feliz mesmo com essa pergunta, isso mostra que você está compreendendo meu antigo dilema. A grande diferença entre o legalismo farisaico e a fidelidade cristã é a motivação. A verdadeira motivação é o amor a Deus. Não é apresentar-se sem defeitos a Deus para Lhe pedir alguma benção, para ter boa reputação, ou para ser salvo. Devemos obedecer a Deus porque Ele nos amou primeiro dando o Seu único Filho para morrer em nosso lugar. Obedecê-Lo é correto e agradável a Ele. Portanto, ao contemplarmos o infinito amor de Cristo, O Espírito age em nós e somos constrangidos a amá-Lo. O amor é um dom de Deus, e como o amor se manifesta em ações, o resultado prático desse amor é a fidelidade.


Irmão “Z”, e por falar em “resultado prático” creio que os leitores gostariam muito de um exemplo prático, seria possível?
 Essa é uma experiência dificílima de explicar para quem não a viveu. É como explicar o gosto de cupuaçu para quem nunca o comeu. Lembro-me, com tristeza, de ter criticado alguns irmãos julgando-os legalistas, mas, na verdade, o problema estava com o meu entendimento equivocado do que Deus quer e pode fazer pelo homem quando esse O busca de todo o coração. O exemplo mais próximo que consigo enxergar é o casamento. Você gostaria que sua esposa fosse fiel a você porque ela o ama ou porque a Lei a obriga? Agora, vou um pouco além: se ela sentir-se atraída por outro homem e abrigar esse desejo em seu íntimo, mesmo que nunca cometa qualquer ato ilícito, você a consideraria fiel? Vou um pouco mais além: para ela ser fiel, ela nunca poderia ter sentido qualquer atração por outro homem, mesmo que rejeitasse instantaneamente essa sugestão do mal?

Irmão “Z”, o assunto tomou uma dimensão interessante, continue por favor.
 Veja que o pecado está no íntimo, na vontade, no centro das decisões. Quando se exterioriza já é o fruto do pecado. A esposa que abriga pensamentos impuros sobre outro homem, mesmo que nunca tenha contato com o objeto de seu desejo, é infiel. Enquanto não formos glorificados abrigaremos
uma natureza que conspira contra nós, que procura nos dominar; mas usando as armas corretas – comunhão e a espada (versos da Palavra de Deus decorados), o Espírito Santo nos dará poder para não atender aos apelos de nossa natureza caída. Então, a esposa que se sentiu atraída por outro, mas correu para Cristo em busca de auxílio rejeitando instantaneamente a sugestão do mal, não pecou. Isso é negação do eu, e a glória é do Senhor!

Dessa forma, o irmão...
 Um momento ainda, por gentileza. A mulher não pecou porque em vez de querer lutar na sua própria força (determinação), rendeu-se ao poder do Espírito que lhe deu a vitória. E assim o apelo carnal não foi atendido, mas sim a voz do Espírito. Veja que tentação não é pecado. Carregar uma natureza caída dominada pelo Espírito Santo também não é pecado. Pecado é atendê-la. Pecado é transgredir a Lei, e isso ocorre antes da ação, ou seja, quando escolhemos pecar. Percebe a diferença?
Inútil é querer lutar por nós mesmos. Por autodisciplina ou determinação até podemos deixar de cometer muitos atos errados, mas isso provavelmente só reforçará nosso orgulho. Deus quer nosso coração, nossa submissão, a rendição de nossa vontade, a entrega incondicional do eu, a confiança que Ele nos dá a vitória sobre toda a tentação, pois assim prometeu.

Irmão “Z”, dessa forma o irmão está colocando toda a responsabilidade sobre o Espírito Santo?
 A obra da salvação é uma obra de cooperação entre Deus e o homem. Deus deu ao homem o livre arbítrio. Lembra-se de Apocalipse 3:20? “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. Jesus, através do Espírito Santo, convida, insistentemente, mas não força a porta.
Vou lhe fazer uma confidência: estou engatinhando no aprendizado do Plano da Salvação, parece-me que mal toco a superfície desse conhecimento. Tenho clamado a Deus por entendimento, pois esse assunto é tão profundo e vasto que o estudaremos pela eternidade. O que sei é que compete ao homem abrir a porta, e a partir daí deixar-se guiar pelo Espírito Santo, que nos aplicará a graça de Cristo, escreverá a Sua lei em nosso coração, abrirá mais e mais nossa mente para entender a Palavra, e nos dará poder para fazer as obras de Cristo correspondete à luz comunicada gradualmente. Tudo depende da correta ação da vontade do homem. Leia o quinto capítulo de Caminho a Cristo, principalmente a página 47. Eu não inventei nada, está tudo lá, é só ler... com oração!

Ok, mas na prática, o que significa “abrir a porta”?
 Estou gostando cada vez mais de suas perguntas. Nosso coração tem um único trono, que está ocupado por Jesus ou pelo próprio eu. Jesus, além de não forçar entrada, é cortês, e se você decide sentar no trono, Ele se levanta e volta para a porta, e continua a bater. Que amor! Que paciência! Que misericórdia!

Desculpe-me, irmão “Z”, mas ainda ficou um tanto teórico. Na prática como...
 Concordo. Vou tentar melhorar a resposta. A cada momento tomamos decisões em nossa vida, grandes ou pequenas, importantes ou comuns. Sejam quais forem, elas terão um peso, ou para o bem ou para o mal (essa afirmação é da Revelação). Se eu conheço a vontade de Deus sobre determinado assunto, e ao escolher, exercendo meu inalienável direito de livre arbítrio, decido de forma diferente, ou seja, de acordo com o que quero ou penso, e não de acordo com o que a vontade revelada de Deus, então... sentei-me no trono e expulsei Jesus. Se por outro lado, decido deixar o Espírito me guiar, então dei o trono a Jesus.

Irmão “Z”, com todo respeito, ainda me parece que não há diferença com a fase anterior aos anos 80.
 Veja a diferença. Antigamente eu escolhia obedecer, queria ser fiel mas acreditava que eu deveria ser capaz de permanecer firme na decisão para poder ser abençoado, e mesmo salvo. Agora, eu escolho entregar-me totalmente nas mãos de Deus, ou seja, submeter-me à Sua vontade e confira nEle, que prometeu me dar forças para ser vitorioso. Antes eu tinha dúvidas sobre a vitória, principalmente pelas muitas experiências mal sucedidas. Agora, eu tenho certeza da vitória, porque essa vitória vem de um Deus Onipotente, cujas promessas não falham. Entenda, antigamente o objetivo estava certo (servir a Deus de todo o coração), mas o método para atingi-lo errado (próprias forças), depois dos anos 80, o método passou a ser certo (comunhão), mas o objetivo tornou-se equivocado (comunhão é tudo). A fidelidade foi confundida com legalismo e a comunhão passou a ser um fim em si mesma; não posso generalizar, mas infelizmente foi assim em minha experiência.

Então, na sua opinião, comunhão não é mais necessária hoje, basta escolher pelo certo e pronto?
 Absolutamente. Comunhão é a essência da vida cristã. É através da comunhão diária que recebemos força e poder para cada batalha. Batalha esta não direcionada contra pecados ou defeitos, mas contra o próprio eu, agindo exatamente no centro de nossas decisões. Você já leu que essa é a maior batalha a ser travada pelo homem? Pois é mesmo. A quem escolheremos servir, a carne ou ao
Espírito? A vontade de quem será feita? a minha ou a de Deus? E antes que você me peça, vou dar um exemplo prático. Quando Jesus disse ao jovem rico que lhe faltava uma só coisa, ele não aceitou; escolheu ficar com os seu bens. Eu lia essa história, e dizia, que sujeito mesquinho! Que estúpido! Ele reconheceu que Jesus era o Messias; ele já guardava todos os mandamentos, e mesmo assim trocou a vida eterna pelas riquezas! Agora volto a questão do meu dízimo sonegado...

Bem lembrado, irmão “Z”.
 Orei a Deus, supliquei-Lhe que me enviasse o Espírito Santo a fim de me conceder o arrependimento sincero, confessei o meu pecado, pedi perdão em nome de Jesus, e decidi devolver tudo de uma única vez. Falei ainda em oração, que não tinha a menor ideia de como calcular aquele dízimo, mas de forma alguma queria reter um único centavo do que Lhe era devido. Imaginava que fosse algo entre sete e nove mil reais, mas não tinha qualquer segurança sobre essa cifra. Pedi misericórdia ao Senhor, e que se fosse de Seu agrado que Ele me revelasse o quanto eu Lhe devia, pois dado o tempo e a perda dos registros era-me impossível agora calcular. Pedi ao Senhor, o cumprimento de Suas promessas em minha vida. Cada vez que me lembro desse fato me emociono. Desculpe-me pelas lágrimas. Meu amigo, Deus é real; Ele está interessado em cada um de nós – individualmente. Nem uma lágrima sai de nossos olhos que Ele não perceba, nem um pensamento nosso é desconhecio a Ele. Então, veja a misericórida de Deus em atender um servo mortal que é apenas pó: imediatamente veio a minha mente um número, de forma clara e inequívoca: R$ 19.520,00. E esse valor foi devolvido. Glória a Deus. Ele me concedeu paz, a paz que só Cristo pode dar, quando fazemos a Sua vontade, pela infinita força e poder de Sua graça.

Que linda experiência, irmão “Z”, você teria alguma outra?
Sim, tenho muitas. Mas antes quero dizer-lhe que essa foi a minha experiência com Deus. Não deve ser tomada como regra em nenhum aspecto. Grife isso por favor. Cada um procure por si mesmo, através da comunhão pessoal, entender pela Palavra e pela direção do Espírito aquilo que Deus requer de cada um, pois deveremos comparecer individualmente perante o tribunal de Cristo. Sobre outras experiências, não dá para contar muitas, mas vou contar mais uma pelo menos. Eu era apaixonado por uma...

Desculpe interrompê-lo, mas creio que seria melhor continuar em um próximo bloco para não cansar nossos leitores. Muito obrigado por hoje. E até breve, se Deus quiser. 

Mauro Carnassale

Luís Carlos Fonseca

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