segunda-feira, 9 de junho de 2014

Como Manter os Filhos na Igreja?

Como Manter os Filhos na Igreja?

Vamos procurar dar respostas à esta inquietação de muitos pais sinceros. Antes de analisarmos o assunto proposto quero mostrar apenas seis pontos que afastam os filhos da igreja:

1) Diante das menores dificuldades tais como; indisposição, chuva, frio, cansaço, não vá aos cultos. Com isso seu filho vai crescer com a ideia de que frequentar as reuniões não é assim tão necessário.

2) Quando estiver a mesa ou em reuniões de família, faça comentários ou críticas ao ensino do pastor ou líderes. Com isso seu filho crescerá não tendo respeito por eles, nem dando créditos aos ensinos bíblicos.

3) Cuide para que seu filho cresça num lar que não seja diferente de qualquer lar mundano. Deixe ele dormir a hora que desejar, comer o que quiser, sair e voltar com quem pretender, ver o que desejar. Elimine a disciplina.


4) Gaste diante da TV e Internet todo seu tempo que passa em casa, ao invés de separar parte dele para a leitura da Bíblia e oração. Basta apenas orar na hora das refeições. Com certeza seu filho aprenderá que, orar e estudar a Palavra de Deus não tem nenhum valor para você.

5) Comente, a vontade, a vida dos outros membros da igreja, e quando encontrá-los na igreja, apresse-se a cumprimentá-los com um largo sorriso. Com isso seu filho terá a impressão de que a vida cristã é pura hipocrisia e não desejará seguir o mesmo caminho.

6) Esteja sempre indisponível para colaborar com as atividades da igreja. Nunca aceite cargos e nunca faça qualquer trabalho missionário. Assim você vai mostrar para o seu filho que não tem nenhum compromisso com Deus e com a igreja.

Como Manter os Filhos na Igreja? Esta é uma tarefa que só Deus pode fazer, pois trata-se de assunto espiritual, mas; especialmente os pais, podem e devem colaborar com Deus. Desde o início da história humana, a família tem sido a base principal da sociedade. Os costumes, os comportamentos e até mesmo os cenários se modificam com o passar dos séculos. Mas o papel da família continua sendo essencial. É desse pequeno núcleo que vem a formação de caráter de uma pessoa e até mesmo de sua personalidade. E, nesse contexto, é preciso destacar a importância da educação religiosa no seio das famílias, especialmente, nos lares cristãos.

O assunto adquire grande destaque. Até porque, biblicamente falando, existe uma responsabilidade dada aos pais sobre a continuidade dos valores cristãos dentro de casa, conforme o texto em Provérbios: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” Prov. 22:6. A missão de educar um filho segundo os princípios cristãos e fazê-lo permanecer na fé, depois de adulto, continua valendo, embora essa tarefa seja cada dia mais complexa. Influências diversas dos meios de comunicação, das escolas, da Internet, jogos eletrônicos, etc., podem provocar desvios de comportamento, gerando mudanças de interesse e de atitudes. Nesse sentido, é fundamental descobrir a resposta para uma questão: qual o método mais eficaz para criar e manter os filhos dentro da igreja?

A Infância - Não há uma regra única e infalível para responder a pergunta acima; mas psicólogos, educadores, pais e pastores concordam em, pelo menos, um ponto: tudo começa na infância. Veja o que a psicóloga Elizabeth Pimentel, autora do livro “O poder da palavra dos pais” menciona: “Até os 7 anos, a criança está em formação da sua personalidade. A criança pequena é como uma esponja, pois absorve tudo o que lhe é ensinado. O que aprende nessa fase, vai levar para o resto da vida. Quanto mais cedo conviver com a ideia de Deus, certamente isso será apreendido de forma mais profunda”

Veja o que menciona Ellen White: “As lições que a criança aprende durante os primeiros sete anos de vida têm mais que ver com a formação do seu caráter que tudo que ela aprenda em anos posteriores.” Manuscrito 2, 1903. Orientação da Criança, 119

“É em grande medida nos primeiros anos que o caráter é formado.” Temperança Cristã, 45

Os filhos que, em tenra idade, receberam uma influência errônea do lar levarão consigo hábitos errôneos por toda a sua vida. O rei Saul representa um triste exemplo do poder dos maus hábitos adquiridos durante a primeira parte de sua vida, não havia aprendido a submeter-se a Deus, e quando ocupou a posição de rei, não tinha as faculdades mentais desbloqueadas para seguir o caminho do Senhor. Por outro lado, “uma criança pode receber instrução religiosa saudável, mas se os pais, os professores ou os tutores permitem que seu caráter se torça devido a um mau hábito, esse hábito, se não é vencido, se converterá num poder predominante, e a criança está perdida.” Testemunhos para a Igreja, vol. 5, 50

Alguns pais, de forma equivocada, pensam que seus filhos são muito pequenos para corrigi-los e definir hábitos retos, mas quanto antes melhor. Este foi o erro de Eli, de não administrar sua casa desde cedo. Ele foi indulgente com seus filhos e com frequência passou por alto as faltas e pecados em sua meninice, pensando que ao crescer melhorariam seu comportamento, mas equivocou-se. Suas tendências malignas foram fortalecidas e depois já era muito tarde. Uma declaração impressionante desta situação está em Patriarcas e Profetas, 625, 626: “São muito novos para serem castigados. Esperemos que fiquem mais velhos, e possamos entender-nos com eles. Assim os maus hábitos são deixados a se fortalecerem até que se tornam uma segunda natureza. Os filhos crescem sem sujeição, com traços de caráter que são para eles uma maldição por toda a vida, e que podem reproduzir-se em outros.”

Por exemplo, os primeiros hábitos que devem se formar na primeira infância têm a ver com os assuntos espirituais, higiênico-culturais, alimentares e de mesa. E geralmente é nessa etapa que mais facilmente se aprende a comer coisas que não são úteis, como sorvetes, batatas fritas, refrigerantes e outras porcarias, em vez de comer alimentos saudáveis. Por isso a importância de impressionar suas mentes educando-os exatamente no contrário ao mal. Isso não ocorre por acaso. Requer esforço, perseverança e paciência por parte dos pais e educadores.

Veja estes textos: “Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser adquirido então o domínio próprio. Exercem-se, no círculo de família, ao redor da mesa, influências cujos resultados são duradouros como a eternidade. Acima de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos decidem se a pessoa será vitoriosa ou vencida na batalha da vida.” O Desejado de Todas as Nações, p. 75.

“Os hábitos de sobriedade, domínio próprio, economia, minuciosa atenção, conversa sadia e sensata, paciência e verdadeira cortesia não se formam sem vigilância diligente e contínua sobre o eu.” Orientação da Criança, 200.

Eu nasci em lar cristão adventista e minha esposa também. Temos dois filhos; Igor Raniel com 26 anos e Iuri Gabriel com 23. Eles também são fruto de lar cristão adventista. Lembro-me muito bem quando os nossos filhos eram crianças. Procuramos ensiná-los nos caminhos do Senhor, desde cedo. Em um primeiro momento, a gente sempre os levava, incentivava e acompanhava à igreja. Especialmente aos sábados, nós criávamos incentivos, sempre mostrando a eles o prazer de ir à casa do Senhor. É claro que esse processo não aconteceu automaticamente. Uma das estratégias para conseguir manter a família unida numa mesma fé foi a confiança estabelecida com os filhos. Nossa relação com os meninos é de confiança. E isso é coisa que se conquista. Você vai acompanhando, educando, participando, ouvindo e deixando com eles a tomada de decisões em relação as questões da vida. A imposição não foi usada, mas, sim, o aconselhamento e a conversa.

O diálogo e amizade com os filhos são fundamental - A experiência de educação que tivemos com os nossos filhos mostrou que o diálogo franco e honesto, desde criança, estabelece um vínculo saudável entre pais e filhos. No entanto, muitos resistem a ideia da conversa aberta com medo de perder o controle e a autoridade. O pedagogo e escritor Marcos Tuler disse assim: “Não gostamos de ser questionados por filhos e nem que eles apontem nossos erros. Mas eles precisam compartilhar conosco suas experiências, problemas, expectativas, anseios, medos, frustrações, decepções, segredos e alegrias.”

Outro ponto relevante nessa caminhada de ensino aos filhos é a imposição ou indiferença dos pais em relação ao pensamento dos filhos, que pode causar um sentimento de distanciamento e descrédito. É preciso, antes de tudo, respeitar o que os filhos pensam. Esse é o princípio do livre arbítrio. O diálogo produtivo entre pais e filhos, no que se refere ao Evangelho, ocorre quando os pais respeitam o direito dos filhos de escolher. Ele afirmou que pais podem convencer o filho com a verdade, se esta verdade não for imposta.

A Adolescência - Mas a etapa mais difícil de criar os filhos ocorre durante a adolescência, na tão discutida adolescência. Ouvi de alguém que essa devia ser a fase da gaveta. Os filhos deviam ser trancados em uma gaveta e deixados lá até passar essa fase. É nessa fase que os filhos têm muitos conflitos emocionais, são inseguros e inconstantes. E por estarem passando pelo período de maior abstração e reflexão dos conhecimentos recebidos, são facilmente influenciados pelas filosofias anticristãs. Esta fase é muito complicada, pois já não são mais crianças e ainda não são adultos. Querem ter os privilégios de adultos mas portam-se, as vezes, como crianças. E conseguir mantê-los na igreja é uma tarefa difícil; só mesmo a graça de Cristo atuando na vida deles e dos seus pais cristãos.

É também na fase da adolescência que o exemplo dos pais em relação à prática da fé cristã é colocado à prova. Certo jovem quando questionado porque nunca deixou de ir à igreja ele disse: “Foi difícil passar pela cobrança da igreja, mas minha mãe e meu pai sempre conseguiram me mostrar o que é ser crente. É muito além de ir à igreja. E isso me ajuda a permanecer na fé e a querer me parecer com eles” Ou seja, os atos precisam condizer com o discurso dentro de casa. Se os pais estão convictos de sua fé, os filhos se sentem seguros e desejam acompanhá-los em suas escolhas e decisões.

O Que Fazer Para Ajudar os Filhos?

1. Lembre-se de que presença vem antes de presentes. Certo executivo só podia passar 15 minutos, por dia, com a sua filha de 8 anos. E ele usava esses momentos para contar-lhes histórias antes da filha dormir. Certo dia a filha estava ouvindo a história contada pelo pai e o telefone tocou. Era uma chamada de trabalho; e o pai, após atender o telefone, retornou e quis continuar a história. A filhinha disse assim: “Pai tu és terrível, eu não gosto de ti. Nunca podes estar comigo, e quando estás tens de atender o telefone.”

2. Procure sempre mostrar que disciplina é um ato de amor. A Palavra de Deus aconselha a disciplina. Os pais devem encher os filhos de atenções e carinho, mas devem colocar limites. Veja estes textos: “Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma.” Provérbios 29:17

“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.” Provérbios 23:13-14

Não anule a disciplina que foi aplicada, se achar conveniente negocie a disciplina, mas nunca a anule. Ensine-os a se submeter à dor da disciplina fazendo o que não gostam hoje, para terem o que dá prazer amanhã.

3. Conte história bíblicas aos filhos ensinando-lhes sobre Jesus. Nossos filhos nunca dormiam sem antes ouvir uma história da Bíblia. Isso a minha esposa sabe fazer muito bem e foi a principal em formar os nossos filhos nos caminhos do Senhor.

4. Ensine hinos para os filhos. A música exerce uma importância muito grande na vida das pessoas. Se, desde crianças, ensinarmos os hinos sobre Deus, depois eles não terão prazer nas músicas do mundo. Ainda mais sabemos que a música exerce um pode enobrecedor e dá suporte espiritual para enfrentamos as dificuldades do dia-a-dia. Veja estes textos: “Vi que diariamente devemos nos levantar e dominar os poderes das trevas. Nosso Deus é poderoso. Vi que cantar para a glória de Deus afasta o inimigo, e que louvar a Deus o derrota e nos concede a vitória.” Mensagens Escolhidas vol. 3, 332.

“Quando Cristo era criança, era tentado a pecar, porém não cedia à tentação. Ao ter mais idade, ainda era tentado, mas os cânticos que Sua mãe Lhe ensinara vinham-Lhe à mente, e Ele erguia a voz em louvor. E antes de os companheiros se aperceberem, estavam cantando com Ele. Deus quer que nos sirvamos de todos os recursos que o Céu tem providenciado para resistir ao inimigo.” Evangelismo, 498.

5. Viva o que procura ensinar. O exemplo arrasta pessoas. Essa máxima é muito importante. Os sermões mais convincentes são aqueles pregados em casa, na sala de estar, às refeições, nos momentos de lazer e no seio da família. Crianças e jovens geralmente observam tudo e procuram verificar se aquilo que os pais dizem, sobre religião e fé, faz parte da experiência de vida deles. Se os pais estão dispostos a obedecerem àquilo que ensinam, então, são dignos de inteira confiança. Cabe também à igreja o papel de auxiliar e dar suporte à educação dos filhos de seus membros. Esse trabalho deve ser desenvolvido para todas as idades. É aqui que entra a importância da escola sabatina, organização de classes bíblicas para as várias idades, grupos de música e ainda retiros e outras atividades da igreja. É importante fazer as crianças pegarem gosto pelos desbravadores e encaminhá-las para lá.

A grande parte dos adolescentes que se afasta da fé é porque não aprofundou suas habilidades sociais e espirituais dentro da igreja. Outros, porque viram seus amigos de infância se distanciarem da fé. Daí a necessidade de incentivar as crianças a fazerem o lado social com outros amigos da igreja. Essa troca fortalece a vida espiritual delas. Muitos pais saem do culto correndo para casa e se esquecem de que os filhos precisam desenvolver essas amizades. Além disso, os pais precisam mostrar a alegria de estar na igreja para que os filhos sintam o desejo de  permanecer mais tempo ali.

Além da boa vontade, a igreja precisa ser criativa e contextualizada com o mundo atual para atrair as crianças e os adolescentes às suas atividades. As programações da igreja também precisam englobar os pais para que eles tenham ciência do que seus filhos estão aprendendo dentro da igreja.

Creio que o exemplo dos pais é fundamental para motivar crianças e adolescentes a permanecerem na igreja e nos caminhos de Deus. A família tem a responsabilidade de transmitir valores e conceitos verdadeiros aos seus filhos. Os pais são os primeiros educadores na vida dos filhos. Assim como os filhos aprendem a falar com os pais, também aprendem códigos de conduta, a viver com limites, a respeitar e serem respeitados, a amar a Deus acima de todas as coisas, a ter um coração grato, a amar ao próximo, a ler a Bíblia, a orar e a obedecer Jesus.

No Velho Testamento há esse texto que é maravilhoso: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Deuteronômio 6:6-9
Esse texto é muito forte e contundente. O problema é que os pais muitas vezes não ensinam os filhos no caminho em que devem andar, mas ensinam "o" caminho em que devem andar, e os próprios pais andam por outro caminho. O exemplo dos pais é o mais importante na educação dos filhos. Eles são observadores e imitadores sobre  tudo o que acontece em casa e das atitudes dos pais.

Tudo isso começa em casa. Na igreja deve haver uma continuidade dos ensinamentos e das atitudes aprendidas com os pais. Além disso, as crianças e principalmente os adolescentes devem se envolver num ministério ativo, motivador e atraente dentro da igreja local. As amizades são muito importantes, as ministrações na igreja devem ser dinâmicas e adequadamente direcionadas às diferentes idades. A igreja que tem histórias para crianças, no momento do culto solene, alcança maiores e melhores resultados com as crianças.

Veja o que diz Ellen White em seu livro fundamentos da educação Cristã, 123: “Religião em família consiste em criar os filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Cada membro na família deve ser nutrido pelas lições de Cristo, e o interesse de cada pessoa deve ser estritamente preservado, a fim de que Satanás não a engane e a afaste com seduções para longe de Cristo. Essa é a norma que cada membro da família deve ter em vista alcançar, e devem todos estar determinados a não fracassar nem se desanimar. Quando os pais são diligentes e vigilantes em sua instrução, e educam os filhos tendo em vista a glória de Deus, cooperam com Deus, e Deus coopera com eles na salvação das crianças por quem Cristo morreu.”

“Educação religiosa significa muito mais que instrução comum. Significa que devemos orar com nossos filhos, ensinando-lhes como se aproximar de Jesus e contar-Lhe todas as suas necessidades. Significa ainda que devemos mostrar em nossa vida que Jesus é tudo para nós, que Seu amor nos torna pacientes, bondosos, perdoadores, e ainda firmes ao educar nossos filhos, como o fez Abraão.”

“Exatamente como nos conduzimos em nossa vida no lar, somos registrados nos livros do Céu. Aquele que espera tornar-se um santo no Céu, deve primeiro tornar-se santo em sua própria família.”


Luís Carlos Fonseca

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