Olhando Para a Frente
Filipenses 3:13 e 14
Introdução
Estamos no fim de mais um ano. Um ano de surpreendentes conquistas científicas, industriais, artísticas e sociais. A vida tem se tornado mais fácil, cada dia que passa. Com o simples ato de digitar uma tecla, quase que operamos milagres; comunica-nos com o mundo sem sair de casa. Apesar disso, e das múltiplas facilidades da vida moderna, chegamos ao fim de mais um ano no qual também foi verificado um aumento da violência, da libertinagem, da derrocada de valores. Conflitos políticos, sociais e familiares continuam em ascendência.
E parece não haver indicações de que as coisas vão melhorar – “mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (II Tim. 3:13). No verso cinco, o apóstolo afirma que também no campo espiritual a situação não seria absolutamente segura, pois os homens demonstrariam apenas “aparência de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”.
E quanto a nós? O que realizamos? Como vivemos o ano passado? De que forma ele nos afetou? Que classe de vida vivemos? Fomos bons pais, bons filhos, bons esposos? Exercemos bem a nossa cidadania?
A esta altura, não importa muito o que fizemos ou deixamos de fazer; como agimos ou deixamos de agir. Agora, o que conta é a disposição de olhar para a frente. Diante de nós, abre-se um novo tempo de oportunidades. Não importa quão restritas elas foram no ano passado. Agora, vislumbramos os raios de um novo amanhecer. Um novo dia para recomeçar, esquecendo o passado.
Como disse Paulo. “esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Fil. 3:13.
I. A importância de olhar adiante
De igual forma, devemos aproveitar a oportunidade que o Senhor nos oferece, nesta ocasião, para tomar novas resoluções que possam nos conduzir a um feliz final no próximo ano. Certamente, há montanhas íngremes e espinhos, na estrada que agora começamos trilhar. Talvez nos causem desalento e nos convidem ao desânimo. No entanto, temos a promessa de Jesus, no sentido de que Ele estará conosco “todos os dias até a consumação dos séculos”. Além e acima dos obstáculos, brilha com esplendor a realização de nossos objetivos; a herança eterna para aqueles que não se desanimam, mas que perseguem o alvo valorosamente e com fé.
Jesus disse: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de Deus.” (Luc. 9:62). Aqui está implícita a lição de que é importante continuarmos firmes nas decisões tomadas. Venha o que vier, permaneçamos fiéis a Ele como a bússola o é ao polo.
A transição de um ano para outro traz muitas expectativas quanto ao ano que chega. Novos planos, novas tarefas, novos desafios e problemas terão que ser enfrentados. Estamos ansiosos pelo que nos reserva o próximo ano. Isso é bom. Os que mantêm seus olhos fixos adiante não se distraem com coisas sem importância, não traçam linhas distorcidas, não se desanimam pelos fracassos do passado.
Cristo realçou a importância de olhar para a frente. Certa ocasião, descrevendo os acontecimentos que teriam lugar antes da segunda vinda, advertiu Seus ouvintes com as palavras encontradas no Evangelho de Lucas 17:32: “Lembrai-vos da mulher de Ló.” A razão para esse conselho é clara. Deus enviara anjos para que tirassem Ló e sua família da cidade de Sodoma, a fim de que não sofressem o castigo a ela destinado. Durante toda a noite, os anjos lutaram para cumprir sua árdua tarefa. Foi somente pela manhã que conseguiram levá-los para fora da cidade, dizendo-lhes que não olhassem para trás, nem parassem pelo caminho. Os anjos os tiraram do círculo de morte que envolvia a impenitente cidade e os encaminharam ao lugar designado, onde estariam livres da iminente destruição.
Na verdade, ao enviados de Deus fizeram tudo o que esteve ao seu alcance para salvar a vida daquelas pessoas, mas não podiam mudar-lhes o coração. Durante a fuga, a mulher de Ló voltou seu olhar para a cidade e se tornou uma estátua de sal. Ela bem poderia chegar em paz e salva, ao lugar indicado pelos anjos, mas perdeu de vista o alvo. Esse alvo não lhe apareceu tão atraente quanto os tesouros que deixaria em Sodoma. Manifestou maior interesse nas coisas materiais, em lugar das espirituais; amou mais acentuadamente seu lar terrestre que o celestial. Havia-se contentado com uma experiência superficial nas coisas de Deus. E, naquele momento, apesar da ordem expressa, desobedeceu. E pereceu. Apenas Ló e suas filhas não perderam de vista o alvo da salvação.
Precisamos seguir adiante, sem retrocessos, na decisão de chegar ao alvo da salvação. Não é suficiente tomar decisões. Muitas pessoas estabelecem novos propósitos todos os anos, somente para vê-los desfeitos tempos depois. Necessitamos tomar decisões duradouras, permanentes, porque nosso destino eterno depende delas. Nossa salvação está agora mais perto do que quando iniciamos a carreira cristã. Não podemos vacilar.
O nome do mês de janeiro deriva-se de Jano, antigo personagem da mitologia romana, que tinha duas faces e olhava, ao mesmo tempo, em direções opostas. Se isso tem alguma importância na mitologia, é fatal no terreno espiritual. Para agradar a Deus, precisamos ter apenas uma face, cujos olhos estejam fixos numa só direção, focalizados em Jesus “o autor e consumador da fé”. Pessoas de dupla face geralmente servem a dois senhores, e isso é espiritualmente prejudicial.
Segundo Mateus 6:33, Cristo a firmou: “Buscai, pois em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas.” Verdadeiramente, temos enfrentado muitas crises. O porvir imediato parece oculto em densas nuvens; o espectro da destruição projeta sua sombra sobre o brilho das conquistas tecnológicas. A decomposição da sociedade apresenta um quadro alarmante e, ao mesmo tempo, um grade desafio a todos nós, neste novo ano. Por isso, nosso alvo deve estar centralizado em coisas estáveis e nobres. Devemos apossar-nos da promessa de Jesus, no sentido de que, buscando primeiramente o reino de Deus e Sua Justiça, todas as coisas materiais de que necessitamos nos serão acrescentadas.
O desafio consiste exatamente nisto; em que sendo tão forte o clamor pelo material, em detrimento do espiritual, a satisfação de tantos anelos profundamente acariciados acabe nos induzindo a perder de vista o alvo supremo, e retrocedamos como a mulher de Ló, perdendo tudo, finalmente, ao invés de viver uma vida honesta, honrada, descente e feliz.
II. Vitória em Cristo
É portanto de fundamental importância, que nossas metas para o ano novo estejam fixadas bem firmemente, e que com determinação, prossigamos para o alvo. Nossas decisões devem estar fundamentadas em princípios nobres e firmes, como o cedro; decisões que não se desvaneçam.
O Senhor Jesus previu dificuldades, mas também nos prometeu que estaria ao nosso lado, fortalecendo o ânimo, contrabalanceando perdas com ganhos, dosando a prova e levando-nos à vitória final. Junto com a predição de que a iniquidade aumentaria e o amor de muitos iria esfriar, garantiu-nos poder, valor e coragem para podermos estar firmes no dia da tentação de retroceder.
Nada deve atemorizar-nos, porque a vitória está assegurada a cada um que, havendo tomado sua decisão de ser fiel, prossiga sem olhar para trás. Então podemos dizer com o poeta Cláudio Gutierrez Marin, em sua poesia intitulada “Ano Novo”.
Um ano mais, não olhes com tristeza
A parte da jornada percorrida;
Olha antes a natureza
E vê como ressurge a nova vida.
Não permaneças pensativo, inerte,
Vendo outra senda ante teus pés aberta;
Lança-te a ela valoroso e forte,
Confia em Deus, decide-te, desperta.
E ao mesmo tempo, vê se tua consciência
É sempre de teus atos firmes chave
Ou necessitas evoluir.
Sejas como o pescador, que por prudência
Repassa os instrumentos de sua nave
Antes de aventurar-se ao mar.
É tempo de tomar decisões. Algumas podem ser muito difíceis, mas é necessário fazê-lo. Entre as decisões que precisamos tomar, não devemos esquecer de colocar como prioridade em nosso agitado programa diário, um lugar para estarmos com Jesus, em comunhão íntima, deixando que Ele ocupe o lugar que é só dEle, o mais importante em nossa vida. Não é possível prosseguir, muito menos sobreviver às intempéries da vida, a menos que nos entreguemos completa e abnegadamente a Cristo.
Lembremo-nos de que, somente são grandes aqueles que, apesar dos pesares e tristezas da vida, prosseguem a caminhada sem olhar para trás.
Envidemos o melhor de nossos esforços para tornar possíveis as realizações mais acariciadas em nossos sonhos; sim, para que vejamos concretizadas nossas mais belas esperanças. Sobretudo, confiemos a Deus nossos ideais e projetos. E avancemos, olhando para frente, submissos à Sua sábia direção.
Pr. Zinaldo A. Santos- Sermões para ocasiões especiais - pág. 28 a 32 – Oferecido por Depto de Comunicações da UCB.
Luís Carlos Fonseca.
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