O SIGNIFICADO
DE PERFEIÇÃO – É POSSÍVEL SER PERFEITO?
Este tema é um pouco polêmico:
“Portanto,
sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. Mateus 5:48
Deus nunca
propõe a Seus filhos padrão baixo. O versículo acima, entretanto, não quer
dizer ser perfeito em sabedoria, como Deus o é, pois somos finitos. Não quer
dizer perfeito em poder como Ele o é, porquanto Sua esfera é infinitamente mais
alta que a nossa. Quer, porém, dizer que devemos amá-Lo perfeitamente, de todo
o coração, entendimento, alma e forças. Isto é o que Deus deseja, pois Seus
olhos “passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo
coração é totalmente dele”. Em algumas traduções encontramos: “cujo coração é
perfeito para com Ele”. II Crôn. 16:9.
A palavra
grega que aparece em Mateus 5:48 é teleios, literalmente significando, maduro,
completo, que atingiu o alvo. Em I Cor. 14:20 Paulo emprega teleioi denotando
física e intelectualmente homens amadurecidos.
O sentido de
perfeito em Mateus 5:48 é que Deus exige de nós perfeição em nossa esfera como
Deus o é na Sua. Deus deseja de nós o serviço mais perfeito que nos é possível
prestar a Ele.
Joseph Angus
em História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág, 145, comentando a palavra
“perfeição” assim se expressou:
“A perfeição
se acha definida em várias partes da Bíblia. O termo emprega-se em muitos
lugares do Velho Testamento como sinônimo de retidão ou de sinceridade. (Sal.
37:37 em hebraico).
Em o Novo
Testamento, significa ou a posse de um claro e exato conhecimento da verdade
divina, ou a posse de todas as graças do caráter cristão num grau maior ou
menor. A primeira destas significações vê-se em Heb. 5:14, onde se diz que o
“mantimento sólido é para os perfeitos, os quais já pelo costume têm os
sentidos exercitados para discernir o bem e o mal”; e também se pode ver em I
Cor. 2: 6 e em Fil. 3:15. A segunda definição vem em Tiago 1:4, onde “perfeito”
significa o mesmo que “completo” na maneira de viver. Na Segunda Epístola de
Pedro 1:5 se enumeram os dons que formam o cristão perfeito”.
A seção
Consultoria Doutrinária da Revista Adventista, agosto de 1975, pág. 25, à
consulta: Pode o cristão ser perfeito?, apresentou a seguinte resposta:
“Se por
‘perfeição’ o consulente quer dizer ausência de pecado, então a resposta é de
que jamais na Terra alguém alcançará a perfeição. A não ser um presunçoso ou
paranóico, ninguém, em sã consciência poderá afirmar estar sem pecado. Só
Cristo pôde dizê-lo.
“Entretanto,
os cristãos reais, os nascidos de novo, podem falar em serem perfeitos, desde
que estão justificados pela fé. É que a perfeição de Cristo lhes é atribuída.
Assim como Jesus foi considerado pecador da pior espécie quando na verdade era
inocente, assim a pessoa que confia unicamente em cristo para salvar-se é
considerada inocente, quando na verdade é culpada. Na epístola aos Romanos,
Paulo, repetidamente, diz que os que confiam em Cristo para a salvação são
considerados por Deus como perfeitos. Toda esta questão deve ser considerada
como uma transação legal realizada por Deus. Na realidade Jesus não era
culpado, e nós não somos inocentes. Isto, em termos teológicos denomina-se
“justificação pela fé”. Tudo é iniciativa divina, e a parte do homem consiste
apenas em atender ao chamado de Deus, lançando-se nos braços de Cristo. E a
justificação se opera, não porque o pecador se sinta justo, mas sim porque Deus
o declara justo. Neste relacionamento com Cristo devemos permanecer e crescer.
E quando isto ocorre, devemos, sem dúvida melhorar nossa vida, nossos hábitos,
nosso relacionamento com Deus e com o próximo. E assim recebemos a justiça
comunicada de Cristo, que nos habilita a vencer as tentações, bem como a
obedecer aos reclamos divinos. Não adianta dizer que confiamos numa pessoa, se
não aceitamos seus conselhos.
“É verdade
que, mesmo justificados, nosso comportamento nunca se tornará impecaminoso.
Encontramos pessoas que parecem boas e nobres mas não pretendem firmar santidade.
Em suma, somos perfeitos, no conceito teológico, porque a justiça perfeita de
Cristo nos foi atribuída.
“Devido ao
nefasto legalismo que lamentavelmente impera ainda em mais de 70% de nossos
membros, a verdade maravilhosa e confortadora da justificação pela fé fica
obscurecida, e vemos, não raro, pessoas graves, mal-humoradas, que têm
conflitos íntimos e julgam que não serão salvas, mortificadas com algum pecado
cometido, julgando-se abandonadas por Deus. Falta-lhes o sorriso que reflete o
gozo do Espírito Santo, produzido pela paz de quem é justificado. Rom. 5:1.
Tornando-se pessoas críticas, malcontentes com tudo; exigentes demais com os
outros, maldizentes, acusadoras, etc.”
Autor. Pedro
Apolinário extraído da Apostila “Leia e Compreenda Melhor a Bíblia.”
Luís Carlos
Fonseca
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