sexta-feira, 17 de maio de 2013

Igreja Adventista do 7º Dia - 150 anos


Igreja Adventista do 7º Dia - 150 anos

Introdução - Texto bíblico: I Samuel 7:12, II Pedro 3:11-13

Há 150 anos, a nossa Igreja nasceu como uma organização religiosa reconhecida, com um nome, um conjunto de doutrinas, um grupo de crentes, uma sede, uma missão e mais. Embora todos esses aspetos estivessem em desenvolvimento, agradecemos a Deus por ter inspirado pessoas a terem uma visão e a tornarem-na realidade.


Como uma nova denominação aparentemente insignificante – uma entre milhares de outras comunidades de fé que se desenvolveram em solo americano – os Adventistas, num século e meio, tornaram-se uma igreja mundial vibrante, com cerca de 18 milhões de membros batizados. Hoje, ela continua a ser uma das organizações cristãs com crescimento mais rápido no mundo.

Honestamente, na Europa, apenas temos uma ideia muito vaga da história da nossa Igreja. Sabemos que o Adventismo se originou nos Estados Unidos, e sabemos muito pouco acerca do desenvolvimento do Adventismo no nosso próprio país.

O que sabemos é que somos uma Igreja que acredita na Segunda Vinda de Jesus, que respeita o Sábado como o sétimo dia do mandamento, que adota um estilo de vida que respeita o património de saúde que Deus nos deu na Criação, e que baseia as suas crenças na Bíblia toda.

Hoje vamos fazer uma pequena viagem para encontrarmos a história da nossa Igreja. Não se trata de uma simples lição de História, mas ler acerca da direção de Deus no passado só pode fortalecer a nossa fé e a nossa confiança no futuro do nosso Movimento Adventista.

A história Adventista

A história da nossa Igreja Adventista do Sétimo Dia começa com o movimento millerita.

Os milleritas acreditavam firmemente que o “segundo advento” de Jesus Cristo (a Sua segunda vinda à Terra) ocorreria em 22 de outubro de 1844. Quando essa segunda vinda não se deu, muitos milleritas ficaram desiludidos e perderam a fé no segundo advento; mas outros voltaram a estudar as Escrituras.
Nos 15 anos seguintes, antigos milleritas, que se encontraram numa série de “conferências bíblicas”, identificaram uma quantidade de verdades bíblicas esquecidas desde os dias da Igreja primitiva. As verdades-chave que eles adotaram foram:

1. A segunda vinda de Cristo é iminente e será literal, não metafórica, vista por todo o mundo.
2. Que o sétimo dia, o Sábado, não o Domingo, é o dia de repouso indicado por Deus e que a obrigação de o guardar é perpétua.
3. Que Deus não atormenta os pecadores eternamente, mas que os mortos “dormem” até à segunda vinda e ao juízo final.
4. Que Cristo ministra no santuário celestial, mediando assim para nós os benefícios da Sua morte na cruz, salvando-nos pela Sua justiça, não pelas nossas obras.
5. Que, nos últimos dias, os cristãos serão tentados pela apostasia, mas serão chamados de novo à verdade divina – a “mensagem dos três anjos” de Apocalipse 14 – por um pequeno “remanescente” de crentes fiéis.
6. Que o remanescente seria marcado pela existência de um ministério profético.
Em tudo isto, foram guiados por uma jovem mulher, Ellen G. Harmon, que, em seguimento da sua sexta crença, eles reconheceram como profeta, inspirada por Deus.

Os Adventistas apareceram gradualmente. Nos anos de 1850, não havia nenhuma Igreja Adventista do Sétimo Dia – apenas pequenos grupos espalhados pelo Norte dos Estados Unidos, que tinham essas crenças em comum, mas que nem sequer tinham um nome para si mesmos, embora alguns, como Tiago White, se identificassem como pertencendo ao “Grande Movimento do Segundo Advento”, enquanto outros usavam o termo “adventista sabatista”.

Mas, por fim, inspirados pela grande comissão dada por Cristo de “ir e fazer discípulos”, os adventistas sabatistas reconheceram a necessidade de se organizarem, de modo a poderem mais eficazmente e mais amplamente proclamar a terceira mensagem angélica.

Um passo vital foi dado por uma reunião de delegados de todo o Norte dos Estados Unidos no dia 1 de outubro de 1860, que concordaram em “tomar o nome de Adventistas do Sétimo Dia”. Depois, no dia 20 de maio de 1863, numa reunião posterior, delegados de todos os estados americanos em que havia congregações Adventistas do Sétimo Dia, formaram a “Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia” – uma igreja organizada, focada na missão e na proclamação das boas novas de um Deus que nos criou, que viveu entre nós, que morreu por nós e que nos redime.

Uma igreja que surgiu de uma visão jovem

Durante os anos formativos do movimento, os seus líderes eram maioritariamente jovens, nos anos finais da sua adolescência, vinte e trinta. No momento do Grande Desapontamento de 1844, Tiago White tinha 23; Ellen White e Annie Smith tinham 16; John N. Andrews tinha 15 e Minerva Loughborough ainda não tinha 15. Uriah Smith e John Loughborough (irmãos de Annie e de Minerva) tinham apenas 13, e George I. Butler tinha só 10 anos.

Contudo, foram estes jovens homens e mulheres, ajudados por pessoas mais idosas, como Joseph Bates (que, em 1844, tinha 52 anos), que tomaram a dianteira nas conferências bíblicas do final dos anos de 1840 e 1850, durante as quais as crenças do que se tornou a Igreja Adventista do Sétimo Dia foram discutidas, debatidas e aceites. Foram eles que publicaram uma série de panfletos, apresentando de forma persuasiva as novas crenças, assim como uma revista, The Advent Review and Sabbath Herald (a Revista Adventista americana de hoje), que ligava todos os crentes espalhados por toda a parte, e sem a qual a Igreja nunca teria sido fundada.

Foram eles que dirigiram os esforços para transformar a rede de pequenos grupos de crentes numa organização que uniria todos os Adventistas do Sétimo Dia e providenciaria a base para a missão. Muitos dos jovens de 1850 foram líderes da Igreja até aos anos de 1880, e alguns até ao século XX.

Embora só homens estivessem presentes na Sessão que deu origem à Conferência Geral, em 1863, entre os membros da recém-formada Igreja as mulheres eram proeminentes.

Hoje, vemos fotos dos nossos pioneiros no fim da sua vida, com a sua face marcada pelo esforço de vidas de lutas contra circunstâncias tremendas. É fácil esquecer que eles criaram a nossa Igreja quando estavam nos seus vinte e trinta – os Adventistas deram às mulheres papéis importantes na liderança, e é muito pouco conhecido que em 1850, não só a maioria dos crentes era abolicionista fervorosa, mas também que, no final do século XIX, quando os negros e os chineses estavam a ser relegados para cidadãos de segunda classe nos Estados Unidos, os Adventistas do Sétimo Dia ordenavam-nos para o ministério e confiavam-lhes importantes tarefas missionárias. Ao fazerem isto, os Adventistas desafiavam a sociedade americana da época, que não valorizava muito a juventude e marginalizava as mulheres e as minorias étnicas.

Uma Igreja com raízes profundas

Os Adventistas do Sétimo Dia acreditam que a Reforma do século XVI não foi apenas um evento que marcou uma época, mas que foi o trabalho de Deus ao chamar os cristãos para exaltarem o coração da mensagem evangélica. No início da história dos Adventistas do Sétimo Dia, Ellen White escreveu: “Erguendo a voz contra os erros e pecados da igreja papal, [Lutero] esforçou-se com ardor para romper a cadeia de trevas que prendia milhares, e os fazia confiar nas obras para a salvação. Almejava poder patentear ao espírito deles as verdadeiras riquezas da graça de Deus e a excelência da salvação…” (Primeiros Escritos, p. 223).

Assim, os historiadores da Igreja Adventista na Europa muitas vezes tiraram da Reforma elementos importantes para a compreensão que a Igreja Adventista tem de si própria. Tantos os Reformadores como os Adventistas hoje se veem como um movimento de protesto, de reforma baseado na Bíblia.

Quatro pontos importantes em que se baseia todo o mundo protestante:
– Sola Scriptura – Só a Bíblia, significa que tudo o que diz respeito à fé e à vida cristãs deve ser tirado apenas das Escrituras.
– Sola Gratia – Só pela graça, significa que a redenção está isenta de todas as obras humanas e que a salvação do homem está enraizada apenas na misericórdia de Deus.
– Sola Fide – Só pela fé, significa que a nossa aceitação por Deus é conseguida através da confiança na obra da salvação realizada por Cristo.
– Solo Cristo – Só por Cristo, significa que Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. Não há outro mediador no Céu nem na Terra.

Uma Igreja com uma missão
Demorou algumas décadas até que os Adventistas compreendessem que tinham uma missão que se estendia para além das fronteiras dos Estados Unidos da América. Inicialmente, eles acreditavam que “todo o mundo” se podia encontrar entre os imigrantes que tinham deixado “o velho mundo” à procura de um futuro melhor. Mas isso mudou rapidamente.

John Neville Andrews, o primeiro missionário oficial Adventista, partiu para a Europa em 1874. Antes do fim do século, os missionários Adventistas tinham chegado a todos os continentes. Por essa altura, o mandato de Cristo de pregar o evangelho “em todo o mundo” foi, sem hesitação, aplicado à missão da Igreja Adventista: a proclamação mundial da ‘mensagem dos três anjos’.

Ao longo dos anos, a consciência missionária flutuou devido a circunstâncias externas e internas, mas permaneceu forte. Os anos de 1920 e início dos anos 30 foram, provavelmente, a época de maior zelo missionário. Um novo esforço missionário para alcançar “todos os povos” foi lançado com a iniciativa da “Missão Global” de 1990.

Uma Igreja com uma teologia

O Adventismo vê-se a si mesmo como um movimento enraizado na Reforma do século XVI, em particular na obra de Lutero e dos reformadores “radicais”. Mas, tendo começado, como começou, na América do Norte do século XIX, também foi fortemente influenciado por vários movimentos protestantes desse período, como a Conexão Cristã e o Metodismo.

Demorou a maior parte do século XIX para a Igreja Adventista do Sétimo Dia definir a sua teologia. Isto foi verdade não só em relação às doutrinas específicas Adventistas, mas também em relação aos fundamentos da fé cristã.

Assim, o Adventismo passou de uma teologia com tendências sectárias para uma teologia que combina a essência do Protestantismo original com uma quantidade de perspetivas específicas – tais como a perspetiva específica do santuário ou sobre o permanente papel profético de Ellen White.
Uma Igreja com uma responsabilidade social.

Praticamente desde o seu início, o Adventismo defendeu que a pessoa humana não está dividida num componente espiritual e noutro não espiritual, mas que é um todo, um ser indivisível, que deve ter uma fé e um estilo de vida que combinem “a cabeça, o coração e a mão”. Isso explica a ênfase no viver saudável e na mordomia em outras áreas da vida. Mais ainda, levou ao estabelecimento, desde cedo, de instituições de saúde inovadoras e de milhares de instituições educacionais de diferentes níveis. Além disso, inspirou atividades de beneficência que acabaram por evoluir para a criação da ADRA – uma rede mundial de desenvolvimento e de apoio em caso de desastre, com escritórios em centenas de países.

Uma Igreja que avança com os tempos

Os Adventistas sempre estiveram na linha da frente no uso de novas tecnologias, e, mais recentemente, dos meios de comunicação e da Internet. A primeira instituição da Igreja foi uma tipografia. A simples empresa tipográfica que foi iniciada por Tiago White foi o começo de uma bem-sucedida rede de casas publicadoras denominacionais.

A Igreja compreendeu bastante cedo o potencial evangelístico da rádio, e construiu estúdios em todo o mundo, quer estabelecendo as suas próprias estações quer comprando tempo em estações existentes para emitir programas evangelísticos e de saúde. Há mais de 40 anos que a Rádio Mundial Adventista usa a rádio em ondas curtas para evangelizar os “não alcançados”, ou as pessoas difíceis de ser alcançadas, com programas em mais de 80 línguas. Quando a televisão se tornou mais vulgar, a Igreja Adventista foi das primeiras organizações religiosas a utilizar esse novo meio. Foi também esse o caso quando a tecnologia por satélite tornou possível fazer campanhas evangelísticas simultaneamente em muitos lugares diferentes. Hoje, o Hope Channel tem a sua programação 24 horas por dia, sete dias por semana, em todo o mundo, em cada vez mais línguas.

A Internet hoje é a principal via para veicular a maravilhosa mensagem que estamos a pregar. Não se trata apenas de uma página na net, mas do uso das redes sociais e de máquinas inteligentes. Porquê? Porque a intenção é alcançar o público da porta ao lado com o objetivo de partilhar a mensagem tanto quanto possível. Jesus disse: sobre os telhados será apregoado (Lucas 12:3).

Uma Igreja unida

A maioria das denominações Protestantes sofreu numerosas divisões e cisões. Por exemplo: há muito mais de 200 denominações Batistas no mundo hoje, e mais de 140 denominações Luteranas. Em comparação, o Adventismo permaneceu notavelmente unido. A forma como o Adventismo está organizado certamente tem muito a ver com isso. Continua a haver uma notável unidade na forma como a Igreja opera. Todas as 70 000 igrejas e os 65 000 grupos em todo o mundo usam o mesmo material e seguem, em larga medida, os mesmos programas e normas de funcionamento. Os vários níveis da Igreja estão em constante contacto uns com os outros. Frequentes visitas e consultas, e publicações e reuniões internacionais têm um papel importante em manter os crentes Adventistas unidos na sua fé e no seu estilo de vida, e em mantê-los focados na missão da Igreja.

Nada a temer?

Uma das declarações mais citadas de Ellen White diz-nos: “Nada temos a temer do futuro, a não ser que esqueçamos o modo como o Senhor nos dirigiu, e os Seus ensinos no passado” (Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 162). Esta afirmação é tão verdadeira passados 150 anos de história Adventista como era há um século. Mas não nos liberta da nossa responsabilidade de aprendermos com o nosso colorido e inspirador passado e de combinarmos fé, criatividade e coragem nos nossos esforços para aprendermos com a nossa história, e de enfrentarmos o futuro com a convicção de que o Senhor irá continuar a dirigir-nos, enquanto estivermos dispostos a manter os nossos olhos abertos para descobrirmos os nossos caminhos por onde Ele nos quiser levar. Ao celebrarmos 150 anos de Adventismo, a nossa oração deveria ser: Obrigado, Senhor, pelo que já nos ensinaste, mas ajuda-nos a continuar a aprender…

Alguma informação acerca da nossa região eclesiástica europeia

A Igreja Adventista do Sétimo Dia está presente na Áustria, Bulgária, República Checa, França, Alemanha, Itália, Portugal, Roménia, República Eslovaca, Espanha e Suíça. A sede para a nossa região está em Berna, na Suíça, e somos quase 180 mil membros.

Como organização religiosa temos a nosso cargo muitos serviços que também estão disponíveis para a comunidade, como escolas (quase todos os países têm uma escola, ou um seminário de teologia, colégios, escolas primárias), hospitais (Waldfriede, em Berlim, e La Lignière, na Suíça), casas publicadoras (em quase todos os países), centros multimédia (em Portugal, Espanha e Alemanha, como Centro multimédia da Divisão), rádio e TV, lares de idosos, atividades de jovens e muitas outras que podem descobrir se procurarem no quadro Adventista Europeu.

Passados 150 anos

Ao destacarmos os 150 anos da Igreja Adventista do Sétimo Dia unida para a missão, há, mais do que nunca, a necessidade de homens e mulheres Adventistas de todas as idades, e de todas as etnias e origens sociais, seguirem o exemplo dos seus fundadores. Fundados no amor ao nosso Salvador e no Seu amor pelos pecadores, precisamos de proclamar Cristo, e Ele crucificado, o Seu anseio de que os homens e mulheres sejam perfeitos, e o Seu desejo de que “guardemos os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apoc. 14:12)

O nosso 150º aniversário não é um tempo para festa ou celebração – aqueles que fundaram a Conferência Geral em maio de 1863 ficariam certamente profundamente desapontados se soubessem que os seus descendentes ainda estavam na Terra em 2013. Este importante aniversário é, antes, um tempo para reflexão; para arrependimento; para agradecimento, e para uma renovada entrega ao propósito para o qual Deus chamou este movimento à existência.

Este importante aniversário deveria levar-nos a refletir sobre o modo como Deus dirigiu a Sua Igreja remanescente “e os Seus ensinos no passado” (ME, vol. 3, p. 162). Deveríamos agradecer-Lhe pela sua miraculosa direção – e refletirmos sobre o que temos feito, e deixado de fazer, que entristece Deus, e arrependermo-nos. É uma boa altura para nos entregarmos, individual e coletivamente, não só a um “reavivamento, mas a uma reforma”, como disse Ellen White (R&H¸ 15 de julho de 1902, p. 7). É tempo de nos consagrarmos de novo a pregar “o evangelho eterno… a toda a nação, tribo, língua e povo” (Apoc. 14:6).

Que o Senhor nos ajude a dizer como Pedro: aguardando e apressando-nos para a vinda do nosso Senhor Jesus.

Pr. Corrado Cozi | Departamental de Comunicação da Divisão Inter-Europeia – Oferecido por Depto de Comunicações da UPASD

Luís Carlos Fonseca

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