terça-feira, 20 de março de 2018

Como a Bíblia Define o Pecado?


Como a Bíblia Define o Pecado?

O Pecado Como Ato - A Bíblia tem uma única definição para pecado, e é esta: “Qualquer que comete pecado, também transgride a lei; porque o pecado é a transgressão da lei.” I João 3:4. 

Algumas versões da Bíblia definem pecado como “iniquidade”.  No Velho Testamento a palavra mais usada para definir pecado é “chata” que, de forma literal, significa: “errar o alvo”. Em Juízes 20:16 encontramos um exemplo curioso que ilustra esta expressão original: “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra num cabelo e não erravam “Chata”.” Em termos morais, “errar o alvo” refere-se ao fato de que a Lei de Deus é o padrão do comportamento ético ao qual cada crente deve procurar seguir. Assim, quando José disse: “como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”, Gen. 39:9, ele estava dizendo com certeza: “Como eu posso cometer tamanha maldade e ficar aquém do padrão revelado na Lei de Deus, quanto ao 7º mandamento?

A irmã Ellen White também cita a única definição de pecado encontrada na Bíblia quando diz: “Nossa única definição de pecado é a que é dada na Palavra de Deus; é: “quebrantamento da lei” O Grande Conflito, 493.

“O apóstolo nos dá a verdadeira definição de pecado: “O pecado é a transgressão da lei” I João 3:4” No Deserto da Tentação, 90.

O Pecado como uma Condição do Coração Humano. Embora encontramos na Bíblia Sagrada uma definição de pecado, não podemos limitar-nos apenas a esta definição para entendermos a universalidade e intensidade do pecado. Assim é que o consenso dos teólogos Adventistas, define o pecado como um ato, mas também como um estado. Veja estes textos esclarecedores: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51:5

“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” Efésios 2:3

Nós herdamos uma natureza pecaminosa que, a menos que seja reprimida pelo Espírito Santo leva-nos a transgredir a Lei de Deus. Davi reconhecia que as crianças herdam natureza propensa ao mal. O patriarca não procurou desculpar o seu pecado, mas procurou enfatizar a ainda maior necessidade da misericórdia de Deus por causa de suas tendências inatas para o mal. Davi teve momentos de derrotas espirituais, mas reconheceu e buscou Deus. Veja o que ele fez: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” Salmo 51:10-12. Ver também Salmo 32:1:5.

Agostinho de Hipona (354 d.C – 430 d. C) defendeu a ideia do pecado “original”. Ele influenciou a igreja Católica Apostólica Romana com este pensamento, e a referida igreja adotou o batismo infantil para libertar as crianças da condenação do inferno. Nós, Adventistas do 7º Dia, embora não adotamos o termo pecado original, dizemos que; todos, ao nascer, herdam uma natureza pecaminosa. Veja outros textos bíblicos que defendem esta realidade: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Salmo 14:3

“Na verdade, que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.” Eclesiastes 7:20
“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” Romanos 3:10

A irmã Ellen White sempre esteve de acordo com a Bíblia e reconhece essa mesma realidade quando diz: “O pecado é a herança dos filhos. O pecado os separou de Deus. Jesus deu Sua vida para poder unir com Deus os elos partidos. Com relação ao primeiro Adão, os homens nada receberam dele senão a culpa e a sentença de morte. Mas entra Cristo e passa pelo terreno em que Adão caiu, suportando cada prova em favor do homem. ... O exemplo perfeito de Cristo e a graça de Deus são-lhe dados para habilitá-lo a educar os filhos e filhas para serem filhos e filhas de Deus. É ensinando-lhes mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, orque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Romanos 3:23. Orientação da Criança, 475

encontramos esta outra afirmação que aparece em um artigo na Signs of the times de 19/05/1890 intitulado “Obediência é santificação.” O parágrafo completo é o seguinte: “Temos motivo para incessante gratidão a Deus porque Cristo, por Sua perfeita obediência, reconquistou o paraíso que Adão perdeu pela desobediência. Adão pecou, e os filhos de Adão partilham de sua culpa e suas consequências; mas Jesus assumiu a culpa de Adão, e todos os filhos de Adão que correrem para Cristo, o segundo Adão, podem livrar-se da penalidade da transgressão. Jesus recuperou o Céu para o homem suportando a prova a que Adão deixou de resistir; pois Ele obedeceu perfeitamente à lei, e todos os que têm correta compreensão do plano da redenção verão que não podem estar salvos enquanto continuam na transgressão dos santos preceitos de Deus.”

Esse é um comentário de Ellen White sobre o segundo mandamento que diz: “visitando a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira ou quarta geração daqueles que me odeiam.” Patriarcas e Profetas, 306

O estudo do pecado e corrupção original devia conduzir-nos à uma maior conscientização de nossa parte sobre a necessidade de justificação. Que nós necessitamos de um Salvador desde o dia em que nascemos, não apenas depois de transgredirmos a lei de Deus, essa é mensagem completa da Bíblia sobre o pecado. Paulo afirmou que: “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à Lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. Rom. 8:7 e 8. Antes da conversão, fez notar o apóstolo, os crentes eram; “por natureza, filhos da ira” Efésios 2:3, assim como o restante da humanidade.

Os que defendem o pecado apenas com um ato de transgressão da Lei tem problemas com estes textos de Cristo: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” Mateus 5:21,22

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mateus 5:27,28. 

Pense comigo, caso a pessoa desenvolva apenas a cobiça, o ódio e a lascívia, que são pecados invisíveis e não manifestos, ela ainda não transgrediu os Dez Mandamentos como forma de atos, mas, pecou da mesma maneira. Mais cedo ou mais tarde a pessoa desse exemplo cometerá o pecado em forma de ato, mas já pecou em seu interior.

O Espírito de Profecia menciona exatamente o mesmo que Jesus ao dizer: “Não adulterarás” Êxodo 20:14, Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.” Patriarcas e Profetas, 217

Conciliando as Partes. Os seguintes textos inspirados, para além dos textos bíblicos que já formam mencionados, são muito esclarecedores para este assunto, pois mostram o pecado como transgressão da lei e como estado pecaminoso do coração: “Os mandamentos de Deus abrangem muito e são de vasto alcance; em poucas palavras desdobram todo o dever do homem. "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças. ... Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Mar. 12:30 e 31. Nessas palavras se compreendem o comprimento e a largura, a profundidade e a altura da lei de Deus; pois declara Paulo: "O cumprimento da lei é o amor." Rom. 13:10. A única definição de pecado, encontrada na Bíblia, é: "O pecado é a transgressão da lei." I João 3:4. A Palavra de Deus declara: "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Rom. 3:23. "Não há quem faça o bem, não há nem um só." Rom. 3:12. Muitos se enganam acerca do estado de seu coração. Não entendem que o coração natural é enganoso mais que todas as coisas, e perverso. Envolvem-se em sua própria justiça, e satisfazem-se com alcançar sua própria norma humana de caráter; mas quão fatalmente fracassam quando não alcançam a norma divina, e por si mesmos não podem satisfazer as reivindicações de Deus! Mensagem Escolhida, vol 1, 321

“Toda a família humana transgrediu a lei de Deus, e como transgressor da lei, o homem está desesperançadamente arruinado, pois ele é inimigo de Deus, sem forças para fazer qualquer coisa boa. "A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser." Rom. 8:7. Olhando ao espelho moral - a santa lei de Deus - o homem se vê como pecador, e convence-se de seu estado mau, sua condenação sem esperanças, sob a justa penalidade da lei. Mas não foi ele abandonado ao estado de miséria sem esperança, no qual o pecado o mergulhou; pois foi para salvar da ruína o transgressor que Aquele que era igual a Deus ofereceu Sua vida em holocausto no Calvário. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Mensagens Escolhidas vol 1 322

“Ao passo que Adão foi criado sem pecado, à semelhança de Deus, Sete, como Caim, herdou a natureza decaída de seus pais. Mas recebeu também conhecimento do Redentor, e instrução em justiça. Pela graça divina serviu e honrou a Deus; e trabalhou, como o teria feito Abel caso ele vivesse, para volver a mente dos homens pecadores à reverência e obediência a seu Criador.” Patriarcas e Profetas, 54

Conclusão. Enquanto alguns creem que o pecado é apenas uma violação consciente ou negligente da lei de Deus, estas reflexões mostram que o pecado é também um estado no qual nascemos com uma corrupção original. Esse estado pecaminoso permanecerá conosco até o fim, mesmo que, pela graça de Deus sejamos capazes de vencer todas as tentações para pecar. O sangue de Cristo liberta-nos e capacita-nos à vivermos uma vida em harmonia com a santa Lei de Deus, mas não arranca de nós a natureza pecaminosa que herdamos. Essa natureza será erradicada somente no momento da trasladação com a volta de Cristo. Após o selamento os santos estarão protegidos e preparados para passarem pela tribulação das pragas e, embora não cometerão pecados, permanecerão com a natureza pecaminosa até o fim.

Jesus é o nosso modelo. Temos este texto inspirado: “Ele não consentia com o pecado. Nem por um pensamento cedia à tentação. O mesmo se pode dar conosco.”  O Desejado de Todas as Nações, 123.
Este tema sugere humildade por parte dos servos de Cristo em dois aspectos muito importantes:

 a) A irmã Ellen White mencionou algo interessante que acontecia nos seus dias e que, de acordo com ela, iria aumentar nos nossos dias: “Por que tantos se dizem santos e sem pecado? É porque estão muito longe de Cristo. Eu nunca ousei afirmar semelhante coisa. Desde o tempo em que tinha 14 anos de idade, se eu sabia qual era a vontade de Deus, estava disposta a fazê-la. Nunca me ouvistes dizer que sou sem pecado. Os que têm um vislumbre da beleza e do elevado caráter de Jesus Cristo, o qual é santo e sublime, e cujo séquito enche o templo, jamais dirão isso. Contudo, encontrar-nos-emos com aqueles que dirão tais coisas cada vez mais.” Manuscrito 5, 1885. Mensagens Escolhidas, vol 3, 353.

b) Cabe-nos viver em plena comunhão com Deus para que o Espírito Santo possa capacitar-nos à levarmos uma vida de santidade. O fato de termos uma natureza pecaminosa não pode servir de desculpas para continuarmos na prática de pecados conhecidos, e em desobediência voluntária da Lei de Deus. Devemos viver como pessoas crescidas e responsáveis, abandonando pecados e tendo a vitória sobre eles. E, como resultado estaremos disponíveis para conduzirmos pessoas aos pés de Cristo, pois está é a missão para a qual Jesus incumbiu a Sua igreja.

Luís Carlos Fonseca

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