quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Sermão: Deus Compreende - Escrito por Chantal Klingbeil



Sermão: Deus Compreende - Escrito por Chantal Klingbeil

Introdução - Hoje focamo-nos particularmente na oração. A Bíblia está cheia de exemplos de orações grandes e poderosas e de maravilhosas respostas a orações. Esta manhã vamos dar uma espreitadela a uma das orações mais poderosas da história. Vamos até 1 Reis 18. Começamos no versículo 30.

30Então Elias disse ao povo: «Cheguem-se aqui para perto de mim.» Juntaram-se todos em volta e ele começou a consertar o altar do SENHOR, que estava destruído. 31Pegou em doze pedras, segundo o número dos filhos de Jacob, pois foi a Jacob que o SENHOR disse: «Israel passará a ser o teu nome.» 32Com essas pedras Elias reconstruiu o altar para adorar o SENHOR. Em volta do altar abriu uma vala onde cabiam uns vinte litros de água. 33Depois colocou lenha sobre o altar e cortou o bezerro em pedaços, que pôs em cima da lenha, 34e disse: «Encham quatro bilhas de água e despejem-nas por cima do animal preparado para o holocausto e da lenha.» Assim fizeram e ele disse: «Façam isso outra vez.» E disse depois: «Façam-no pela terceira vez.» Eles obedeceram. 35A água escorria em volta do altar e enchia a vala aberta. 36À hora de oferecer o holocausto, o profeta Elias aproximou-se do altar e orou: «SENHOR, Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, mostra agora que és tu o Deus de Israel e que eu sou teu servo e faço isto porque me ordenaste!37Responde-me, SENHOR! Responde-me, para que este povo saiba que tu és Deus e que os convidas a voltarem de novo para ti!»38Naquele momento, o fogo do SENHOR desceu sobre o holocausto e queimou-o, bem como a lenha, as pedras e o pó, consumindo toda a água que havia na vala. 39Ao ver isto, o povo inclinou-se até ao chão e exclamou: «O SENHOR é Deus! Só o SENHOR é que é Deus!»”


Não foi uma oração muito longa ou particularmente elegante, mas Deus ouviu a oração de Elias e fez descer fogo do céu uma resposta à oração muito real e visível. E esta não foi a última das respostas poderosas à oração. No versículo 42 Elias vai novamente ao topo do Monte Carmelo. Desta vez ele inclina-se por terra e ora silenciosamente por chuva, porque Israel estava a sofrer uma seca de três anos. Desta vez, contudo, a resposta à sua oração não vem imediatamente. Elias deve esperar e persistir.

O profeta ora sete vezes antes de ver o primeiro sinal de que a sua oração por chuva foi ouvida. Pode ser apenas uma pequena nuvem com o tamanho aproximado da mão de homem a erguer-se acima do mar, mas é o suficiente. Elias sabe que a sua oração tinha sido atendida. Dentro de minutos, os céus parecem abrir-se e acontece uma forte precipitação de chuva.Elias sabia da oração. Ele sabia como pedir, ele sabia como persistir, e ele sabia como esperar.

Talvez vocês também tenham tido momentos na vida em que se conseguem identificar com Elias. Alturas em que oraram por algo ou por alguém e viram a resposta de Deus de uma forma poderosa e maravilhosa. Mas mais uma vez, talvez vocês se debatam para recordar alguma grande resposta a uma oração. Talvez a pessoa por quem estavam a orar não tenha melhorado. Talvez não tenham conseguido o emprego. Talvez continuem sem conseguir ter filhos. Talvez nem todos nos consigamos identificar com Elias, o grande guerreiro de oração, mas penso que nalgum momento das nossas vidas nos possamos identificar com o Elias depois do grande dia no Monte Carmelo.

O Embate da Depressão - Elias estava completamente esgotado, emocional e fisicamente, depois da experiência do Monte Carmelo. Ele já tinha caído num sono profundo quando o mensageiro da Rainha Jezabel o encontrou. Este rude despertar com uma ameaça de morte por parte da Rainha serve como gatilho para Elias. O gatilho para uma súbita descida para uma depressão profunda e escura.
Por vezes, uma depressão ataca rapidamente após um acontecimento particularmente esgotante, emocional ou fisicamente. Noutras alturas, nem reparamos que está a acontecer, mas passadas algumas semanas, meses, ou mesmo anos de uma aparente fase de secura espiritual, a depressão consegue, aparentemente e de forma silenciosa, apoderar-se de nós. Só a reconhecemos quando ela aperta o cerco.

Vejamos como é que Elias, este grande homem de Deus, reage. Em I Reis 19, percebemos que Elias começou a fugir. O primeiro passo, quando a depressão começa a querer instalar-se, é sempre a inevitável fuga. Às vezes corremos até ao frigorífico e tentamos comer o nosso peso rumo à felicidade. Às vezes tentamos adormecer a nossa exaustão emocional. Ás vezes procuramos uma nova relação, um novo emprego, ou um local novo para morar na nossa jornada de fuga. E por vezes enterramo-nos em mais trabalho, mais prazos e reuniões ao tentarmos arduamente fugir daquilo que não conseguimos nomear e que está a sugar-nos a nossa alegria e esperança.

Então Elias foge. Ele corre e corre muito e com força! Ele corre 90 milhas (150 quilómetros), até Berseba e depois mais um dia de viagem até ao deserto. Mas finalmente, tal como às vezes acontece connosco, Elias chegou a um ponto em que já não conseguia fugir mais. Ele chega ao seu ponto de rutura debaixo de uma árvore vassoura. Agora a culpa vem de forma esmagadora. Ele percebe que a sua falta de confiança em Deus boicotou aquela que podia ter sido uma grande oportunidade de reforma em Israel. Ele percebe que desapontou aqueles que precisavam dele. E agora ele está impotente para fazer o que quer que seja acerca disso.

É tudo demais para Elias. Ele diz, “Já chega,” e então, o grande guerreiro de oração, ora novamente. Desta vez é uma oração muito diferente. Vamos ler em I Reis 19:4, “Seguiu pelo deserto durante um dia inteiro, até que finalmente se sentou debaixo de uma árvore e ali sentiu vontade de morrer. Dirigiu-se a Deus em oração e disse: «Basta, SENHOR! Tira-me a vida, pois não valho mais do que os meus antepassados!”

Elias, o nosso grande guerreiro de oração, pede para morrer! O remorso é tanto em relação ao seu fracasso que ele está pronto para desistir. Conseguem identificar-se?

Conseguem identificar-se com a oração de desespero de Elias? Já tiveram vontade de desistir espiritualmente ou mesmo fisicamente? Já sentiram que fizeram uma asneira tão grande que não vale a pena tentar novamente? Já se sentiram tão cansados, tão encurralados e sem opções que não queriam continuar?

Se sim, estão em boa companhia. Muitos gigantes espirituais e mesmo grandes guerreiros de oração também se sentiram assim. Ainda assim há boas notícias! Deus sabia exatamente como lidar com Elias e Deus sabe exatamente como lidar com vocês. 

Deus compreende - Apesar da forma como o profeta se sente, Deus não o rejeitou. Deus não condena. Ele envia um anjo a Elias para lhe mostrar a Sua empatia. No verso 7, o mensageiro afirma gentilmente que “tens um caminho demasiado longo para percorrer.” Deus não condena o seu profeta, e Ele não nos condena. Ele compreende tão melhor do que nós aquilo que enfrentamos. Ele compreende o que é que nos trouxe até este ponto.

Quando estamos no nosso ponto mais baixo Deus está realmente mais perto de nós.
Oiçam esta citação maravilhosa. “Não temos, no mesmo momento, evidência notável de que a face do nosso Redentor se inclina sobre nós em compaixão e amor; mas é realmente assim. Podemos não sentir Seu contato visível, mas Sua mão está sobre nós em amor e compassiva ternura.” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, pp. 96, 97).

Deus também faz mais do que apenas sentir empatia. Ele oferece ajuda prática a curto-prazo. No caso de Elias é o mensageiro celeste a preparar-lhe “um pão cozido na pedra quente e um cantil com água” (v. 6). Deus também providenciará ajuda para ti e para mim. A ajuda pode ser uma amiga, um conselheiro, ou um familiar alguém cujas palavras e ações vos demonstram que Deus se preocupa convosco. Deus também providencia descanso. Ele sabe que a fuga deixou Elias cansado. Deus também sabe que, mais do que o cansaço físico, o seu profeta está emocionalmente cansado e carrega
uma tremenda carga de culpa. Deus coloca tudo a zeros e oferece descanso a Elias—ele consegue finalmente descansar e sentir-se refrigerado.

Quando aceitamos verdadeiramente que Deus nos perdoou e que não temos de arrastar à nossa volta o fardo da culpa porque Deus pegou nela, conseguimos começar a encontrar o descanso.

A recuperação leva tempo - Mesmo depois da comida do anjo, Elis não volta instantaneamente ao normal. Deus lembra-nos que somos “pó” (Salmos 103:14). Ele não apressa a recuperação. Deus dá a Elias tempo para recuperar. A recuperação leva o seu tempo. Precisamos desses momentos de quietude a sós com Deus. Precisamos de tempo com a Sua Palavra. Precisamos de ter tempo para falar com Deus mesmo que, ao fazê-lo, não sintamos mudanças imediatas para melhor.
Deus compreende que a vida neste mundo pecaminoso pode e vai causar depressão. Ele compreende o nosso impulso de fugir da dor. Contudo, Ele deseja redirecionar essa fuga. Em vez de fugirmos na direção de mecanismos de superação autodestrutivos, Deus deseja que a fuga seja até Ele. E aí, na Sua presença, Ele quer ensinar-nos a ouvir o Seu “leve murmúrio” (v. 12).

O resto da história - Mas, voltemos a Elias. Ele ainda está debaixo da árvore. No verso 6, percebemos que Elias come a comida do anjo e depois adormece. Quanto tempo ele dormiu, não sabemos. Depois, o anjo acorda-o e serve-lhe outra refeição. Desta vez, algo especial acontece. “7O anjo do SENHOR tocou-lhe outra vez e disse: «Levanta-te e come, porque tens um caminho demasiado longo a percorrer.» 8Elias levantou-se e comeu e bebeu. A comida deu-lhe forças para caminhar quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.” (v. 7, 8). Elias não tinha energia para se erguer sozinho e fazer a viagem para se encontrar com Deus. Contudo, no momento certo, foi Deus que providenciou a energia para este encontro crucial.

Quando Elias chegou ao local do divino encontro ainda tinha que esperar pacientemente e reaprender o que significa a oração. Deus não se manifesta sempre nos grandes acontecimentos. Ele nem sempre oferece respostas espetaculares às nossas orações. Não vai haver sempre um clarão brilhante e fogo a descer do céu. À medida que Elias esperava, “11Um vento forte e violento fendeu os montes e quebrou as rochas, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um tremor de terra, mas o SENHOR não estava no tremor de terra. 12Depois do tremor de terra houve um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa.” (v. 11, 12).
E isto é o que todos os guerreiros de oração têm de aprender, a sintonizar os seus ouvidos para ouvir  aquela voz mansa e suave.

Quando Elias estava debaixo da árvore, a desejar a morte, ele acreditava verdadeiramente que os seus melhores dias tinha chegado ao fim. Deus viu as coisas de modo diferente. Ele sabia que melhores dias haviam de vir para Elias. Ainda havia reis para serem ungidos e um sucessor profético para ser escolhido. Deus já sabia de Eliseu, o sucessor, que se tornaria tão próximo de Elias quanto um filho. Deus sabia que, pela fé, Elias pediria novamente que descesse fogo do céu. Para Elias não haveria uma morte desesperada debaixo de uma árvore, mas sim uma viagem numa carruagem de fogo até ao céu—e sem passar pela morte. Ainda assim, lembremo-nos disto.

“É em tempos de maior fraqueza que Satanás assalta a alma com as mais ferozes tentações. Foi assim que ele esperou prevalecer sobre o Filho de Deus; pois por esse processo tinha ganho muitas vitórias sobre o homem (. . .) Assim também foi com Elias.

“E assim é hoje. Quando somos envolvidos pela dúvida, aturdidos pelas circunstâncias, ou afligidos pela pobreza ou angústia, Satanás procura abalar a nossa confiança em Jeová. É então que ele faz desfilar diante de nós os nossos erros, e tenta-nos a desconfiar de Deus, a pôr em dúvida o Seu amor. Ele espera desencorajar a alma e quebrar a nossa firmeza em Deus.”

“O desânimo pode abalar a fé mais heroica e enfraquecer a mais firme vontade. Mas Deus compreende, e ainda Se compadece e ama. Ele lê os motivos e os propósitos do coração. Esperar pacientemente, confiar quando tudo parece escuro, eis a lição que os líderes na obra de Deus necessitam aprender. O Céu não lhes faltará no dia da adversidade. Nada está aparentemente mais ao desamparo, mas na realidade mais invencível, do que a alma que sente a sua nulidade, e confia inteiramente em Deus.” (Ellen G. White, Profetas e Reis, pp. 85, 86).

Onde estão vocês hoje? Se são Elias no Monte Carmelo a pedir que desça fogo do céu, louvado seja Deus! Mas, por favor, lembrem-se que não vão ter sempre experiências de topo de montanha. Não percam o som da voz mansa e suave de Deus. Se são o Elias em fuga ou a fazer coisas que sabem que não vão resolver os problemas fundamentais, ou o Elias debaixo da árvore a sentir-se um fracasso, existe esperança.

Deus vê as coisas de forma diferente. Deus compreende. Deus deseja libertar-vos da culpa. Ele quer trabalhar através de outros para vos oferecer ajuda prática. E ele não vai deixar de vos dar a energia para se encontrarem com Ele novamente. Os vossos melhores dias ainda estão para vir, ao ouvirem, e seguirem, aquela voz mansa e suave. Deus compreende e Ele está pronto para vos abençoar hoje. E vocês, estão prontos?

Luís Carlos Fonseca

2 comentários:

  1. Devemos sempre manter nossa fé pois sem fé e impossível agradar a Deus obrigada pelas excelentes dicas do blog me ajudou muito a edificar mais minha em nosso maravilhoso e poderoso Deus.

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