Sermão: Deus
Compreende - Escrito por
Chantal Klingbeil
Introdução - Hoje
focamo-nos particularmente na oração. A Bíblia está cheia de exemplos de
orações grandes e poderosas e de maravilhosas respostas a orações. Esta manhã
vamos dar uma espreitadela a uma das orações mais poderosas da história. Vamos
até 1 Reis 18. Começamos no versículo 30.
30Então
Elias disse ao povo: «Cheguem-se aqui para perto de mim.» Juntaram-se todos em
volta e ele começou a consertar o altar do SENHOR, que estava destruído.
31Pegou em doze pedras, segundo o número dos filhos de Jacob, pois foi a Jacob
que o SENHOR disse: «Israel passará a ser o teu nome.» 32Com essas pedras Elias
reconstruiu o altar para adorar o SENHOR. Em volta do altar abriu uma vala onde
cabiam uns vinte litros de água. 33Depois colocou lenha sobre o altar e cortou
o bezerro em pedaços, que pôs em cima da lenha, 34e disse: «Encham quatro
bilhas de água e despejem-nas por cima do animal preparado para o holocausto e
da lenha.» Assim fizeram e ele disse: «Façam isso outra vez.» E disse depois:
«Façam-no pela terceira vez.» Eles obedeceram. 35A água escorria em volta do
altar e enchia a vala aberta. 36À hora de oferecer o holocausto, o profeta
Elias aproximou-se do altar e orou: «SENHOR, Deus de Abraão, de Isaac e de
Jacob, mostra agora que és tu o Deus de Israel e que eu sou teu servo e faço
isto porque me ordenaste!37Responde-me, SENHOR! Responde-me, para que este povo
saiba que tu és Deus e que os convidas a voltarem de novo para ti!»38Naquele
momento, o fogo do SENHOR desceu sobre o holocausto e queimou-o, bem como a
lenha, as pedras e o pó, consumindo toda a água que havia na vala. 39Ao ver
isto, o povo inclinou-se até ao chão e exclamou: «O SENHOR é Deus! Só o SENHOR
é que é Deus!»”
Não foi uma
oração muito longa ou particularmente elegante, mas Deus ouviu a oração de
Elias e fez descer fogo do céu uma resposta à oração muito real e visível. E esta não
foi a última das respostas poderosas à oração. No versículo 42 Elias vai
novamente ao topo do Monte Carmelo. Desta vez ele inclina-se por terra e ora
silenciosamente por chuva, porque Israel estava a sofrer uma seca de três anos.
Desta vez, contudo, a resposta à sua oração não vem imediatamente. Elias deve
esperar e persistir.
O profeta
ora sete vezes antes de ver o primeiro sinal de que a sua oração por chuva foi
ouvida. Pode ser apenas uma pequena nuvem com o tamanho aproximado da mão de
homem a erguer-se acima do mar, mas é o suficiente. Elias sabe que a sua oração
tinha sido atendida. Dentro de minutos, os céus parecem abrir-se e acontece uma
forte precipitação de chuva.Elias sabia
da oração. Ele sabia como pedir, ele sabia como persistir, e ele sabia como
esperar.
Talvez vocês
também tenham tido momentos na vida em que se conseguem identificar com Elias.
Alturas em que oraram por algo ou por alguém e viram a resposta de Deus de uma
forma poderosa e maravilhosa. Mas mais uma
vez, talvez vocês se debatam para recordar alguma grande resposta a uma oração.
Talvez a pessoa por quem estavam a orar não tenha melhorado. Talvez não tenham
conseguido o emprego. Talvez continuem sem conseguir ter filhos. Talvez nem
todos nos consigamos identificar com Elias, o grande guerreiro de oração, mas
penso que nalgum momento das nossas vidas nos possamos identificar com o Elias
depois do grande dia no Monte Carmelo.
O Embate da
Depressão - Elias estava
completamente esgotado, emocional e fisicamente, depois da experiência do Monte
Carmelo. Ele já tinha caído num sono profundo quando o mensageiro da Rainha
Jezabel o encontrou. Este rude despertar com uma ameaça de morte por parte da
Rainha serve como gatilho para Elias. O gatilho para uma súbita descida para
uma depressão profunda e escura.
Por vezes,
uma depressão ataca rapidamente após um acontecimento particularmente
esgotante, emocional ou fisicamente. Noutras alturas, nem reparamos que está a
acontecer, mas passadas algumas semanas, meses, ou mesmo anos de uma aparente
fase de secura espiritual, a depressão consegue, aparentemente e de forma
silenciosa, apoderar-se de nós. Só a reconhecemos quando ela aperta o cerco.
Vejamos como
é que Elias, este grande homem de Deus, reage. Em I Reis 19, percebemos que
Elias começou a fugir. O primeiro passo, quando a depressão começa a querer
instalar-se, é sempre a inevitável fuga. Às vezes corremos até ao frigorífico e
tentamos comer o nosso peso rumo à felicidade. Às vezes tentamos adormecer a
nossa exaustão emocional. Ás vezes procuramos uma nova relação, um novo
emprego, ou um local novo para morar na nossa jornada de fuga. E por vezes
enterramo-nos em mais trabalho, mais prazos e reuniões ao tentarmos arduamente
fugir daquilo que não conseguimos nomear e que está a sugar-nos a nossa alegria
e esperança.
Então Elias
foge. Ele corre e corre muito e com força! Ele corre 90 milhas (150
quilómetros), até Berseba e depois mais um dia de viagem até ao deserto. Mas
finalmente, tal como às vezes acontece connosco, Elias chegou a um ponto em que
já não conseguia fugir mais. Ele chega ao seu ponto de rutura debaixo de uma
árvore vassoura. Agora a culpa vem de forma esmagadora. Ele percebe que a sua
falta de confiança em Deus boicotou aquela que podia ter sido uma grande
oportunidade de reforma em Israel. Ele percebe que desapontou aqueles que
precisavam dele. E agora ele está impotente para fazer o que quer que seja
acerca disso.
É tudo
demais para Elias. Ele diz, “Já chega,” e então, o grande guerreiro de oração,
ora novamente. Desta vez é uma oração muito diferente. Vamos ler em I Reis
19:4, “Seguiu pelo deserto durante um dia inteiro, até que finalmente se sentou
debaixo de uma árvore e ali sentiu vontade de morrer. Dirigiu-se a Deus em
oração e disse: «Basta, SENHOR! Tira-me a vida, pois não valho mais do que os
meus antepassados!”
Elias, o
nosso grande guerreiro de oração, pede para morrer! O remorso é tanto em
relação ao seu fracasso que ele está pronto para desistir. Conseguem
identificar-se?
Conseguem
identificar-se com a oração de desespero de Elias? Já tiveram vontade de
desistir espiritualmente ou mesmo fisicamente? Já sentiram que fizeram uma asneira
tão grande que não vale a pena tentar novamente? Já se sentiram tão
cansados, tão encurralados e sem opções que não queriam continuar?
Se sim,
estão em boa companhia. Muitos gigantes espirituais e mesmo grandes guerreiros
de oração também se sentiram assim. Ainda assim há boas notícias! Deus sabia
exatamente como lidar com Elias e Deus sabe exatamente como lidar com vocês.
Deus
compreende - Apesar da
forma como o profeta se sente, Deus não o rejeitou. Deus não condena. Ele envia
um anjo a Elias para lhe mostrar a Sua empatia. No verso 7, o mensageiro afirma
gentilmente que “tens um caminho demasiado longo para percorrer.” Deus não
condena o seu profeta, e Ele não nos condena. Ele compreende tão melhor do que
nós aquilo que enfrentamos. Ele compreende o que é que nos trouxe até este
ponto.
Quando
estamos no nosso ponto mais baixo Deus está realmente mais perto de nós.
Oiçam esta
citação maravilhosa. “Não temos, no mesmo momento, evidência notável de que a
face do nosso Redentor se inclina sobre nós em compaixão e amor; mas é
realmente assim. Podemos não sentir Seu contato visível, mas Sua mão está sobre
nós em amor e compassiva ternura.” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, pp. 96,
97).
Deus também
faz mais do que apenas sentir empatia. Ele oferece ajuda prática a curto-prazo.
No caso de Elias é o mensageiro celeste a preparar-lhe “um pão cozido na pedra
quente e um cantil com água” (v. 6). Deus também providenciará ajuda para ti e
para mim. A ajuda pode ser uma amiga, um conselheiro, ou um familiar alguém cujas
palavras e ações vos demonstram que Deus se preocupa convosco. Deus também
providencia descanso. Ele sabe que a fuga deixou Elias cansado. Deus também
sabe que, mais do que o cansaço físico, o seu profeta está emocionalmente
cansado e carrega
uma tremenda
carga de culpa. Deus coloca tudo a zeros e oferece descanso a Elias—ele
consegue finalmente descansar e sentir-se refrigerado.
Quando
aceitamos verdadeiramente que Deus nos perdoou e que não temos de arrastar à
nossa volta o fardo da culpa porque Deus pegou nela, conseguimos começar a
encontrar o descanso.
A
recuperação leva tempo - Mesmo depois
da comida do anjo, Elis não volta instantaneamente ao normal. Deus lembra-nos
que somos “pó” (Salmos 103:14). Ele não apressa a recuperação. Deus dá a Elias tempo
para recuperar. A recuperação leva o seu tempo. Precisamos desses momentos de
quietude a sós com Deus. Precisamos de tempo com a Sua Palavra. Precisamos de
ter tempo para falar com Deus mesmo que, ao fazê-lo, não sintamos mudanças
imediatas para melhor.
Deus
compreende que a vida neste mundo pecaminoso pode e vai causar depressão. Ele
compreende o nosso impulso de fugir da dor. Contudo, Ele deseja redirecionar
essa fuga. Em vez de fugirmos na direção de mecanismos de superação
autodestrutivos, Deus deseja que a fuga seja até Ele. E aí, na Sua presença,
Ele quer ensinar-nos a ouvir o Seu “leve murmúrio” (v. 12).
O resto da
história - Mas,
voltemos a Elias. Ele ainda está debaixo da árvore. No verso 6, percebemos que
Elias come a comida do anjo e depois adormece. Quanto tempo ele dormiu, não
sabemos. Depois, o anjo acorda-o e serve-lhe outra refeição. Desta vez, algo
especial acontece. “7O anjo do SENHOR tocou-lhe outra vez e disse: «Levanta-te
e come, porque tens um caminho demasiado longo a percorrer.» 8Elias levantou-se
e comeu e bebeu. A comida deu-lhe forças para caminhar quarenta dias e quarenta
noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.” (v. 7, 8). Elias não
tinha energia para se erguer sozinho e fazer a viagem para se encontrar com
Deus. Contudo, no momento certo, foi Deus que providenciou a energia para este
encontro crucial.
Quando Elias
chegou ao local do divino encontro ainda tinha que esperar pacientemente e
reaprender o que significa a oração. Deus não se manifesta sempre nos grandes
acontecimentos. Ele nem sempre oferece respostas espetaculares às nossas
orações. Não vai haver sempre um clarão brilhante e fogo a descer do céu. À
medida que Elias esperava, “11Um vento forte e violento fendeu os montes e
quebrou as rochas, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um
tremor de terra, mas o SENHOR não estava no tremor de terra. 12Depois do tremor
de terra houve um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. Depois do fogo
ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa.” (v. 11, 12).
E isto é o
que todos os guerreiros de oração têm de aprender, a sintonizar os seus ouvidos
para ouvir aquela voz mansa e suave.
Quando Elias
estava debaixo da árvore, a desejar a morte, ele acreditava verdadeiramente que
os seus melhores dias tinha chegado ao fim. Deus viu as coisas de modo
diferente. Ele sabia que melhores dias haviam de vir para Elias. Ainda havia
reis para serem ungidos e um sucessor profético para ser escolhido. Deus já
sabia de Eliseu, o sucessor, que se tornaria tão próximo de Elias quanto um
filho. Deus sabia que, pela fé, Elias pediria novamente que descesse fogo do
céu. Para Elias não haveria uma morte desesperada debaixo de uma árvore, mas
sim uma viagem numa carruagem de fogo até ao céu—e sem passar pela morte. Ainda
assim, lembremo-nos disto.
“É em tempos
de maior fraqueza que Satanás assalta a alma com as mais ferozes tentações. Foi
assim que ele esperou prevalecer sobre o Filho de Deus; pois por esse processo
tinha ganho muitas vitórias sobre o homem (. . .) Assim também foi com Elias.
“E assim é
hoje. Quando somos envolvidos pela dúvida, aturdidos pelas circunstâncias, ou
afligidos pela pobreza ou angústia, Satanás procura abalar a nossa confiança em
Jeová. É então que ele faz desfilar diante de nós os nossos erros, e tenta-nos
a desconfiar de Deus, a pôr em dúvida o Seu amor. Ele espera desencorajar a
alma e quebrar a nossa firmeza em Deus.”
“O desânimo
pode abalar a fé mais heroica e enfraquecer a mais firme vontade. Mas Deus
compreende, e ainda Se compadece e ama. Ele lê os motivos e os propósitos do
coração. Esperar pacientemente, confiar quando tudo parece escuro, eis a lição
que os líderes na obra de Deus necessitam aprender. O Céu não lhes faltará no
dia da adversidade. Nada está aparentemente mais ao desamparo, mas na realidade
mais invencível, do que a alma que sente a sua nulidade, e confia inteiramente
em Deus.” (Ellen G. White, Profetas e Reis, pp. 85, 86).
Onde estão
vocês hoje? Se são Elias no Monte Carmelo a pedir que desça fogo do céu,
louvado seja Deus! Mas, por favor, lembrem-se que não vão ter sempre
experiências de topo de montanha. Não percam o som da voz mansa e suave de
Deus. Se são o Elias em fuga ou a fazer coisas que sabem que não vão resolver
os problemas fundamentais, ou o Elias debaixo da árvore a sentir-se um fracasso,
existe esperança.
Deus vê as
coisas de forma diferente. Deus compreende. Deus deseja libertar-vos da culpa.
Ele quer trabalhar através de outros para vos oferecer ajuda prática. E ele não
vai deixar de vos dar a energia para se encontrarem com Ele novamente. Os
vossos melhores dias ainda estão para vir, ao ouvirem, e seguirem, aquela voz
mansa e suave. Deus compreende e Ele está pronto para vos abençoar hoje. E
vocês, estão prontos?
Luís Carlos Fonseca
Devemos sempre manter nossa fé pois sem fé e impossível agradar a Deus obrigada pelas excelentes dicas do blog me ajudou muito a edificar mais minha fé em nosso maravilhoso e poderoso Deus.
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