sábado, 18 de junho de 2011

HISTÓRIA REAL DE UM CRENTE NA ERA LAODICEANA (Parte V)

Este é o quinto bloco de nossa entrevista com o irmão “Z”. Inicialmente pretendíamos concluir em três blocos, mas nossos leitores têm enviado perguntas que o entrevistado concordou em responder, pois o tema tratado atende a interesses eternos. Que Deus abençoe nossos leitores e que esse relato sirva para aquecer os corações e glorificar ao nosso Deus.

Irmão “Z”, finalizando o bloco anterior, o irmão prometeu contar-nos a respeito das demais mudanças no seu modo de falar, além das piadas e anedotas que foram eliminadas. O que mais mudou, então?
Antes de começar a responder, gostaria de lhe pedir um favor, pergunte aos seus leitores, se alguém, movido pelo desejo de ajudar a outros, gostaria de enviar algum depoimento sobre resultados advindos da leitura desta entrevista. Gostaria também de saber se alguém meditou nas palavras dos hinos 206, 287 e 302 do Hinário Adventista, sugeridos nos dois blocos anteriores, e qual mensagem se destacou que antes não era percebida.


Sem dúvida, irmão “Z”, fica aqui registrado o nosso pedido ao querido leitor, com a promessa de mantermos seu nome em sigilo se esta for a sua preferência. Agora, então, vamos à sua resposta.
Ok. Antes precisa ficar bem claro que o caminho de escape para toda tentação está em Tiago 4:7, “sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. Não podemos resistir ao diabo, mesmo com a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, sem antes nos sujeitarmos a Deus. Verso bíblico ou hino não são amuletos. Mesmo tendo, pela manhã, feito uma entrega completa da vida a Deus e nascido de novo, na hora da tentação temos novamente que nos sujeitar a Deus, ou seja, escolher a quem servir. Este processo deve ocorrer em cada tentação. Também precisa ficar bem claro que, na hora da tentação, só tem o poder de escolha a pessoa que está vivendo pelo poder do Espírito, que tem a guia do Espírito e a vigilância do Espírito contra a tentação, e que pela fé já obteve a vitória sobre toda tentação. Medite em Hebreus 4:16. Do contrário, ao ser tentada, a pessoa considera a tentação, isto quer dizer, aprecia ou concebe a tentação, em vez de refugiar-se em Deus. Conforme está explicado no primeiro capítulo de Tiago, nessa contemporização com a tentação efetiva-se o pecado. Mesmo que em
seguida essa pessoa busque a Deus, naquele momento a alma já fora contaminada. Aqui é onde muitos falham, falo por experiência própria. O episódio em que Pedro afundou no mar da Galiléia depois de ter andado sobre as águas exemplifica esse conceito.

Irmão “Z”, parece-me que essa foi uma introdução à sua resposta. E na verdade estou ansioso por ela, mas fiquei também interessadíssimo em expandir o conceito de pecado. E tentação. Seria possível, irmos às suas demais vitórias sobre o seu modo de falar e depois voltarmos a esse tema?
Sim, como você preferir. Mas preciso fazer uma correção imediatamente em sua pergunta. Não são minhas vitórias. A vitória é de Cristo operando em minha vida, pelo poder do Espírito Santo. Tudo que é de bom vem do Senhor. Agora estou mais tranquilo para prosseguir. Depois de parar de contar piadas pude ver, pela misericórdia de Deus, que amontoei muito lixo em minha mente. Piadas geralmente denigrem alguém, alguma raça, alguma cor de pele ou cabelo. De várias formas ressaltam deficiências, exploram a malícia, e estimulam grotescamente a nos sentirmos superiores aos debochados a quem citamos nas anedotas. Poderia isso ser isso inofensivo à formação de um caráter puro que será levado para o Céu? Veja então, que a primeira benção que se seguiu à decisão de abandonar as piadas foi a visão da malignidade desse pecado. Aprendi desse episódio, que devo obedecer para ver, e não ver para obedecer. A obediência deve vir pela fé. Se há um “assim diz o Senhor” por que questionar? Se Deus quiser, Ele pode nos mostrar os por quês de Sua ordem, se não, devemos obedecer assim mesmo. Ao homem não cabe dizer a Deus “sim”, “não”, “talvez” ou “por que?”, mas “sim” e “amém”.
 
Irmão “Z”, o que mais se seguiu?
Sim, o Senhor abriu meus olhos para muitas coisas: Seu nome tomado em vão em expressões do cotidiano e mesmo em múltiplas repetições na oração; palavras descorteses ditas principalmente dentro do lar; palavras negativas; reclamações; queixas; xingamentos no trânsito ou mesmo em situações de dor física, como acertar o dedo com o martelo ou tomar um choque elétrico; e principalmente a arte cruel de criticar. O mais importante, no entanto, foi o surgimento do desejo de falar, ler e estudar mais sobre temas espirituais que preencheu o lugar antes ocupado por palavras frívolas ou simplesmente temporais.
Curioso o irmão chamar a crítica de “arte”.
Desenvolvemos o hábito de criticar e não é possível percebê-lo a não ser pela misericordiosa ação do Espírito, falo por experiência própria. Digo que é mais fácil deixar de comer carne do
que deixar de criticar. Algumas vitórias são concedidas instantaneamente, outras somente depois de muito jejum e oração. Cada um deve ter sua própria experiência com Deus. A vitória vem do Senhor, mas requer negação do eu e submissão constante e incondicional do crente. A crítica em muitos casos é cabível e até mesmo necessária, mas deve ser feita exclusivamente a quem de direito, e envolvida em profundo amor e compaixão que só o Espírito Santo pode conceder. Por outro lado, há certo tipo de crítica que é construída estrategicamente para anular a influência dos servos de Deus. Fizeram isso com Jesus e farão com todos os que buscam imitá-Lo. Quando os que são contra não conseguem atacar a mensagem por ser a verdade, então se voltam contra o mensageiro. Leia Provérbios capítulo seis e veja como Deus odeia a maledicência. Por isso, meu irmão, nunca vá falar de alguém ao seu pastor, nem na Associação, nem no seu blog, nem através de cartas anônimas, nem a ninguém. Siga o princípio de Mateus 18 e peça amor a Deus, caso contrário você estará pecando e fazendo com que o ouvinte, o leitor, ou mesmo o seu pastor peque igualmente. Que o Senhor nos livre de sermos pedras de tropeço.
Duro é esse discurso, mas como aconteceu com Isaías, a brasa viva que purifica nossos lábios vem do altar de Deus, não é mesmo?
Que bom que o irmão citou desse fato ocorrido com o profeta Isaías. Você sabia que esse símbolo tem duplo significado? Há pouco tempo, lendo os Comentários de Ellen White sobre a Lição da Escola Sabatina deste trimestre, vi que a brasa viva simboliza purificação feita por Deus e também o poder dos esforços dos servos do Senhor. Fiquei surpreso com esse segundo conceito, mas está lá no dia 16 de maio. Apesar de o mérito ser todo de Deus (sublinhe o “todo”, por favor), o homem coopera com Deus. Fé e ação. Compensa pesquisar mais sobre esse tema. Louvo ao Senhor pela obra que fez e está fazendo em minha vida e na de todo aquele O busca, e pelo poder que nos outorga para fazermos a nossa parte. A Ele seja toda a glória e honra!
Essa experiência de Isaías é realmente impressionante. Mal posso imaginar um mundo sem mentiras e maledicência. O irmão teria algum exemplo que esclareça esse conceito de cooperar com Deus?
Caro irmão, estou engatinhando nesse processo de conhecer o Plano da Redenção. Parece que mal toco à superfície desse tão glorioso tema. Por isso, temo dar algum testemunho que possa parecer vanglória ou mesmo que pareça estar estabelecendo alguma regra. Somente pelo Espírito Santo podemos discernir os temas espirituais. O que precisa ficar claro é o princípio por trás da regra. Isso é muito importante. As regras podem mudar, mas os princípios são
imutáveis. No caso das palavras, elas surgem primeiro no pensameno, então seria muito bom procurar saber o que Deus quer pensemos. Se você tiver interesse em aprender sobre isso, comece por Filipenses 4:8 e Provérbios 23:7. E aproveite para cantar e meditar no hino “Eu Não, mas Cristo”, número 294 do Hinário Adventista. Em outra ocasião poderemos voltar a esse assunto.
irmão “Z”, gostaria muito de um exemplo; creio que nossos leitores, com a ajuda de Deus, saberão aproveitá-lo da melhor forma possível.
Essa é minha oração. Note que eu nem citei a mentira, mas também nesse aspecto o Senhor me mostrou diversas coisas em minha vida que O desagradava. Todos os cristãos são contra a mentira, certo? Isso parece óbvio. Eu também abominava e abomino a mentira, mas... o meu conceito de mentira estava deturpado; era um conceito humano e não bíblico. E Deus, na Sua misericórdia, foi me mostrando que mentira não tem cor, e que as palavras do cristão devem ser cem por cento verdadeiras.
Concordo plenamente. Vamos então à experiência...
Passei por uma situação interessante. Em um dado momento o Senhor me deu a graça de evoluir o conceito de verdade e tomar a decisão de não mentir sob qualquer pretexto. Essa decisão ocorreu quando eu estava no final de uma viagem aos EUA. Você sabe que há uma infinidade de produtos nos EUA com preço bem abaixo do que no Brasil, mas a cota para entrar em nosso país com produtos estrangeiros isentos de impostos é de apenas US$ 500, acima disso, se você declarar irá pagar 50% de imposto, e 100% se você não declarar e for pego pela fiscalização, ou então o fiscal confisca o excesso. Ocorre que a fiscalização é aleatória, o que dá a chance de entrar com excesso de cota e não pagar imposto, mas para isso você tem que assinalar “nada a declarar” no formulário da Alfândega, ou seja, você tem que mentir.
Interessante, irmão “Z”, prossiga por favor.
Além de minhas compras que já completavam a cota, havia comprado encomendas para três amigos do Brasil, além de um pacote que meu anfitrião nos EUA pediu que eu trouxesse para um amigo dele. Para essas pessoas queridas não poderia negar esse favor, e quando recebi os pedidos não estava preocupado em mentir para a Alfândega, pois até então não considerava essa prática como mentira. Mas o fato de ser usual não torna a mentira em verdade, não é mesmo? Agora veja o que aconteceu: pouquíssimo tempo depois da benção do Senhor em tomar a decisão de não mentir, chegou o momento, no avião, de preencher o formulário da
Alfândega, então... vi que estava com um problemão. Se tivesse que declarar as encomendas dos amigos teria que pagar o imposto, e não me sentiria a vontade para cobrar deles, pois certamente eles teriam dificuldade em entender minha decisão; pagar o imposto por eles também não me parecia justo, pois os valores eram significativos (só uma das encomendas, um aparelho de engenharia, custara mais de US$ 300).
Irmão “Z”, estou curioso, como você resolveu essa impasse?
Meu amigo, o nosso Deus é maravilhoso, onde não vemos nenhuma solução o Senhor tem mais de mil. Orei expondo-Lhe o problema; confessei minha total incompetência em resolvê-lo; e entreguei a situação ao Senhor. Preenchi o formulário e antes de me dirigir ao setor de imposto a pagar orei novamente dizendo que preferia não pagar o imposto, mas pagaria sem cobrar dos amigos, se assim tivesse que ser. Fiquei em paz (Jesus dá a paz!) e mesmo que tivesse que pagar o imposto ficaria agradecido pela benção de falar a verdade. Então, entreguei o formulário preenchido ao fiscal com os valores das mercadorias. O fiscal pegou o formulário e...

Irmão “Z”, preciso interrompê-lo mais esta vez e pedir que conclua esse testemunho no próximo bloco. Avançamos muito desta vez, e nem conseguimos nos aprofundar no tema da tentação e pecado.
Ok. Como você preferir. Até breve, se Deus quiser, e oremos uns pelos outros.

Mauro Carnassalli

Luís Carlos Fonseca


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