sexta-feira, 25 de março de 2011

Movimento de Reforma Dentro da Igreja

 Introdução

Em todos os tempos, sempre que o povo de Deus deixou de andar nos Seus rectos caminhos, Ele usou vários meios, nomeadamente as vozes dos profetas, para o chamar de volta para a piedade primitiva. Deus não se agrada que professemos ser Seus seguidores e não obstante pratiquemos as obras das trevas.
O chamado à reforma teve sempre por objectivo corrigir os males dentro da igreja e não criar uma outra igreja ou grupo à parte. Mesmo quando Jesus iniciou o Seu ministério, Ele disse claramente que viera para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mat. 15:24). As duas vezes em que purificou o Templo são outro exemplo daquilo que o Senhor desejava fazer em relação com os que eram os guias espirituais do Seu povo, naquele tempo. Ele criou a Sua igreja a partir de elementos que professavam a fé judaica. Só depois de os dirigentes judaicos O terem rejeitado, bem como os Seus ensinos, na Sua própria Pessoa e dos Seus discípulos, é que os discípulos se viram forçados a avançar independentemente dos dirigentes judaicos.

  1. A Reforma no Tempo do Fim
No âmbito do nosso tema, não faria sentido estar aqui a referir movimentos de reforma do passado. Eles tiveram a sua importância e é bom estudá-los, mas para o que nos propomos estudar neste artigo, vamos apenas concentrar-nos na reforma que deverá ter lugar no tempo do fim, imediatamente antes da vinda de Jesus. Essa reforma é indispensável para preparar o povo de Deus para os acontecimentos que precederão a vinda do Senhor, bem como para a própria vinda.
Tocai a buzina em Sião” – O profeta Joel referindo-se ao tempo que precederá a vinda do Senhor, escreveu: «Tocai a buzina em Sião, e clamai em alta voz, no monte da minha santidade: perturbem-se todos os moradores da Terra, porque o dia do Senhor vem, ele está perto: dia de trevas e de tristeza; dia de nuvens e de trevas espessas, como a alva espalhada sobre os montes ...» (1:1-2).
A mensagem de Joel convida a tocar a buzina em Sião, isto é, a igreja. A dar o alarme no monte santo de Deus, isto é, entre o Seu povo, porque tão grandes acontecimentos ocorreriam que todos os povos seriam levados a tremer e estremecer. Acontecimentos esses que indicariam que a vinda do Senhor está mesmo “às portas”.
O profeta continua e diz: «Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim, de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência, e se arrepende do mal. ... Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos, e os que mamam, ... Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio.» (1:12-17).
Face aos tremendos acontecimentos a igreja precisa de ser despertada e chamada a uma conversão genuína, autêntica e profunda de todo o coração. É indispensável que ocorra uma reforma espiritual no seio da igreja, antes que o Senhor se manifeste, com glória e esplendor fulgurante, nas nuvens do céu. Estou certo que o tempo para essa reforma chegou e que todos nós nos devemos empenhar nela, para que passe por todos os cantos e recantos da igreja, sem deixar atrás quem quer que seja, meninos, jovens e adultos.
A serva do Senhor referindo-se a essa grande necessidade da igreja, disse o seguinte: «O povo de Deus não suportará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma entre o povo de Deus, mas esta deve começar a sua obra purificadora entre os ministros.» (Testimonies for the Church, vol. 1, p. 469). «Haja uma reforma entre o povo de Deus.» (Mensagens aos Jovens, p. 317).

  1. Reavivamento


É evidente que, quando falamos de reforma, temos de falar necessariamente de reavivamento, porque eles devem andar sempre juntos. Porém, convém clarificar o que é cada um deles. E ninguém melhor para o fazer do que a serva inspirada do Senhor: «Tem que ter lugar um reavivamento e reforma, sob o ministério do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgimento da morte espiritual. Reforma significa reorganização, mudança de ideias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não produzirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada, e para fazerem essa obra têm de se unir.» (Review and Herald, 25 de Fevereiro de 1902; ou Serviço Cristão, p. 42).
 
Grande Reavivamento no tempo do fim: «Fiquei profundamente impressionada por cenas que me foram recentemente apresentadas à noite. Parecia haver um grande movimento – uma obra de reavivamento – ocorrendo em muitos lugares. Atendendo ao chamado de Deus, o nosso povo estava-se arregimentando. Irmãos, o Senhor está-nos a falar. Escutaremos nós a Sua voz? Não espevitaremos as nossas lâmpadas, e não agiremos como homens que esperam a vinda do seu Senhor? Este tempo exige portadores de luz, requer acção.» (Testemunhos Selectos, vol. 3, p. 441).
«Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito Santo e o poder de Deus serão derramados sobre os Seus filhos.» (O Grande Conflito, p. 371).

  1. Uma Reforma Cabal e Completa
Como povo de Deus, neste tempo do fim, precisamos de acordar para a nossa realidade. A maioria de nós nada está a fazer para proclamar as poderosas mensagens do Céu para os nossos dias. Lamentavelmente, quase a totalidade dos membros das nossas igrejas nem sequer sabe o que são essas mensagens. Se não as conhecem, como as poderão proclamar? Alguns dos temas que se ouvem actualmente nas nossas igrejas não tratam dos assuntos mais importantes para o tempo presente. Todo o sermão deveria dirigir as mentes dos ouvintes para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, bem como para a Sua gloriosa e assombrosa vinda para dar fim ao pecado e pecadores. Ora, se tão terrível obra vai ser realizada, por que não estamos advertindo os pecadores para se refugiarem no Cordeiro de Deus e assim evitarem de ser destruídos, com o pecado, na vinda do Senhor Jesus Cristo? E no final do milénio todos os que, em todas as épocas, viveram em rebelião contra o Senhor?
Impressiona-me muito a afirmação seguinte de Ellen G. White: «Necessitam-se de obreiros agora. Como um povo, não estamos fazendo a quinquagésima parte do que poderíamos fazer como missionários activos. Se tão-somente fôssemos vitalizados pelo Espírito Santo, haveria uma centena de missionários onde agora há um. Mas onde estão os missionários? Não possui a verdade para este tempo poder para inflamar as almas dos que professam crer nela? Quando há um chamado para trabalhar, por que há tantas vozes a dizerem: ‘Rogo-te que me hajas por escusado?’ (Lucas 14:18, 19).» (Conselhos Sobre Saúde, p. 507).
A reforma que o Senhor, de modo especial, deseja ver entre o seu povo, tem a ver com o despertamento para uma actividade sem precedentes na Sua obra. O Senhor deseja ver aqueles que crêem nas Suas verdades, para este tempo, a proclamá-las de viva voz aos seus familiares, amigos, vizinhos e todos quantos encontrarem nos caminhos e atalhos da vida. O Senhor diz a cada um de nós: «Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e trazei aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. ... Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha» (Lucas 14:21, 23). Esta é a reforma que o Senhor espera e anseia ver em cada um de nós. Não é tanto uma mudança com o objectivo de sermos mais santos do que os mundanos, mas antes fazermos mudanças radicais nas nossas vidas com vista a salvá-los para o reino da glória do Senhor. E será na medida em que trabalharmos pelos descrentes que os nossos caracteres se tornarão cada vez mais semelhantes ao de Cristo. Não esqueçamos que Ele foi um obreiro incansável. E na medida em que trabalhava em favor dos miseráveis, pobres, doentes e destituídos de esperança e de Deus, nas suas vidas, é que o Senhor sentia cada vez mais necessidade de oração e comunhão com o Pai. Ter comunhão com Deus apenas para nós mesmos, diria que é quase uma inutilidade. Porque o Senhor está pronto a investir-nos do Seu poder, tão só na medida em que estivermos dispostos a partilhá-lo com outros. Quando o Senhor alimentou a multidão, Ele entregou o pão e o peixe aos discípulos para estes o entregarem aos milhares de famintos diante deles. Assim se dá com o pão espiritual nos nossos dias. O Senhor dá-nos na medida em que estivermos empenhados em o distribuir, logo de seguida, aos famintos espirituais diante, ou ao redor, de nós. Não adianta pedirmos a unção do Espírito Santo para as nossas vidas, se não estivermos dispostos a cumprir a missão que o Senhor nos incumbiu. Aliás, o Senhor prometeu o Espírito Santo no contexto mesmo da missão (Actos 1:8).
Quando esta reforma se operar entre nós, contemplaremos o grande movimento de reforma de que falou Ellen G. White: «Em visões da noite passaram perante mim representações dum grande movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a Deus. Os enfermos eram curados, e outros milagres eram operados. Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda a parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebidas pelo fiel e humilde povo de Deus. Ouvi vozes de acções de graças e louvor, e parecia haver uma reforma como a que testemunhámos em 1844.
«Contudo, alguns recusavam converter-se. Não estavam dispostos a andar nos caminhos de Deus, e quando, para poder avançar a obra divina, eram feitos pedidos de ofertas voluntárias, alguns se apegavam egoistamente às suas posses terrestres. Esses ambiciosos foram separados do grupo de crentes.» (Testimonies for the Church, vol. 9, p. 126).
«A fim de preparar um povo para estar em pé no dia de Deus, deveria realizar-se uma grande obra de reforma. Deus viu que muitos dentre o Seu povo professo não estavam edificando para a eternidade, e na Sua misericórdia estava prestes a enviar uma mensagem de advertência a fim de despertá-los do seu torpor e levá-los a preparar-se para a vinda de Jesus.
«Esta advertência temo-la em Apocalipse 14. Apresenta-se-nos ali uma tríplice mensagem como sendo proclamada por seres celestiais, e imediatamente seguida pela vinda do Filho do homem para recolher a messe da Terra. A primeira dessas advertências anuncia o juízo que se aproxima.» (O Grande Conflito, p. 251-252).

  1. Reforma da Saúde
  2. A maioria dos Adventistas são avessos à reforma da saúde, porque esta exige abandono de práticas e costumes que não estão dispostos a abandonar. Isto faz-me lembrar a história africana da melhor maneira de apanhar um macaco. Trata-se de colocar uma maçaroca de milho dentro de uma panela ou outro utensílio, num local frequentado por macacos. Logo que um deles se apercebe da maçaroca dentro do tal utensílio corre para a apanhar. Porém, depois de agarrar a maçaroca verifica que não consegue trazê-la para fora, porque a mão apegada à maçaroca faz um volume maior, que não passa na boca de saída da panela. Quando o caçador se aproxima dele, ele guincha em pânico, mas não larga a maçaroca. Como não a larga, também não está livre para fugir. E desta maneira acaba por ser apanhado. Assim podemos exemplificar a vida de muitos Adventistas, estão tão agarrados aos seus hábitos erróneos de comer e beber, que preferem ser surpreendidos com doenças, daí resultantes, do que abandonar tais práticas e serem um exemplo positivo e atractivo para os incrédulos.
«Se os Adventistas do Sétimo Dia pusessem em prática o que professam crer, se fossem sinceros reformadores da saúde, seriam realmente um espectáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. E revelariam um zelo bem maior pela salvação daqueles que ignoram a verdade.
«Grandes reformas devem ser constatadas entre o povo que alega estar aguardando o breve aparecimento de Cristo. A reforma da saúde deve efectuar entre o nosso povo uma obra ainda não realizada até agora. Existem os que deviam estar atentos ao perigo da alimentação cárnea, os quais ainda se alimentam da carne de animais, pondo em perigo, dessa forma, a saúde física, mental e espiritual. Muitos que agora são apenas meio convertidos quanto à questão da alimentação cárnea, separar-se-ão do povo de Deus, para não mais andar com ele.» (Conselhos Sobre Saúde, p. 575).

Quem Promoverá a Reforma

É evidente que, em todos os tempos, sempre que o Senhor achou necessário chamar o Seu povo à reforma, Ele o fez por intermédio de homens e mulheres íntegros e leais a Ele e aos Seus ensinos.
«A homens de princípios, fé e ousadia, deve o mundo as grandes reformas. Por tais homens tem de ser levada avante a obra de reforma para este tempo.
«Assim diz o Senhor: ‘Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei: não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias, porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como a lã: mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração.’ (Isa. 51:7-8).» (O Grande Conflito, p. 368).
«Deus chama homens – que à Sua vista sejam verdadeiros. Devem ser operadas reformas nas igrejas. Há agora grande necessidade de reinstalar nos corações de homens e mulheres a reverência dos velhos tempos pelos Dez Mandamentos. Pela obediência a estes mandamentos deve a humanidade ser santificada, para que os resultados do cepticismo não sejam fortalecidos, mas que o fundamento da nossa fé seja manifestado e todos os preceitos da santa lei de Deus cumpridos. A compreensão da responsabilidade individual deve ser despertada. Os homens devem lembrar-se que, a fim de serem considerados homens pelo Senhor, o seu curso de acção deve ser justo, puro e verdadeiro.» (Filhos e Filhas de Deus, p. 194).
«Aquele que se propõe reformar os semelhantes deve começar por se reformar a si mesmo.» (Testemunhos Selectos, vol. 2, p. 257).
Todas as reformas devem começar por nós e não pelos outros

6. Falsa Reforma

«Quando alguém se põe a afastar do corpo organizado de pessoas que guardam os mandamentos de Deus, quando começa a pesar a igreja nas suas balanças humanas e começa a pronunciar juízo sobre aqueles que a compõem, então podeis saber que Deus não o está a dirigir. Ele está na vereda errada.» (Mensagens Escolhidas, livro 3, p. 18).

7. Quem Não Suportará o Teste

«Cada coração em cada casa precisa de assumir o trabalho de exame próprio, caso contrário alguns descobrirão, como aconteceu com Saul, que estão destinados para a destruição. Isto é especialmente aplicável a homens que ocupam posições de responsabilidade. Disse o Senhor: ‘Eu não sirvo com plano algum egoísta’. Todos precisam agora de buscar ao Senhor. O povo de Deus não suportará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma. O Senhor não admitirá nas Suas mansões, que está a preparar para os justos, uma única alma que for auto-suficiente.» (Testimonies for the Church, vol. 7, p. 285).

8. Um Chamado para a Reforma

«A não ser que a igreja, que está agora a levedar com a sua própria recaída, se arrependa e converta, ela comerá do fruto das suas próprias obras, até se detestar a si mesma. Quando ela resistir ao mal e escolher o bem, quando buscar a Deus com toda a humildade e alcançar o seu alto chamado em Cristo, permanecendo na plataforma da verdade eterna e pela fé fizer uso dos dotes preparados para ela, ela será curada. Ela aparecerá na simplicidade e pureza que Deus lhe deu, separada dos emaranhamentos terrenos, mostrando que a verdade a tornou verdadeiramente livre. Então os seus membros serão realmente os escolhidos de Deus, os Seus representantes.» (Ibidem, vol. 8, pp. 250-251).

9. Quando Chegará o Tempo para a Reforma

«Chegou o tempo para ter lugar uma completa reforma. Quando esta reforma começar, o espírito de oração actuará em cada crente e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta. Aqueles que não tiverem estado a viver em companheirismo cristão aproximar-se-ão cada vez mais uns dos outros. Um membro a trabalhar em linhas rectas levará a que outros membros se unam a ele em fazer intercessão pela revelação do Espírito Santo. As barreiras que separam os crentes, entre si, serão derribadas, e os servos de Deus falarão as mesmas coisas. O Senhor cooperará com os Seus servos. Todos orarão, com compreensão, a oração que Cristo ensinou aos Seus servos: ‘Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade aqui na terra como ela é feita no céu.’ (Mat. 6:10).» (Ibidem, p. 251).

Conclusão

«Os que recusarem dar atenção à instrução do Senhor caminharão, sem parar, descendentemente para o caminho da ruína. O dia do teste e da prova está mesmo diante de nós. Que cada homem assuma as suas próprias cores. Escolhereis a lealdade ou a rebelião? Mostrai as vossas cores a homens e anjos. Nós só estaremos seguros quando estivermos empenhados naquilo que é recto. Então o mundo saberá onde nos encontraremos no dia da prova e da perplexidade.» (Ibidem, p. 96).


Por Manuel Nobre Cordeiro

Luís Carlos Fonseca

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