Como Manter os Filhos na Igreja?
Vamos procurar dar respostas à esta inquietação de muitos
pais sinceros. Antes de analisarmos o assunto proposto quero mostrar apenas
seis pontos que afastam os filhos da igreja:
1) Diante das menores dificuldades tais como; indisposição,
chuva, frio, cansaço, não vá aos cultos. Com isso seu filho vai crescer com a
ideia de que frequentar as reuniões não é assim tão necessário.
2) Quando estiver a mesa ou em reuniões de família, faça
comentários ou críticas ao ensino do pastor ou líderes. Com isso seu filho
crescerá não tendo respeito por eles, nem dando créditos aos ensinos bíblicos.
3) Cuide para que seu filho cresça num lar que não seja
diferente de qualquer lar mundano. Deixe ele dormir a hora que desejar, comer o
que quiser, sair e voltar com quem pretender, ver o que desejar. Elimine a disciplina.
4) Gaste diante da TV e Internet todo seu tempo que passa em
casa, ao invés de separar parte dele para a leitura da Bíblia e oração. Basta
apenas orar na hora das refeições. Com certeza seu filho aprenderá que, orar e
estudar a Palavra de Deus não tem nenhum valor para você.
5) Comente, a vontade, a vida dos outros membros da igreja,
e quando encontrá-los na igreja, apresse-se a cumprimentá-los com um largo
sorriso. Com isso seu filho terá a impressão de que a vida cristã é pura
hipocrisia e não desejará seguir o mesmo caminho.
6) Esteja sempre indisponível para colaborar com as
atividades da igreja. Nunca aceite cargos e nunca faça qualquer trabalho missionário.
Assim você vai mostrar para o seu filho que não tem nenhum compromisso com Deus
e com a igreja.
Como Manter os Filhos
na Igreja? Esta é uma tarefa que só Deus pode fazer, pois trata-se de assunto espiritual, mas; especialmente os pais, podem e devem colaborar com Deus. Desde o início da história humana, a família tem sido a base
principal da sociedade. Os costumes, os comportamentos e até mesmo os cenários
se modificam com o passar dos séculos. Mas o papel da família continua sendo
essencial. É desse pequeno núcleo que vem a formação de caráter de uma pessoa e
até mesmo de sua personalidade. E, nesse contexto, é preciso destacar a importância
da educação religiosa no seio das famílias, especialmente, nos lares cristãos.
O assunto adquire grande destaque. Até porque, biblicamente
falando, existe uma responsabilidade dada aos pais sobre a continuidade dos
valores cristãos dentro de casa, conforme
o texto em Provérbios: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e
ainda quando for velho, não se desviará dele” Prov. 22:6. A missão de educar um
filho segundo os princípios cristãos e fazê-lo permanecer na fé, depois de
adulto, continua valendo, embora essa tarefa seja cada dia mais complexa.
Influências diversas dos meios de comunicação, das escolas, da Internet, jogos
eletrônicos, etc., podem provocar desvios de comportamento, gerando mudanças
de interesse e de atitudes. Nesse sentido, é fundamental descobrir a resposta
para uma questão: qual o método mais
eficaz para criar e manter os filhos dentro da igreja?
A Infância - Não há uma regra única e infalível para
responder a pergunta acima; mas psicólogos, educadores, pais e pastores
concordam em, pelo menos, um ponto: tudo começa na infância. Veja o que a psicóloga Elizabeth Pimentel,
autora do livro “O poder da palavra dos pais” menciona: “Até os 7 anos, a
criança está em formação da sua personalidade. A criança pequena é como uma
esponja, pois absorve tudo o que lhe é ensinado. O que aprende nessa fase, vai
levar para o resto da vida. Quanto mais cedo conviver com a ideia de Deus,
certamente isso será apreendido de forma mais profunda”
Veja o que menciona Ellen White: “As lições que a criança
aprende durante os primeiros sete anos de vida têm mais que ver com a formação
do seu caráter que tudo que ela aprenda em anos posteriores.” Manuscrito 2,
1903. Orientação da Criança, 119
“É em grande medida nos primeiros anos que o caráter é
formado.” Temperança Cristã, 45
Os filhos que, em tenra idade, receberam uma influência
errônea do lar levarão consigo hábitos errôneos por toda a sua vida. O rei Saul
representa um triste exemplo do poder dos maus hábitos adquiridos durante a
primeira parte de sua vida, não havia aprendido a submeter-se a Deus, e quando
ocupou a posição de rei, não tinha as faculdades mentais desbloqueadas para
seguir o caminho do Senhor. Por outro lado, “uma criança pode receber instrução
religiosa saudável, mas se os pais, os professores ou os tutores permitem que
seu caráter se torça devido a um mau hábito, esse hábito, se não é vencido, se
converterá num poder predominante, e a criança está perdida.” Testemunhos para
a Igreja, vol. 5, 50
Alguns pais, de forma equivocada, pensam que seus filhos são muito
pequenos para corrigi-los e definir hábitos retos, mas quanto antes melhor.
Este foi o erro de Eli, de não administrar sua casa desde cedo. Ele foi
indulgente com seus filhos e com frequência passou por alto as faltas e pecados
em sua meninice, pensando que ao crescer melhorariam seu comportamento, mas
equivocou-se. Suas tendências malignas foram fortalecidas e depois já era muito
tarde. Uma declaração impressionante
desta situação está em Patriarcas e Profetas, 625, 626: “São muito novos
para serem castigados. Esperemos que fiquem mais velhos, e possamos
entender-nos com eles. Assim os maus hábitos são deixados a se fortalecerem até
que se tornam uma segunda natureza. Os filhos crescem sem sujeição, com traços
de caráter que são para eles uma maldição por toda a vida, e que podem
reproduzir-se em outros.”
Por exemplo, os primeiros hábitos que devem se formar na
primeira infância têm a ver com os assuntos espirituais, higiênico-culturais, alimentares
e de mesa. E geralmente é nessa etapa que mais facilmente se aprende a comer
coisas que não são úteis, como sorvetes, batatas fritas, refrigerantes e outras
porcarias, em vez de comer alimentos saudáveis. Por isso a importância de impressionar suas
mentes educando-os exatamente no contrário ao mal. Isso não ocorre por acaso.
Requer esforço, perseverança e paciência por parte dos pais e educadores.
Veja estes textos:
“Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser
adquirido então o domínio próprio. Exercem-se, no círculo de família, ao redor
da mesa, influências cujos resultados são duradouros como a eternidade. Acima
de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos
decidem se a pessoa será vitoriosa ou vencida na batalha da vida.” O Desejado
de Todas as Nações, p. 75.
“Os hábitos de
sobriedade, domínio próprio, economia, minuciosa atenção, conversa sadia e
sensata, paciência e verdadeira cortesia não se formam sem vigilância diligente
e contínua sobre o eu.” Orientação da Criança, 200.
Eu nasci em lar cristão adventista e minha esposa também.
Temos dois filhos; Igor Raniel com 26 anos e Iuri Gabriel com 23. Eles também
são fruto de lar cristão adventista. Lembro-me muito bem quando os nossos filhos eram
crianças. Procuramos ensiná-los nos caminhos do Senhor, desde cedo. Em um primeiro
momento, a gente sempre os levava, incentivava e acompanhava à igreja. Especialmente
aos sábados, nós criávamos incentivos, sempre mostrando a eles o prazer de ir à
casa do Senhor. É claro que esse processo não aconteceu automaticamente. Uma
das estratégias para conseguir manter a família unida numa mesma fé foi a
confiança estabelecida com os filhos. Nossa relação com os meninos é de
confiança. E isso é coisa que se conquista. Você vai acompanhando, educando,
participando, ouvindo e deixando com eles a tomada de decisões em relação as
questões da vida. A imposição não foi usada, mas, sim, o aconselhamento e a
conversa.
O diálogo e amizade
com os filhos são fundamental - A experiência de educação que tivemos com
os nossos filhos mostrou que o diálogo franco e honesto, desde criança,
estabelece um vínculo saudável entre pais e filhos. No entanto, muitos resistem
a ideia da conversa aberta com medo de perder o controle e a autoridade. O pedagogo
e escritor Marcos Tuler disse assim: “Não gostamos de ser questionados por
filhos e nem que eles apontem nossos erros. Mas eles precisam compartilhar
conosco suas experiências, problemas, expectativas, anseios, medos, frustrações,
decepções, segredos e alegrias.”
Outro ponto relevante nessa caminhada de ensino aos filhos é
a imposição ou indiferença dos pais em relação ao pensamento dos filhos, que
pode causar um sentimento de distanciamento e descrédito. É preciso, antes de
tudo, respeitar o que os filhos pensam. Esse é o princípio do livre arbítrio. O
diálogo produtivo entre pais e filhos, no que se refere ao Evangelho, ocorre
quando os pais respeitam o direito dos filhos de escolher. Ele afirmou que pais
podem convencer o filho com a verdade, se esta verdade não for imposta.
A Adolescência - Mas a etapa mais difícil de criar os filhos ocorre durante a
adolescência, na tão discutida adolescência. Ouvi de alguém que essa devia ser
a fase da gaveta. Os filhos deviam ser trancados em uma gaveta e deixados lá
até passar essa fase. É nessa fase que os filhos têm muitos conflitos
emocionais, são inseguros e inconstantes. E por estarem passando pelo período
de maior abstração e reflexão dos conhecimentos recebidos, são facilmente
influenciados pelas filosofias anticristãs. Esta fase é muito complicada, pois
já não são mais crianças e ainda não são adultos. Querem ter os privilégios de
adultos mas portam-se, as vezes, como crianças. E conseguir mantê-los na igreja
é uma tarefa difícil; só mesmo a graça de Cristo atuando na vida deles e dos
seus pais cristãos.
É também na fase da adolescência que o exemplo dos pais em
relação à prática da fé cristã é colocado à prova. Certo jovem quando questionado
porque nunca deixou de ir à igreja ele disse: “Foi difícil passar pela cobrança
da igreja, mas minha mãe e meu pai sempre conseguiram me mostrar o que é ser
crente. É muito além de ir à igreja. E isso me ajuda a permanecer na fé e a
querer me parecer com eles” Ou seja, os atos precisam condizer com o discurso
dentro de casa. Se os pais estão convictos de sua fé, os filhos se sentem
seguros e desejam acompanhá-los em suas escolhas e decisões.
O Que Fazer Para Ajudar os Filhos?
1. Lembre-se de que
presença vem antes de presentes. Certo executivo só podia passar 15
minutos, por dia, com a sua filha de 8 anos. E ele usava esses momentos para
contar-lhes histórias antes da filha dormir. Certo dia a filha estava ouvindo a
história contada pelo pai e o telefone tocou. Era uma chamada de trabalho; e o
pai, após atender o telefone, retornou e quis continuar a história. A filhinha
disse assim: “Pai tu és terrível, eu não gosto de ti. Nunca podes estar comigo,
e quando estás tens de atender o telefone.”
2. Procure sempre
mostrar que disciplina é um ato de amor. A Palavra de Deus aconselha a
disciplina. Os pais devem encher os filhos de atenções e carinho, mas devem
colocar limites. Veja estes textos:
“Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma.”
Provérbios 29:17
“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares
com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua
alma do inferno.” Provérbios 23:13-14
Não anule a disciplina que foi aplicada, se achar
conveniente negocie a disciplina, mas nunca a anule. Ensine-os a se submeter à
dor da disciplina fazendo o que não gostam hoje, para terem o que dá prazer
amanhã.
3. Conte história
bíblicas aos filhos ensinando-lhes sobre Jesus. Nossos filhos nunca dormiam
sem antes ouvir uma história da Bíblia. Isso a minha esposa sabe fazer muito
bem e foi a principal em formar os nossos filhos nos caminhos do Senhor.
4. Ensine hinos para os filhos. A música exerce uma importância muito grande na vida das pessoas. Se,
desde crianças, ensinarmos os hinos sobre Deus, depois eles não terão prazer
nas músicas do mundo. Ainda mais sabemos que a música exerce um pode
enobrecedor e dá suporte espiritual para enfrentamos as dificuldades do dia-a-dia.
Veja estes textos: “Vi que diariamente
devemos nos levantar e dominar os poderes das trevas. Nosso Deus é poderoso. Vi
que cantar para a glória de Deus afasta o inimigo, e que louvar a Deus o
derrota e nos concede a vitória.” Mensagens Escolhidas vol. 3, 332.
“Quando Cristo era criança, era tentado a pecar, porém não cedia
à tentação. Ao ter mais idade, ainda era tentado, mas os cânticos que Sua mãe
Lhe ensinara vinham-Lhe à mente, e Ele erguia a voz em louvor. E antes de os
companheiros se aperceberem, estavam cantando com Ele. Deus quer que nos
sirvamos de todos os recursos que o Céu tem providenciado para resistir ao
inimigo.” Evangelismo, 498.
5. Viva o que procura
ensinar. O exemplo arrasta pessoas. Essa máxima é muito importante. Os sermões
mais convincentes são aqueles pregados em casa, na sala de estar, às refeições,
nos momentos de lazer e no seio da família. Crianças e jovens geralmente observam tudo e
procuram verificar se aquilo que os pais dizem, sobre religião e fé, faz parte
da experiência de vida deles. Se os pais estão dispostos a obedecerem àquilo
que ensinam, então, são dignos de inteira confiança. Cabe também à igreja o
papel de auxiliar e dar suporte à educação dos filhos de seus membros. Esse
trabalho deve ser desenvolvido para todas as idades. É aqui que entra a
importância da escola sabatina, organização de classes bíblicas para as várias
idades, grupos de música e ainda retiros e outras atividades da igreja. É
importante fazer as crianças pegarem gosto pelos desbravadores e encaminhá-las para lá.
A grande parte dos adolescentes que se afasta da fé é porque
não aprofundou suas habilidades sociais e espirituais dentro da igreja. Outros,
porque viram seus amigos de infância se distanciarem da fé. Daí a necessidade
de incentivar as crianças a fazerem o lado social com outros amigos da
igreja. Essa troca fortalece a vida espiritual delas. Muitos pais saem do culto
correndo para casa e se esquecem de que os filhos precisam desenvolver essas
amizades. Além disso, os pais precisam mostrar a alegria de estar na igreja
para que os filhos sintam o desejo de permanecer mais tempo ali.
Além da boa vontade,
a igreja precisa ser criativa e contextualizada com o mundo atual para atrair
as crianças e os adolescentes às suas atividades. As programações da igreja
também precisam englobar os pais para que eles tenham ciência do que seus
filhos estão aprendendo dentro da igreja.
Creio que o exemplo dos pais é fundamental para motivar
crianças e adolescentes a permanecerem na igreja e nos caminhos de Deus. A
família tem a responsabilidade de transmitir valores e conceitos verdadeiros
aos seus filhos. Os pais são os primeiros educadores na vida dos filhos. Assim
como os filhos aprendem a falar com os pais, também aprendem códigos de
conduta, a viver com limites, a respeitar e serem respeitados, a amar a Deus
acima de todas as coisas, a ter um coração grato, a amar ao próximo, a ler a
Bíblia, a orar e a obedecer Jesus.
No Velho Testamento
há esse texto que é maravilhoso: “E estas palavras, que hoje te ordeno,
estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as
atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as
escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Deuteronômio 6:6-9
Esse texto é muito forte e contundente. O problema é que os pais muitas vezes não ensinam os filhos no caminho
em que devem andar, mas ensinam "o" caminho em que devem andar, e os próprios
pais andam por outro caminho. O exemplo dos pais é o mais importante na
educação dos filhos. Eles são observadores e imitadores sobre tudo o que acontece em casa e das atitudes dos pais.
Tudo isso começa em casa. Na igreja deve haver uma
continuidade dos ensinamentos e das atitudes aprendidas com os pais. Além
disso, as crianças e principalmente os adolescentes devem se envolver num
ministério ativo, motivador e atraente dentro da igreja local. As amizades são
muito importantes, as ministrações na igreja devem ser dinâmicas e
adequadamente direcionadas às diferentes idades. A igreja que tem histórias
para crianças, no momento do culto solene, alcança maiores e melhores
resultados com as crianças.
Veja o que diz Ellen
White em seu livro fundamentos da educação Cristã, 123: “Religião em
família consiste em criar os filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Cada
membro na família deve ser nutrido pelas lições de Cristo, e o interesse de
cada pessoa deve ser estritamente preservado, a fim de que Satanás não a engane
e a afaste com seduções para longe de Cristo. Essa é a norma que cada membro da
família deve ter em vista alcançar, e devem todos estar determinados a não
fracassar nem se desanimar. Quando os pais são diligentes e vigilantes em sua
instrução, e educam os filhos tendo em vista a glória de Deus, cooperam com
Deus, e Deus coopera com eles na salvação das crianças por quem Cristo morreu.”
“Educação religiosa significa muito mais que instrução
comum. Significa que devemos orar com nossos filhos, ensinando-lhes como se
aproximar de Jesus e contar-Lhe todas as suas necessidades. Significa ainda que
devemos mostrar em nossa vida que Jesus é tudo para nós, que Seu amor nos torna
pacientes, bondosos, perdoadores, e ainda firmes ao educar nossos filhos, como
o fez Abraão.”
“Exatamente como nos conduzimos em nossa vida no lar, somos
registrados nos livros do Céu. Aquele que espera tornar-se um santo no Céu,
deve primeiro tornar-se santo em sua própria família.”
Luís Carlos Fonseca
Sem comentários:
Enviar um comentário