“Negue-se a si mesmo”
Mateus
16:21-25
Introdução
1.
Como seres humanos, todos diferimos em muitas coisas: temperamento,
interesses, preferências, perspectivas em relação à vida, personalidade...
a)
Porém, em meio a essa variedade, existe algo comum a todos nós: o selo pela preservação do eu.
b)
Independentemente de nossas
origens, herança genética, faixa etária, religião
professada, essa é a marca universal
que alguns até chamam de “o lado escuro
da humanidade”: a febre do Eu primeiro.
2.
Essa filosofia de vida traz embutida a crença de que a
detenção de poder, posse de fama ou dinheiro são instrumentos
que medem o sucesso de alguém. E o nosso
mundo a celebra com entusiasmo. Ela está presente no mundo fashion,
esportivo, político, no mundo dos negócios,
nas decisões tomadas pelos poderosos, nem sempre fundamentadas em
valores dignos ou no verdadeiro senso de justiça. Também se encontra nas perguntas que fazemos, quando somos
confrontados com requerimentos para fazer algum trabalho ou viver certos modelos de conduta: “O que vou ganhar com isso?” “Que lucrarei?” “Como serei
visto?”
3.
A
mensagem é clara: não abra mão de ser o primeiro. Defenda seus interesses, sem restrições. Assim, a
nutrição do egoísmo não é apenas tolerada,
mas ativamente promovida e encorajada.
I.
Noção perdida
1.
No vendaval de mudanças e transformações
experimentadas pela sociedade, uma palavra
parece ter sido atingida em cheio: serviço. Numa época em que as pessoas
pensam mais em si mesmas, essa palavra tem
virtualmente desaparecido do vocabulário de muitos.
a)
Por isso, aplaudimos como raridade impensável pequenos gestos
e iniciativas de beneficiar alguém.
O gesto de uma pessoa fazer chegar
ao seu verdadeiro dono um objeto
encontrado na estação do metrô ou no banheiro de algum aeroporto é recebido com extrema surpresa!...
b)
Temos sido ensinados insistentemente que a vida se resume nisto: mais e melhor
para mim. Que importa o resto?
c)
Precisamos despertar para o potencial destrutivo da mentalidade “eu
primeiro”. Necessitamos compreender que não podem ser esquecidas as coisas que tornam a vida
realmente importante: valores, fraternidade,
unidade, disposição em servir, solidariedade, doação, entrega.
II.
A lógica divina
1.
Não nos surpreende que Jesus tenha gastado tempo e esforço para ensinar aos discípulos um novo caminho de vida.
Ele tentou reverter na mente deles a linguagem comumente
usada: “Em vez de ‘meu’, ‘nosso’; ‘dar’
antes de ‘receber’; ‘servir’ em
substituição do ‘ser servido’ ”.
a)
Mas os discípulos nem sempre demonstravam compreender. Para eles, com suas
perspectivas e expectativas nacionalistas, nada disso
parecia lógico.
2.
No texto de Mateus, Cristo acabara de lhes falar que deveria
sofrer e morrer. Pedro, no entanto, O
repreendeu, dizendo-Lhe que isso
jamais aconteceria. Em sua mente, tal curso de ação representava desperdício de sabedoria, vida e
autoridade. Depois de tudo, para onde iriam as expectativas (interesses) deles? O sonho da destituição do sistema governamental vigente
e estabelecimento de um reino em que eles ocupassem os primeiros lugares? Não, isso não tinha que terminar
em pó, na sepultura.
a)
A reação de Cristo surpreendeu Pedro. O Mestre reconheceu o inimigo manipulando o pensamento e as palavras do Seu inconstante discípulo. Durante todo o tempo, Ele tentara ensinar que a atitude do “eu primeiro”
não era o melhor estilo de vida.
b)
Noutra ocasião, chegou a esclarecer a diferença entre o modo de ser dos líderes mundanos e o verdadeiro sentido do
Seu reino - Mat. 20:25-28.
3.
Toda a Sua vida
foi uma demonstração de amor, altruísmo e serviço.
Sua morte seria o último exemplo de amor e doação a outros.
a)
Mas Pedro e os demais, assim como nós, tinham o foco
direcionado para o “eu primeiro”. Todos
estavam enfeitiçados pelo sistema de valores, poder, promoção e privilégios
do mundo.
III.
Morte do Eu
1.
A atitude de Pedro demonstra a obstinação e nocividade da mentalidade “eu primeiro”. Não é algo como uma virose passageira, um desajuste psicológico, ou simples
traço de herança genética. Por isso mesmo, não pode ser erradicada com antibióticos nem seções de psicanálise.
a)
Esse é um mal profundamente arraigado no coração e, a menos que seja tomada medida radical, ele drenará a plenitude de
nossa vida e nos custará a eternidade.
b)
A única medida radical que funciona nesse caso é
a morte. Morte do eu. A mentalidade “eu primeiro” deve ser crucificada. Pois, “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue...”
2.
Nesse ponto, nos deparamos com um paradoxo
magnífico: essa morte, essa renúncia de nós mesmos, finalmente nos leva a experimentar justamente o que mais desejamos e procuramos pelo atalho
movediço do “eu primeiro”: profunda, plena
e absoluta realização pessoal. Afinal, “quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por Minha
causa, achá-la-á”.
Conclusão
1. Se temos seguido o modelo humano de sempre buscar a satisfação do eu, passemos a
permitir que Deus reverta nossos interesses.
a)
Certamente,
nossa vida terá outro significado, nossos frutos serão outros e estaremos mais identificados com o caráter do Salvador.
Pr.
Zinaldo Santos - Revista
do Ancião - Oferecido por Dept de Comunicações da UCB
Luís Carlos Fonseca
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