Dez Conselhos para Interpretar os Escritos de Ellen White
Várias
orientações sobre a melhor maneira de interpretar os escritos de
Ellen White têm aparecido nos textos adventistas, uma vez que se
trata de um tema de interesse permanente.
Há
60 anos, o professor T. Housel Jemison sugeriu três regras de
interpretação simples e práticas no livro A
Prophet Among You:
(1) busque tudo o que o profeta disse sobre o tema em consideração
antes de chegar a uma conclusão; (2) estude o contexto interno e
externo no esforço para resolver qualquer aparente discrepância;
(3) determine se o conselho do profeta é um princípio (aplicável a
todos, em qualquer tempo e lugar) ou um padrão variável (que pode
mudar com as circunstâncias).
Por
sua vez, em How
to Use and Interpret the Bible and the Writings of Ellen White,
James Zackrison apresentou cinco categorias de princípios de
interpretação dos escritos de Ellen White: (1) princípios sobre a
autoridade; (2) princípios sobre a inspiração; (3) princípios que
tenham que ver com o que se deve fazer; (4) princípios que tenham
que ver com a interpretação; (5) princípios que tenham que ver com
a aplicação universal.
Na
seção VI de seu livro Mensageira
do Senhor,
Herbert E. Douglass fez uma exposição ampla de oito regras internas
e de oito regras externas de interpretação.
Entre outras coisas, ele diz que é necessário entender a relação
dos escritos de Ellen White para com a Bíblia e a maneira pela qual
os livros dela foram preparados.
ORIENTAÇÕES
DA AUTORA
A
própria Ellen White deixou conselhos para a compreensão adequada de
seus textos inspirados. É muito clara sua preocupação quanto à
interpretação do que lhe foi transmitido. Em 1901, ela escreveu:
“Sei que muitos homens tomam os testemunhos que o Senhor tem dado e
os aplicam como lhes parece que devam ser aplicados, pegando uma
sentença aqui e outra ali, tirando-as de sua devida ligação e
aplicando-as segundo sua ideia” (Manuscrito 21, 1901, em Mensagens
Escolhidas,
v. 1, p. 44). Será útil, então, recordar alguns de seus conselhos.
1.
Reconheça a autoridade pastoral e doutrinária dos escritos de Ellen
White. Sua
autoridade provém da revelação divina: “O poder de Deus vinha
sobre mim, e eu era habilitada a definir claramente o que é a
verdade e o que é erro” (Mensagens
Escolhidas,
v. 3, p. 32).
2.
Tenha em conta o contexto: o tempo, o lugar e as circunstâncias.
Ellen
White torna isso explícito: “Quanto aos testemunhos, coisa alguma
é ignorada; coisa alguma é rejeitada; o tempo e o lugar, porém,
têm que ser considerados” (Mensagens
Escolhidas,
v. 1, p. 57). “Deus quer […] que raciocinemos movidos pelo senso
comum. As circunstâncias alteram as condições. As circunstâncias
modificam a relação das coisas” (Mensagens
Escolhidas,
v. 3, p. 217).
3.
Compreenda a natureza dinâmica da inspiração. Este
texto é esclarecedor: “Se bem que eu dependa tanto do Espírito do
Senhor para escrever minhas visões como para recebê-las, as
palavras que emprego ao descrever o que vi são minhas, a menos que
sejam as que me foram ditas por um anjo, as quais eu sempre ponho
entre aspas” (Mensagens
Escolhidas,
v. 1, p. 37).
4.
Compare um texto com outro e permita que os testemunhos expliquem a
si mesmos. Diz
Ellen White: “Os próprios testemunhos serão a chave que explicará
as mensagens dadas, como texto escriturístico é explicado por texto
escriturístico” (Mensagens
Escolhidas,
v. 1, p. 42).
5.
Não adote o conceito de graus de inspiração. A
autora viu perigo em tal postura: “Há alguns professos crentes que
aceitam certas porções dos Testemunhos como mensagens de Deus,
enquanto rejeitam as que condenam suas inclinações favoritas. Tais
pessoas estão trabalhando contra seu próprio bem-estar e contra o
bem-estar da igreja. É essencial que andemos na luz enquanto a
temos” (Testemunhos
Para a Igreja,
v. 9, p. 154).
6.
Aceite as ideias inspiradas, sem buscar apenas provar suas próprias
opiniões. Ellen
White viu que essa é a armadilha em que muitos caem: “Muitos
estudam as Escrituras com a finalidade de provar que suas próprias
ideias são corretas. Alteram o sentido da Palavra de Deus para que
corresponda às suas próprias opiniões. E procedem também assim
com os testemunhos enviados por ele. Citam metade de uma frase, e
omitem a outra metade, a qual, se fosse citada, mostraria que seu
raciocínio é falso. Deus tem uma controvérsia com os que torcem as
Escrituras, fazendo com que elas se ajustem às suas ideias
preconcebidas” (Manuscrito 22, 1890, em Mensagens
Escolhidas,
v. 3, p. 82).
7.
Não se deixe levar por rumores. O
conselho de Ellen White é claro e simples: “Não deem crédito a
relatos não autorizados sobre o que a irmã White fez, disse ou
escreveu. Se desejam saber o que o Senhor revelou por meio dela,
leiam suas publicações” (Testemunhos
Para a Igreja,
v. 5, p. 696). Segundo Ellen White, não devemos espalhar rumores
sobre o que ela disse.
8.
Compreenda o valor permanente dos princípios revelados. A
autora acreditava nos princípios permanentes que lhe haviam sido
mostrados: “As instruções dadas nos primeiros tempos da mensagem
devem ser conservadas como instruções dignas de confiança para se
seguirem nesses seus dias finais” (Mensagens
Escolhidas,
v. 1, p. 41). “O que era verdade então é verdade hoje”
(Mensagens
Escolhidas,
v. 2, p. 104).
9.
Evite as interpretações extremistas. Em
assuntos como a vestimenta se requer equilíbrio: “Existe uma
posição intermediária nessas coisas. Oh, possamos todos encontrar
sabiamente essa posição e conservá-la!” (Conselhos
Sobre Saúde,
p. 605). A autora apela para a moderação também no tema da
alimentação: “Vocês não precisam entrar na água, nem no fogo,
mas tomem o caminho mediano, evitando todos os extremos” (Conselhos
Sobre o Regime Alimentar,
p. 211). “Temos visto em nossa experiência que, se Satanás não
conseguir prender as pessoas no gelo da indiferença, ele procurará
impeli-las para o fogo do fanatismo” (Testemunhos
Para a Igreja,
v. 5, p. 644). “Devemos guardar-nos de criar extremos, de animar os
que tendem a estar ou no fogo, ou na água” (Testemunhos
Para Ministros,
p. 227).
10.
Espere uma compreensão progressiva das coisas de Deus. Isso
ocorria com os próprios profetas bíblicos: “Por sessenta anos
tenho estado em comunicação com mensageiros celestiais, aprendendo
constantemente algo a respeito das coisas divinas e da maneira pela
qual Deus está constantemente atuando, a fim de conduzir pessoas do
erro de seus caminhos para a luz” (Mensagens
Escolhidas,
v. 3, p. 71).
Além
dos benefícios advindos da aplicação dos bons princípios de
hermenêutica, é de grande ajuda seguir os conselhos de Ellen White
sobre a compreensão de seus escritos, que são uma bênção para os
cristãos e toda a igreja.
Autor: Daniel Oscar Plenc é
professor de teologia na Faculdade Adventista da Amazônia, no Pará
Luís Carlos Fonseca
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