domingo, 22 de maio de 2011

O JOGO AINDA NÃO ACABOU


Corria o ano de 1959. Local: Estádio Rosbool. Aquele fora o ano mais equilibrado da história do futebol americano. Os Estados Unidos parou, o país inteiro queria saber o resultado. Quem seria o grande campeão daquele ano? Melhor ataque contra melhor defesa, tudo muito equilibrado. Quando estes dois times chegaram à grande final, todos os ingressos foram vendidos em questão de horas. No dia da final, milhares de pessoas esperaram por horas antes dos portões abrirem ao redor do estádio. Quando os portões foram abertos, em 30 minutos, todos os lugares foram tomados. Grossas fileiras de policiais separavam as torcidas. Cores diferentes, gritos constantes e cada vez mais altos mostravam paixão daqueles torcedores. Esses gritos podiam ser ouvidos a dez quadras de distância. Pela primeira vez na história os dois times entraram ao mesmo tempo no campo. Fogos de artifício foram lançados ao céu que se coloriu como nunca. Toda aquela nação queria saber: Quem seria o grande campeão daquele ano?


No primeiro lance da partida chutaram a bola e ela caiu nos braços de um jogador: Roy Ringo. Não teve dúvidas. Correu tudo que pôde em uma velocidade e agilidade que impressionaram todos no estádio. E o improvável aconteceu: no primeiro lance do jogo, Roy Ringo conseguiu fazer um Touchdown (o ponto no futebol americano). A torcida foi ao delírio. Ele tirou o capacete, jogou a bola no chão e começou a bater no peito comemorando o feito. Mas qual não foi sua surpresa ao perceber que quem comemorava era a torcida contrária. Seus amigos estavam todos cabisbaixos e então ele entendeu. Na grande final de todos os tempos da história do futebol americano ele fizera um ponto contrário.
A primeira etapa do jogo acabou e todos desceram ao vestiário. Silêncio sepulcral, ninguém falava nada. Todos tristes e sem ânimo. O silêncio só foi quebrado pelo treinador, que disse: “O mesmo time que terminou o primeiro tempo volta para o campo”. Neste momento, Roy Ringo ergue a cabeça e diz: “De jeito nenhum! O senhor não entendeu treinador, eu acabei com meu time, destruí os sonhos de todos nós aqui. Podem-se passar 100 anos e sempre se lembrarão do que fiz. Não tenho coragem de subir, minha carreira acabou aqui!” A história diz que, com o clima tenso e denso, o treinador abaixou-se no nível do jogardor e disse: “Filho, o jogo ainda não acabou, volte para o campo e realize a maior partida da sua vida!” Os jornais da época se encarregaram de contar o final da história. Roy Ringo acreditou no seu treinador, voltou ao campo fez três touchdowns a favor do seu time e eles se consagraram campeões!

Ponto Contrário

Na vida a gente faz alguns pontos contrários. Corremos para o lado errado e nos envergonhamos de nós mesmos. Alguns aqui, hoje, podem estar pensando que tudo acabou, que o casamento não tem jeito, que é um acumulador de fracassos. Talvez alguém olhe para o passado encontre vergonha e não consiga erguer a cabeça para seguir em frente. Mas a resposta do “nosso Treinador” é sempre a mesma: “Filho, volte para o campo. O jogo ainda não terminou. Realize a melhor partida de sua vida!” Ainda há tempo, o jogo ainda não acabou. O “Treinador maior” está olhando nos seus olhos e dizendo: “Eu acredito em você mesmo que ninguém acredite, mesmo que você não acredite. Eu creio.”
Sabe porque Ele crê em você e em mim? Porque Deus não nos trata por aquilo que somos, mas por aquilo que poderemos ser em Suas mãos. Deus não chamou Davi pelo que era, mas por aquilo que seria. Não chamou Saulo por sua inteligência, mas por aquilo que ele poderia ser entregando-se de coração. Não chamou Pedro por causa do seu temperamento, mas a despeito dele. O Salmo 103 diz que “… Deus não nos tratou segundo nossos pecados e nem nos retribuiu conforme nossas iniqüidades…” Ele nos trata como santos embora sejamos pecadores por uma única razão: Ele nos ama! Pense bem: Por que trocar o céu por uma carpintaria? Por que não destruir Adão assim que ele pecou? Por que tirar Ló daquela cidade? Por que procurar Pedro depois que ressuscitou? Por que abrir o mar? Por que se entregar? Porque morrer? Porque sangrar? A resposta é uma só: amor.
Jesus disse em Mateus 24 que no final dos tempos, ou seja, em nossos dias, o amor se esfriaria de quase todos. Mas isto não se aplica ao amor de Deus, porque Deus é amor! Sabe porque o amor jamais acaba? Porque Deus é amor e Deus não acaba. Aliás, o cristianismo é a única religião do mundo que define seu Deus em apenas uma única palavra. Amor. Quando a Bíblia diz que o perfeito amor lança fora o medo está dizendo que Deus lança fora o medo. Biblicamente é fácil perceber que as palavras “Deus” e “amor” são intercambiáveis. Todas as vezes que encontramos a palavra “Deus” na Bíblia podemos trocar por “amor” e veremos que o sentido continua o mesmo.
A Bíblia está cheia de orientações a respeito do amor porque Ela é o Livro do amor. A maior declaração de amor do mundo está ali em João 3:16.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16

Veja a razão:
Porque: a maior resposta
Deus: o maior ser
Amou: o maior sentimento
O mundo: o maior espaço físico
De tal maneira: o maior modo
Que deu: o maior ato
Seu único filho: o maior presente
Para que todo aquele: a maior abrangência
Que nEle crê: a maior confiança
Não pereça: o maior castigo
Mas tenha: a maior posse
A vida eterna: a maior recompensa

Você percebe que o tema central de toda a Bíblia é o amor? Que o verso mais importante de toda a Bíblia é esse que acabamos de ler?A Bíblia nada mais é que a narrativa da história de um “Treinador” olhando para nós dizendo incansavelmente: “o jogo ainda não acabou”. Sabe por que o jogo ainda não acabou na nossa vida, às vezes cheia de pecados, de feridas e amputações? Porque o “Treinador” ama demais. Ele nos amou tanto que nos criou mesmo sabendo que pecaríamos e que por causa do nosso pecado teria que morrer em nosso lugar. Enquanto Jesus formava Adão com o barro, Ele sabia que receberia cuspe no rosto, que seria chicoteado, espancado, humilhado, satirizado, traído. Quando criou este mundo Ele já sabia onde ficaria o Getsêmani. Quando criou as árvores sabia que de uma delas seria feito o madeiro da vergonha e da separação do Pai. Quando criou a vida humana sabia que perderia a dEle. Então a pergunta continua: Por que nos criou? Por que nos fez? A resposta é AMOR. O amor que Ele tem por nós foi maior que o amor que Ele tinha por sua própria existência como Deus. Este amor é incomparável, incondicional e incompreensível. Não o merecemos, mas por Sua o aceitamos.
Pare para pensar se esta não é a história mais absurda que você já ouviu. A história de um Deus se humilhar e morrer por criaturas inferiores a Si. Pode ser absurdo, mas é real. Houve um período na história da humanidade onde, se alguém lhe perguntasse onde está Deus você poderia apontar para a barriga de uma camponesa e dizer: “Deus está ali dentro.” Este é o milagre do amor, vai além de nossa compreensão.
Sabe, eu tenho dois filhos. Não trocaria a vida deles por nenhuma pessoa no mundo, aliás eu não trocaria a vida deles pela vida de todas as pessoas do mundo juntas. Mas Deus fez exatamente isto: entregou o objeto supremo do Seu amor, seu filho, Seu único filho.
Já reparou que o amor extrapola a justiça? Veja bem, não existe nenhuma sociedade no mundo que permita morte substitutiva. Por exemplo: se eu morar num país onde exista pena de morte e cometer um erro tão grande que a sociedade entenda que eu não mereço mais viver não posso me apresentar diante da corte e pedir para minha mãe ou irmão morrer em meu lugar. Em nenhuma sociedade do mundo isso é permitido. E sabe por que não é permitido? Porque não é justo. Se cometi um erro eu tenho que pagar por ele.
O lindo da história é que no céu o amor extrapolou a justiça e o impensável aconteceu. Jesus morreu no meu e no seu lugar. Morte substitutiva, vicária. Morte para Um, salvação para milhões de milhões. Um sacrifício gigante para Cristo? Sim. Mas a maior dor ficou no coração do Pai. Ele é Deus, poderia acabar com a agonia do filho por pensamento. Poderia destruir os demônios e todos os algozes de Jesus. Mas por amor a nós deixou Seu filho sozinho no madeiro. Jesus deveria morrer a morte eterna nos livrando dela para sempre.
Um dia destes tive que viajar e ficar 10 dias fora de casa. Estes, talvez, sejam os dias mais tristes para mim. Separar-me de minha esposa e dos meus filhos é para mim algo necessário, mas muito doloroso. Meu filho mais velho sempre foi muito apegado a mim. E quando tenho que viajar, febres misteriosas acontecem, comportamentos estranhos surgem. Sei o quanto nos amamos e sei como é difícil nos separarmos, então sempre digo à ele: Filho, o pai tem que viajar, vamos ficar milhares de quilômetros distanciados, mas nada pode nos separar, sabe por quê? Porque eu amo você, e vou voltar. Porque onde você está é onde eu quero estar!
Não é exatamente isto que eu e você encontramos na Bíblia? Jesus, em amor, dizendo: “… para que onde eu estiver estejais vós também…” Assim como a distância de uma viagem não pode me separar do meu filho, assim nada pode nos separar do amor do Pai que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” O amor de Deus é realmente o centro de tudo na Bíblia Lembra-se destes versos?
“A palavra de Deus diz: a ninguém nada devais a não ser o amor.”
“Fazei todas as coisas com amor.”
“Jesus diz de um novo mandamento, que nos amemos uns aos outros.”
“O maior mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo.”
“Deus nos amou primeiro.”
“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida nem anjos, nem principados, nem potestades, nem o presente, nem o porvir, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor que está em Cristo Jesus o nosso Senhor.”
Por isso a missão do cristianismo não é transformar pessoas em pessoas que crêem, mas em pessoas que amam. Por quê? Porque Deus é amor!!! Um amor percorre as maiores distâncias, supera as maiores barreiras, multiplica o pouco, vai ao lodo e traz o lírio. Quero lembrar a todos que o céu entregou o que tinha de melhor por nós. Nada, absolutamente nada em todo universo imponderável tinha mais valor que a vida do próprio Criador.
A nossa realidade é o oposto deste amor. Vivemos em egoísmo, mesquinhez moral, segregação de valores universais. Podridão para todos os lados. Não agüentamos mais ouvir notícias de que o pai é suspeito de jogar sua própria filha do quarto andar de um prédio. Que uma filha premeditou a morte dos pais a pauladas junto com o namorado. Ninguém mais quer abrir o jornal e ler a notícia que uma criança fora arrastada por um carro presa ao cinto de segurança até a morte. Não queremos acreditar no último relatório da ONU que diz que a cada segundo uma pessoa, literalmente, morre de fome no mundo.
No Éden fizemos nosso primeiro ponto contrário. Ali envergonhamos nosso Treinador. Corremos para o lado errado e fomos humilhados diante de todo o universo expectante. A diferença é que quem voltou para o campo foi Outro jogador. Jesus voltou para o campo em nosso lugar e venceu por nós. Ele venceu o adversário, foi perfeito em cada jogada. Aceitou nossa vergonha e nos deu o troféu de campeões.
Nem sempre foi assim: No Éden tudo era perfeito, tudo era amor. O primeiro livro da série “Conflito dos Séculos”, Patriarcas e Profetas começa assim: “Deus é amor. Sua natureza, Sua lei, são amor. Assim sempre foi e sempre será… Toda manifestação de poder criador é uma expressão de amor infinito”. O Último livro desta séria, “O Grande Conflito” termina assim: “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza gozo, declaram que Deus é amor.” Assim começou tudo assim terminará. O amor resolveu
No Éden fizemos nosso primeiro ponto contrário. Ali envergonhamos nosso Treinador. Corremos para o lado errado e fomos humilhados diante de todo o universo expectante. A diferença é que quem voltou para o campo foi Outro jogador. Jesus voltou para o campo em nosso lugar e venceu por nós. Ele venceu o adversário, foi perfeito em cada jogada. Aceitou nossa vergonha e nos deu o troféu de campeões.

Pr. Ivan Saraiva

Luís Carlos Fonseca



1 comentário:

  1. O Pr. Ivan Saraiva foi muito feliz ao escrever esta meditação.Quando li, fui grandemente beneficiado.

    ResponderEliminar