Gosto de
observar pessoas equilibradas. Pessoas que
têm profundidade e se distinguem por sua fidelidade, produzindo espírito de
união e harmonia por onde passam. Desse modo, refletem o carácter de Cristo.
Afinal, o amor e a unidade são as maiores demonstrações do cristianismo
verdadeiro e concretizam o sonho de Deus para Sua igreja (Mt 25 e Jo 17)
Gosto de olhar para Calebe, que, em um momento
de divisão, pessimismo, falta de fé e crítica, ficou ao lado de seu líder e da
vontade expressa de Deus. Sobre ele, Deus diz: “Porém o Meu servo Calebe, visto
que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-Me, Eu o farei entrar na
terra que espiou, e a sua descendência a possuirá” (Nm 14:24). Quando a maioria
tinha espírito de agitação, ele demonstrou espírito de paz, equilíbrio e
confiança na liderança de Deus sobre Seu povo. Ele teve “outro espírito”.
O resultado
desse espírito diferente deu às famílias de Calebe e Josué o privilégio de
herdar a terra prometida. Observe que em Números 13 está a lista dos doze
príncipes que foram espiar a terra. Destes, dez não são lembrados. Foram
esquecidos pela história. Não há lugar para os críticos, pessimistas,
independentes e agitadores nos registros do povo de Deus. Por outro lado, Josué
se tornou líder do povo e Calebe, um conquistador vitorioso e destemido. Deus
está ao lado dos que têm “outro espírito”.
Hoje, a igreja precisa de pessoas dotadas do
espírito de Calebe. Pessoas equilibradas, que são fiéis à verdade, pessoas que
unem, agregam e geram harmonia. Que expressam suas opiniões, sempre pensando no
bem coletivo. Que atuam pensando no crescimento do corpo de Cristo e não em
seus interesses ou visão pessoal. Precisamos de membros, líderes, pastores e
missionários voluntários que defendam a verdade com amor. Que preguem a
Palavra, que estejam mais preocupados em salvar do que polemizar ou discutir.
Pessoas que tenham “outro espírito”, que não se misturem com agitação, crítica
nem divisão, mas que avancem com equilíbrio, lealdade, fidelidade e
consagração.
Este é o momento da história em que mais
precisamos de unidade e equilíbrio dentro de nossas fileiras, pois a chuva
serôdia só será derramada sobre uma igreja assim: não dividida em movimentos
aqui, críticos ali, independentes acolá. Para a conclusão da obra, Deus não
está chamando críticos nem independentes, mas colaboradores e membros de um
mesmo corpo. Gente que tem “outro espírito”.
Já observou que um dos nomes mais comuns e
fortes dados ao Espírito Santo é Consolador (Jo 14:16)? Ele é Aquele que une,
acalma, demonstra amor, anda a segunda milha e conforta. Já Satanás é chamado,
entre outros nomes, de acusador (Ap 12:10). Aliás, essa é uma das suas
principais funções; por isso, esse nome o retrata muito bem. Nossas atitudes
sempre demonstram qual desses poderes controla nossa vida.
Algumas pessoas confundem as coisas, agem como
acusadores e dizem ser usadas pelo Consolador. Gente que usa diferentes
recursos, reais ou virtuais. Esses aparecem em nossas igrejas, muitas vezes
acusando pessoas; outras querendo levar os membros a um reavivamento, dizendo
resgatar uma mensagem histórica ou acusando a igreja de estar em apostasia.
Normalmente, a fórmula é a mesma: aparência de piedade, crítica à igreja, sua
liderança e sua mensagem; discurso unilateral, falando de um ou dois pontos
doutrinários de forma insistente ou semeando dúvida na mente dos ouvintes.
Essas situações não são novas. Já existiram na
vida da igreja cristã primitiva e também na jornada da igreja remanescente.
Qual foi o resultado? Crises, agitação, divisão, dor e apostasia. Isso vem do
Consolador? Reflete o espírito de Calebe? O fato é que esses movimentos ficaram
pelo caminho, seus lideres desapareceram e abandonaram seus seguidores. Muitos
deles nunca mais conseguiram se refazer espiritualmente. A igreja de Deus,
porém, segue avançando firme. “Frágil e defeituosa”, mas mantida pelo Senhor.
Ele mesmo nos preparou para isso, quando disse: “Velhas controvérsias serão
reavivadas, e novas teorias surgirão continuamente” (Ellen G. White, Mensagens
Escolhidas, v. 2, p. 109). “Falsas teorias, revestidas de trajes de luz, serão
apresentadas ao povo de Deus. Assim Satanás procurará enganar, se possível, até
os escolhidos” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 271).
A igreja necessita do envolvimento de todos,
de forma consagrada e equilibrada, para vencer os grandes desafios que temos no
cumprimento da missão. O evangelho do reino precisa ser pregado para que Cristo
volte (Mt 24:14) e precisamos de unidade para isso. Não de ações ou movimentos
independentes, dissidentes e críticos. “Deus tem na Terra uma igreja que é Seu
povo escolhido, que guarda os Seus mandamentos. Ele está guiando, não
ramificações transviadas, não um aqui e outro ali, mas um povo” (Ellen G.
White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 61).
O que fazer diante de pessoas ou movimentos
assim? Ter “outro espírito”, à semelhança de Calebe, e permanecer fiel, não
importando a pressão nem a sedução. Não abrir espaço nem gastar tempo com essas
questões. Elas consomem o tempo e esgotam as energias da igreja.
Vamos nos
aprofundar na verdade. Por outro lado, precisamos orar pelas pessoas que
acabaram sendo envolvidas nesses movimentos. Sua atitude indica que elas
precisam urgentemente da presença de Deus, por mais que pareçam piedosas. Na
verdade, “a razão de todas as divisões, discórdias e diferenças encontra-se na
separação de Cristo” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 259).
Por Pr.Erton Köhler
Luís Carlos
Fonseca
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