terça-feira, 29 de março de 2011

PREGAR AOS ESPÍRITOS EM PRISÃO


Em I Pedro 3:19 e 20 encontramos este estranho texto:

No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas almas se salvaram pela água.”

Três grupos religiosos disputam este texto a fim de abordar seus pontos de vista doutrinários:

a) O grupo Espírita para aceitar a existência de espíritos desencarnados. Eles acreditam na encarnação; e dizem que em cada geração, encarnam-se em outra pessoa e animais, e assim nunca morrem.

b) O grupo Evangélico/Protestante em geral, para defender a imortalidade inerente da alma.


c) O grupo Católico Romano pega neste texto para advogar a sua doutrina do purgatório.


Muitos assim entendem que Jesus, no período da sua morte até Sua ressurreição, pregou o evangelho aos supostos espíritos desencarnados dos mortos antidiluvianos.

Este texto deve ser analisado à luz de outros textos da Bíblia para descobrirmos a verdade sobre este assunto.

Há alguns pontos a serem analisados:


1) A oportunidade da salvação finda quando a pessoa falece. Vamos à alguns textos:



E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo.” Hebreu 9:27


No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.” Efé. 6:10. Somente os vivos podem fortalecer.

Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” Eclesiastes 9:10.


2) Na morte, os mortos estão com a mente apagada, logo não podem receber o evangelho.


Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” Salmo 146:4

Porque não te louvará a sepultura, nem a morte te glorificará; nem esperarão em tua verdade os que descem à cova.” Isaías 38:18


3) Jesus não é parcial, concedendo a segunda oportunidade aos antidiluvianos e às outras gerações só uma oportunidade.


Quem rejeita o evangelho não pode alcançar a salvação. Os que viveram antes do dilúvio rejeitaram, logo, ficaram perdidos. Se Deus deu a segunda chance para os da época de Noé, até Lúcifer poderá reivindicar o direito de ser salvo, e todos os outros também.


4) O próprio Pedro disse que os antidiluvianos tiveram 120 anos de oportunidade:


E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios.” II Pedro 2:5

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” Gen. 6:3

5) Pedro não disse que eram espíritos desencarnados imortais, e sim espíritos:

Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: O Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecará um só homem, e indignar-te-ás tu contra toda esta congregação?” Núm. 16.2 

A universal assembleia e igreja dos primogénitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados.” Heb. 12:23.


A palavra espírito é usada para designar as pessoas que estão vivas como vimos nestes textos. Mas, aqueles que acreditam que as pessoas ao morrerem, passam para uma outra esfera, como: o céu, o purgatório, o inferno ou a reencarnação, citam o texto em estudo para dizerem que os antidiluvianos eram espíritos vivos.

Em que prisão estavam as pessoas que viveram na época de Noé?

Na prisão da sexualidade pervertida, do apetite desvirtuado, da corrupção e da maldade.

Em Gen. 6:5-7 encontramos: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.”

Fica fácil de compreendermos quando aceitamos as palavras “no qual” referindo-se ao Espírito Santo, e foi pelo Espírito Santo que Cristo pregou aos “espíritos em prisão” que no versículo 20 são definidos como pessoas que noutro tempo foram desobedientes. Esse noutro tempo é claramente identificado como o tempo em que a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé.

Nos dias de hoje devemos cuidar para não ficarmos presos nos laços do pecado.

Em Prov. 5.22 encontramos: “Quanto ao ímpio, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido.”
 
O pecado é o laço com que Satanás quer prender os filhos de Deus. Que Deus use de Suas infinitas misericórdias para nos libertar dos laços do pecado e podermos viver de forma livre.


Luís Carlos Fonseca



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