COMENTÁRIOS DA LIÇÃO 6 (4º trimestre 2016) A MALDIÇÃO, SEM
CAUSA?
VERSO ÁUREO: “Seria porventura o homem mais justo do que
Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?” Jó 4:17
INTRODUÇÃO (sábado 29 de outubro) – O verso áureo traz as
palavras de Elifaz à Jó. Esse amigo fez Jó pensar no sofrimento de forma mais
séria. Ele começou lembrando o patriarca de que quando estava tudo bem com Jó,
ele aconselhava os outros a terem paciência e a confiarem em Deus, mas que
quando chegou a vez de Jó passar pelo sofrimento ele estava desesperado e
duvidando do amor de Deus. Elifaz menciona que Deus lhe apareceu em uma visão e
lhe afirmou o conteúdo do verso áureo. Elifaz
disse à Jó: “Segundo eu tenho visto,
os que lavram iniquidade, e semeiam mal, segam o mesmo.” Jó 4:8.
A teologia da retribuição é a ideia de que aos ímpios estava
reservado o sofrimento e a maldição e aos justos a bênção. No entanto, como podemos ver, não
é essa a realidade dos fatos. Esse conceito expressa o pensamento pagão de que
as pessoas sofrem por causa dos seus pecados ou dos pecados dos seus
antepassados. E, Deus nos mostra através do livro de Jó, e de todo o contexto
bíblico, que a causa principal do sofrimento humano está relacionada com a
entrada do pecado na terra através de Satanás. Jó foi acusado de praticar pecados
ocultos, rebeldia, desobediência, injustiça, mas sabemos que Deus disse que ele era santo. O texto bíblico
acima também transmite a ideia de que sofremos as consequências das nossas
escolhas; logo, a maldição tem uma ou mais causas, e devemos estar sensíveis
para perceber isso.
A lição de hoje propõe explicar que o sofrimento humano não
parece ser justo quando não se tem uma causa aparente para estar em sofrimento,
como aconteceu com Jó. Quando isso acontece o que não falta são opiniões porque
estamos passando por tais situações. Existem pelo menos quatro ideias
apresentando razões para o sofrimento: A) É a vontade de Deus. B) A pessoa está
recebendo o castigo, por causa do seu pecado. Este era o pensamento pagão
defendido pelos amigos de Jó. C) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.
Existe muito de verdade neste pensamento, pois Deus disciplina aqueles a quem Ele ama.
D) O sofrimento é causado por Satanás, pela desobediência ou ignorância do
homem. Esta 4ª definição é a correta e defendida pelos escritores bíblicos.
Pessoas bondosas erram e sofrem as consequências dos seus
pecados. Outras vezes, os bons sofrem por
causa de erros cometidos por outros. Mas, em geral sofremos porque vivemos num
mundo que foi amaldiçoado em consequência dos pecados de Satanás e Adão e Eva.
Mas, a grande verdade é que todos os que amam a Deus podem sempre encontrar
benefício no sofrimento: Veja este texto:
"Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Romanos 8:28.
Como pode o
sofrimento ajudar os cristãos fiéis? Muito sofrimento não tem explicação ao coração humano. Jó
passou seus dias implorando a Deus que lhe ouvisse e lhe explicasse porque ele sofria.
Quando Deus finalmente apareceu, Ele mostrou claramente que Jó não tinha
capacidade nem para entender a resposta, muito menos para discutir com seu
Criador: “Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o
homem mais puro do que o seu Criador?” Jó 4:17. E no final, Jó aprendeu a simplesmente confiar em Deus. Algumas vezes o sofrimento, que é inexplicável no
momento, mais tarde é facilmente compreendido. Por que Deus permitiu que José
fosse vendido como escravo e depois sofresse na prisão por manter sua pureza?
Mais tarde o propósito ficou claro. Deus nunca prometeu que explicaria
satisfatoriamente tudo o que acontece no mundo. Mas podemos confiar nele. O
livro de Jó dá-nos um vislumbre do tipo de mundo que haveria se Deus estivesse
ausente, o sofrimento nos diz que precisamos de Deus!
Portanto amigo, a maldição que o mundo recebeu de Deus tem um causa,
é a atuação do diabo, permitida por Deus, mas temos a promessa de que com a
erradicação do pecado do universo tudo será harmonioso. Veja que texto maravilhoso: “A dor não pode existir
na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres,
manifestações de pesar. ‘Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, …
porque já as primeiras coisas são passadas.’ Apoc. 21:4. ‘E morador nenhum
dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua
iniquidade.’ Isa. 33:24.” O Grande Conflito, 676
DOMINGO (30 de outubro) AS QUESTÕES IMPORTANTES – A lição
de hoje propõe responder algumas questões importantes relacionadas ao
sofrimento. Uma delas é; por que os inocentes sofrem? Outra é; haverá fim ao
sofrimento? Outra; somos beneficiados com o sofrimento?
Por que sofremos?
O ponto central do livro de Jó é a sabedoria que responde a questão da
permissão de Deus do sofrimento humano. Sempre se tem levantado protestos dizendo
que, se Deus é bom, por que existir dor, sofrimento ou morte no mundo?
Acompanhando essa inquietação do coração humano, quanto ao fato de que o mal
atinge também as pessoas boas, vem o pensamento da teologia da retribuição que
diz que sofremos por causa dos nossos pecados ou dos nossos pais. A resposta
rápida a essa questão encontra-se em João 9 quando onde Jesus respondeu aos seus
discípulos a questão concernente à origem do sofrimento do homem nascido cego.
“E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus
pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas
foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” João 9:2,3
Como vimos na introdução de sábado, o sofrimento humano é
compreendido de algumas maneiras: A) É a vontade de Deus. B) A pessoa está
recebendo o castigo, por causa do seu pecado. Este era o pensamento pagão
defendido pelos amigos de Jó. C) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.
Existe muito de verdade neste pensamento, pois Deus disciplina os que Ele ama.
D) O sofrimento é causado por Satanás, pela desobediência ou ignorância do
homem. Esta 4ª definição é a correta e defendida pelos escritores bíblicos.
O mal terá um fim?
Assim como Jó teve um final feliz, no âmbito desta vida, os filhos de Deus
também viverão a eternidade no paraíso celestial. É só uma questão de tempo e;
logo, logo os filhos de Deus estarão para sempre libertos do pecado, de todo
mal e sofrimento. Amém? Jesus vai voltar e
vai levar os salvos para o céu. Depois que os mil anos acabarem a Nova
Jerusalém será a capital da terra. O trono de Deus será estabelecido aqui. A
terra será a capital do universo. Toda a terra será habitada pelos salvos. Eis estas promessas maravilhosas: “E vi
um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra
passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova
Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o
seu marido.” Apoc 21.1 e 2. A cidade descerá depois do milênio.
“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e
nova terra, em que habita a justiça.” II Pedro 3:13
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não
haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.” Isaías
65:17
Os sofrimentos nos
fazem crescer? Veja como o salmista expressa sua gratidão diante do
sofrimento que passou: “Fizeste bem
ao teu servo, Senhor, segundo a tua palavra. Ensina-me bom juízo e ciência,
pois cri nos teus mandamentos. Antes de ser afligido andava errado; mas agora
tenho guardado a tua palavra. Tu és bom e fazes bem; ensina-me os teus
estatutos. Os soberbos forjaram mentiras contra mim; mas eu com todo o meu
coração guardarei os teus preceitos. Engrossa-se-lhes o coração como gordura,
mas eu me recreio na tua lei. Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse
os teus estatutos. Melhor é para mim a lei da tua boca do que milhares de ouro
ou prata.” Salmo 119:65-72.
O sofrimento é uma grande ferramenta nas mãos de Deus para
nos ensinar. Veja este texto: “E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não
desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e
açoita a qualquer que recebe por filho.” Hebreus 12:5,6. Os pais também disciplinam seus filhos porque os amam
e querem exercitá-los no caminho certo. Em vez de ficarmos ressentidos contra a
disciplina de Deus, devemos agradecer porque Ele tem interesse em nos ajudar,
corrigindo-nos. Eis outro texto: "Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser
motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto
pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.” Hebreus 12:11.
O salmista reconheceu o valor do sofrimento em sua própria vida: "Antes de
ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra... Foi-me bom ter
eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos" Salmo 119:67,71.
“Muitos há que se queixam de Deus por estar o mundo tão
cheio de necessitados e sofredores, mas Deus jamais desejou que existissem o
sofrimento e a miséria. Nunca foi de Sua vontade que uma pessoa tivesse
abundância de luxos na vida enquanto os filhos de outros clamassem por pão. O
Senhor é um Deus de benevolência” Testimonies for the Church vol 6, 273.
“As provações da vida são obreiras de Deus, para remover de
nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o processo de cortar, desbastar,
aparelhar, lustrar, polir; é molesto estar, por força, sob a ação da pedra de
polimento. Mas a pedra é depois apresentada pronta para ocupar seu lugar no
templo celestial. O Mestre não efetua trabalho assim cuidadoso e completo com
material imprestável. Só as Suas pedras preciosas são polidas, como colunas de
um palácio.” Maior Discurso de Cristo, 10
SEGUNDA-FEIRA (31 de outubro) QUANDO PERECEU O INOCENTE? A
lição de hoje menciona a visita que os amigos de Jó fizeram-lhe para ajudarem
no seu luto. Jó havia perdido 10 filhos e estava muito triste. Veja o texto: “Ouvindo, pois, três
amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram cada um do seu
lugar: Elifaz o temanita, e Bildade o suíta, e Zofar o naamatita; e combinaram
condoer-se dele, para o consolarem. E, levantando de longe os seus olhos, não o
conheceram; e levantaram a sua voz e choraram, e rasgaram cada um o seu manto,
e sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. E assentaram-se com ele na terra,
sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a
dor era muito grande.” Jó 2:11-13.
Eu gosto muito desta descrição, pois enaltece o amor ao
próximo. Os amigos de Jó desenvolveram atitudes nobres em visitar Jó nas
condições em que ele se encontrava. Isolado da sociedade, de luto, doente e
tendo sido desanimado pela mulher, o patriarca recebeu a visita de Elifaz,
Bildade e Zofar, que ficaram uma semana do lado de Jó, ao relento e em tendas. Você
não acha essa atitude maravilhosa? O luto e qualquer grande perda e sofrimento
passa por três fases principais; a aceitação da realidade, estar disposto a sofrer a dor e a perda e procurar reintegrar nas coisas da vida. E Jó foi
campeão e maravilhoso nestas questões.
Tendemos em diminuir os amigos de Jó, especialmente por suas
palavras depois que começaram a falar, mas devemos enaltecer a sua atitude em
dar o apoio emocional e material que deram a Jó. Ficaram com ele e levavam-lhe
água e alimentos durante uma semana. Você
faria isso? Eles começaram bem! Tiveram atitudes e foram em direção ao
amigo, se compadeceram e partilharam a dor, ao ponto de ficarem sete dias em
silêncio. Depois que Jó falou, eles também falaram. Daí em diante vemos a
opinião dos 4, que não entendiam o que se passava na cena do grande conflito
entre Deus e o diabo.
Jó abriu a boca e pôs para fora toda sua indignação, raiva e
angústia. Sentiu-se injustiçado e desabafou dizendo que Deus era o alvo de seus
questionamentos. Jó acreditada em Deus e o respeitava e só queria desabafar e partilhar
o que se passava no seu coração, e quando ele mais precisou dos amigos, foi
onde eles falharam. Os discursos de Jó não foram ortodoxos e vão contra princípios
básicos do relacionamento entre a humanidade e Deus, conforme a sabedoria do
seu tempo e do nosso. Pois espera-se humildade quando se fala das coisas de Deus
e com Ele. E os amigos de Jó, defensores desses princípios, não suportaram as
palavras de Jó e abriram a boca em seus discursos.
É prudente falamos quando o outro está sofrendo e dar
a nossa opinião dizendo que a pessoa está sofrendo por causa dos seus atos
pecaminosos? Os amigos de Jó eram verdadeiros e leais ao amigo sofredor, mas eles
se achavam detentores da verdade, pensavam estar fazendo a coisa certa. Depois,
o próprio Deus os censurou a apoiou as palavras de Jó. Deus não censurou a
atitude maravilhosa dos amigos de Jó em ajudá-lo, mas do conhecimento errado
sobre o porquê do sofrimento de Jó. Eles achavam que era por causa do pecado de
Jó. Mas como podia ser se ele era justo e reto? Os discursos formatados pela
mentalidade pagã sobre o sofrimento saíram livremente dos seus lábios e não
atenderam os dilemas do sofrimento que Jó vivia. Devemos cuidar para não sermos assim.
As vezes, seguimos discursos prontos e achamos que podem ajudar, mas, muitas
vezes estamos atrapalhando.
Veja as palavras de Elifaz dirigidas à Jó em Jó 4:1-11. Chamo a sua atenção para o verso de hoje na
melhor tradução: “Você lembra de alguma pessoa inocente que tenha caído na
desgraça ou de alguma pessoa honesta que tenha sido destruída?” Jó 4:7. Como já
vimos, esse era o pensamento do povo judeu naquele tempo e no tempo de Cristo. E hoje pensamos assim ou temos uma visão
mais abrangente do sofrimento? Pessoas inocentes sofrem e pessoas más
também sofrem. Pessoas leais a Deus levam uma vida boa e pessoas que não
acreditam em Deus também vivem bem. Não é por aí. A questão é outra; é a entrada
do pecado que maculou a terra com a dor e a desdita. Fica a lição para nós,
quando temos que ajudar pessoas em seu luto e sofrimento é melhor ficarmos em
silêncio ou quando muito falarmos palavras de ânimo, pois é o que eles
necessitam naqueles momentos, lembrando que você pode ser a próxima vítima do
sofrimento, se já não o é.
TERÇA-FEIRA (1º de novembro) UM HOMEM E O SEU CRIADOR – Este é o texto para hoje: “Entre
pensamentos vindos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono
profundo, Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos
estremeceram. Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os
cabelos da minha carne. Parou ele, porém não conheci a sua feição; um vulto
estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz que dizia: Seria
porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro
do que o seu Criador? Eis que ele não confia nos seus servos e aos seus anjos
atribui loucura; quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo
fundamento está no pó, e são esmagados como a traça! Desde a manhã até à tarde
são despedaçados; e eternamente perecem sem que disso se faça caso. Porventura
não passa com eles a sua excelência? Morrem, mas sem sabedoria.” Jó 4:13-21
No início do discurso Elifaz fez Jó pensar no sofrimento de
forma mais séria. Ele começou lembrando o patriarca de que quando estava tudo
bem com Jó, ele aconselhava os outros a terem paciência e a confiarem em Deus,
mas que quando chegou a vez de Jó passar pelo sofrimento ele estava desesperado
e duvidando do amor de Deus. Em palavras mais simples, Elifaz dizia que era
muito mais fácil servir Deus nos momentos de paz do que nos momentos de
infelicidade. E eu acho que ele estava certo na filosofia apresentada.
No texto de hoje Elifaz menciona que Deus lhe apareceu em
uma visão e lhe afirmou o conteúdo do verso 17: “Seria porventura o homem mais
justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?” Jó
4:17. Aqui Elifaz procura defender o carácter de Deus e isso é muito bom, mas
faltou-lhe a devida psicologia ao tratar com um homem que estava em profundo
sofrimento. Deus é Deus sempre, e a Sua natureza santa e onipotente não é
alerada com aquilo que os homens pensam sobre Ele, mas os homens são afetados
com as nossas atitudes, pois somos fracos como o barro e pecadores. Aquilo que
Elifaz tinha recebido em visão era correto. Veja estes textos: “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se
de que somos pó.” Salmo 103:14
“E já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte, e
te detenhas; porque escondes de nós o teu rosto, e nos fazes derreter, por
causa das nossas iniquidades.” Isaías 64:7
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus.” Romanos 3:19.
A mensagem de Elifaz era conhecida entre o povo de Deus,
isto é; Deus é grande e o homem pequeno e depende de Deus até para respirar. Mas…
Sempre tem o mas, não é? Jó, na verdade não estava dizendo que era melhor do que
Deus, ele apenas estava desabafando com os amigos sobre a sua dor. Outra vez
entramos na tal teologia da retribuição, “se Deus é bom e o patriarca Jó está
sofrendo, logo ele é um grande pecador. Era isso que Elifaz estava dizendo. Hoje
sabemos perfeitamente que com Deus as coisas não são assim. Elifaz apoiou o seu
discurso na visão que teve, mas ele passou ao lado da questão por estes dois
motivos apresentados; Deus não envia o sofrimento, mas sim permite que o diabo
o faça e faltou-lhe tato em ajudar o enfermo
patriarca.
Entendendo o luto de
Jó. Deus não projetou o ser humano para morrer. Esta é a razão por que
ninguém, em sã consciência, aceita a morte com naturalidade. Nem mesmo a morte
de alguém em estado terminal, bastante idoso ou de pessoas desconhecidas deixa
de ser muito dolorosa. E Jó tinha perdido os filhos. O que é o luto? Luto é a tristeza, emocional e espiritual, oriunda
das perdas de pessoas queridas por falecimento.
Qual é a duração do
luto? Até algum tempo atrás o luto era um processo um tanto quanto
padronizado, existiam várias fases com uma certa duração de tempo de cada uma,
hoje o conceito mudou e sabe-se que o luto não pode ser encaixado dentro de
padrões globais aplicáveis para todas as pessoas da mesma forma, ou seja; cada
pessoa tem o seu ritmo. A pior parte do luto de Jó durou uma semana, depois ele
começou a falar.
Quais são as perdas
mais dolorosas? De um filho. Por mais que este tema pareça estranho, é bom
salientar que, como diz o adágio popular: "Um filho foi feito para sepultar
os pais e nunca os pais para sepultarem os filhos." Pais que perderam
filhos dizem que sofrem uma dor quase insuportável, inexplicável e de difícil
aceitação. Foi o que aconteceu com Jó. Outra perda muito dolorosa é a perda de
um cônjuge. Outra perda é a de pais e irmãos
O que fazer em um
funeral? Cabe-nos estar disponíveis para auxiliar um amigo que perdeu o seu
ente querido. Mesmo em sofrimento, pela perda, podemos ajudar na orientação da
família enlutada. A ausência de um ente querido, através da morte, deixa uma
tremenda lacuna na vida daqueles que ficam. Esta lacuna só pode ser preenchida, e ainda não totalmente, com a presença do nosso Consolador, o Espírito Santo, que atua, dentre muitas
maneiras, através de pessoas amigas, a família e também do fator tempo.
No luto de Jó faltou a Elifaz falar da esperança que Jó
mantinha na ressurreição e na vida eterna. Necessitamos continuar ouvindo e
estudando a Palavra de Deus sobre nosso futuro lar. A falta de falar a respeito
do céu revela nossa falta de fé, esperança e alegria nisso. Os filhos de Jó
tinham falecido e Jó desejava ouvir palavras de confiança e ânimo e não de
dúvidas. Lembre-se que os cristãos estão sempre cercados pela graça e não têm
nada senão a eternidade em vista. Quando em contato com pessoas enlutadas
devemos explicar o estado inconsciente da pessoa na morte, mas também devemos
lembrar e dar uma ênfase especial na ressurreição dos salvos e na vida eterna.
O tema de hoje reforça que o homem é frágil e morre, mas que Deus é forte e ressuscita
os Seus filhos.
QUARTA-FEIRA (2 de novembro) O LOUCO LANÇA RAÍZES – A lição
de hoje mostra Elifaz prosseguindo no seu argumento, e ele menciona basicamente
o mesmo que tinha comentado no capítulo anterior: o mal acontece somente para
pessoas más. Como já vimos, de sobra; essa falsa teologia da retribuição foi
desenvolvida e ensinada pelos pagãos, adotada pelo judaísmo e aceita entre
alguns cristãos hoje. Sabemos que o bom também recebe o mal, pois estamos em um
mundo de pecados e no grande conflito Deus permite que Seus filhos também
sofram.
É curioso que quando avançamos mais no entendimento sobre o
sofrimento vemos que Elizaz lança ideias para que compreendamos melhor sobre o
tema. O sofrimento tem pelo menos 4 razões para existir. A) Ele é originado
pelo diabo, sempre com a permissão de Deus. B) O sofrimento é decorrente de más
escolhas que fazemos. O homem colhe aquilo que planta. A destruição silenciosa
do planeta por desmatamento, queimadas, emissão de combustíveis e de gás
diversos são responsáveis por muitas calamidades naturais. Pessoas que adotam
um estilo de vida inadequado, também sofrem uma péssima saúde e morte
prematura. C) Já que estamos neste mundo de pecados, Deus usa o sofrimento para
ajudar os Seus filhos a manterem a fé e a esperança nele. D) Temos a resposta
do sofrimento na cruz de Cristo, quando nos mostra a natureza do diabo e o fim
do sofrimento.
É somente Deus que tem as respostas certas para o tema do
sofrimento No vida de Jó a ninguém foi dado conhecimento pleno sobre o
sofrimento, mas ele e os seus amigos estavam vivendo os fatos. Eles não podiam
entender, por isso Elifaz, como louco, começou a
falar. Os amigos de Jó deveriam estar ali juntos para consolar e e
apoiar o amigo Jó nesse momento tão difícil, mas Deus usou Elifaz para lançar
raízes no pensamento sobre o sofrimento.
Ele não explicou, mas hoje conhecemos, pelo menos, esses 4 pontos sobre o
sofrimento. Você percebeu que Deus não
estava preocupado em explicar a Jó sobre o seu sofrimento? Em nenhum momento do
livro de Jó vemos Deus desejando explicar as coisas para quem quer que seja,
nem mesmo para Jó. Deus somente exigia, como desde o início, fé e confiança
nele de forma plena.
E os textos para hoje mostram-nos essa realidade. Eis alguns textos: “Pois ainda um
pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá.”
Salmo 37:10
“Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a
maldição sem causa não virá.” Provérbios 26:2
“Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes.” Lucas
1:52
“Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus;
pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.” I Coríntios
3:19
“Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas
as suas angústias.” Salmos 34:6
“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco
como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies
quando por ele fores repreendido Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a
qualquer que recebe por filho.” Hebreus 12:5,6
QUINTA-FEIRA (3 de novembro) PRECIPITAÇÃO A JULGAR – A lição
de hoje é a continuação da de ontem. Elifaz dizia nos versos 6 e 7 que “nem a
aflição brotava da terra, nem a desgraça nascia do chão”, isto é; que não
haveria sofrimento sem causa. Logo, se estamos sofrendo é porque é nossa culpa
e isso era tão certo como as faíscas das brasas que sempre voam para cima.
Elifaz compõe a música para um hino de louvor e confiança pela bondade de Deus.
Ver Jó 5:8-16. Isso é muito louvável, mas se percebe, mesmo aqui, que Elifaz
tentava provocar Jó com seu discurso. Ele menciona coisas corretas e bem
aplicadas, mas com a intenção de provocar e suscitar questões na mente de Jó. Na
verdade o patriarca não queria sermão e nem pensar na filosofia sobre o sofrimento.
Ele desejava consolo; coisa que deixou de ter quando os amigos passaram a
falar. Os seguintes versos lembram-nos que devemos cuidar com as nossas
palavras: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”
Provérbios 15:1
“O homem se alegra em responder bem, e quão boa é a palavra
dita a seu tempo!” Provérbios 15:23
É maravilhoso quando a palavra certa nos é dita na hora
certa, mas a palavra certa dita na hora errada, é terrível! Elifaz também
construiu um louvor pela disciplina de Deus. Ele alegrou-se com o modo pelo
qual Deus abençoa aqueles a quem castiga. E Ele somente castiga aos que O amam
e quer corrigí-los. Já, para os desobedientes está determinado o juízo, pois
não aceitam correções, e serão alvo da justiça de Deus que será sem
misericórdia. Aqui é o único lugar do discurso dos amigos de Jó em que a
disciplina do sofrimento humano vem de parte de para nos colocar outra vez no
caminho certo, no caminho da salvação!
Jó representa toda a humanidade, pois todos sofremos de
alguma maneira, e isso leva-nos a usarmos a sabedoria quando abordamos as
pessoas no sentido de ajudá-las. E quando nós somos as vítimas do sofrimento,
como gostaríamos de ser tratados? Um pouco de psicologia faz bem à todas as
pessoas. Jó estava sentado em cima de um monte de cinzas, com os filhos mortos,
a mulher distante e seu corpo cheio de chagas. Aquele não era o momento de
receber reprimendas de um amigo. Elifaz pensava que estava ajudando Jó, mas
atrapalhou.
Outro problema é fazermos um juízo antecipado das pessoas
quando as julgamos sem ter total conhecimento do caso, julgamos pela aparência,
pelo que achamos e não pela verdade dos fatos. Quantas vezes já fomos injustos,
já julgamos sem ter este direito. Como o mundo seria melhor se não julgássemos
as pessoas, mas se sempre as ajudássemos a sair das situações difíceis que se
encontram! que entram!
Jesus proferiu uma grande advertência aos seus discípulos
sobre o julgamento das pessoas, pois o ser humano sempre teve o defeito de
julgar sem nenhum comedimento, mas Jesus lhes disse: "Não julgueis, para que não
sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a
medida com que tiverdes medido vos hão-de medir a vós." Mat 7:1,2. Não
conseguimos medir as consequências de uma condenação antecipada, geralmente
essa pessoa é exposta a um julgamento muito maior, o da opinião pública. As
pessoas que fazem julgamentos das outras pessoas não sabem que estão sujeitas a
receberem a mesma recompensa por isso: “Pois, com o critério com que julgardes,
sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. Mat.
7:2.
Geralmente os que fazem julgamentos, o fazem sem misericórdia e ferem as
pessoas! Poucas são os que chamam e aconselham alguém que tenha
cometido uma falta e com a atitude de juízo podem separar amizades e até pessoas da
igreja. Devemos mesmo deixar o juízo com Deus. Veja este texto: “Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros,
para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.” Tiago 5:9. O
julgamento humano e especialmente quando se fala sem saber sobre as coisas é perigoso
tanto para quem julga quanto para o que é julgado. Lembra do ditado?: “Quem com
o ferro fere, com o mesmo será ferido”. Devemos saber que qualquer pessoa está
sujeita a cometer erros, mas pode ser corrigida e não cair na boca do povo por
causa do seu julgamento. Ninguém é perfeito, mas devemos reconhecer as nossas
fraquezas, para que; na tentativa de tirar o pequeno cisco dos olhos do outro
não percebamos a trave no nosso olho.
“Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer
que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois
tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a
verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem
tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? Romanos
2:1-3
Você tem um pouco do carácter de Elifaz na sua maneira de
falar com as pessoas que sofrem ou já aprendeu a ouvir e consolar as pessoas?
SEXTA-FEIRA (4 de novembro) LEITURA ADICIONAL DA LIÇÃO - O diabo
é o causador de todo o sofrimento? A Bíblia mostra que Satanás é uma pessoa
real e que, assim como um poderoso chefe do crime realiza o que deseja por meio
de sinais mentirosos e engano, o diabo também o faz. De fato, ele insiste em
transformar-se em anjo de luz. Ver II Tessalonicenses 2:9, 10 e II Coríntios
11:14. A existência do diabo pode ser percebida pelos danos que ele causa. No
entanto, ele não é responsável por todo o sofrimento. Como não? Deus criou os
humanos com a capacidade de escolher fazer o bem ou o mal. Ver Josué 24:15.
Quando tomamos más decisões, sofremos as consequências das nossas próprias escolhas. Ver Gálatas 6:7, 8.
Como podemos aliviar
o sofrimento? “O sofrimento humano tem prevalecido por tanto tempo, que
homens e mulheres consideram o presente estado de doença, sofrimento,
debilidade e morte prematura, como a sorte destinada aos seres humanos. O homem
saiu das mãos do Criador perfeito e belo na forma, e de tal modo dotado de
força vital que levou mais de mil anos para que os corruptos apetites e
paixões, bem como a geral violação da lei física, fossem sensivelmente notados
na raça. As gerações mais recentes têm experimentado a pressão da debilidade e
da doença mais rápida e rigorosamente a cada geração. As forças vitais têm sido
grandemente enfraquecidas pela condescendência com o apetite e as paixões da
concupiscência....
Os patriarcas desde Adão até Noé, com poucas exceções,
viveram quase mil anos. Depois do tempo de Noé, a duração da vida tem diminuído
gradualmente. Os que sofriam de enfermidades eram levados a Cristo de
toda cidade, vila e aldeia para serem curados por Ele; pois eram afligidos por
toda sorte de doenças. E a doença tem aumentado constantemente através das
gerações sucessivas desde aquele período. Em virtude da continuada violação das
leis da vida, a mortalidade tem aumentado de modo alarmante. Os anos de vida
dos homens têm diminuído a tal ponto, que a geração atual desce à sepultura,
antes mesmo da idade em que as gerações que viveram durante os dois primeiros
mil anos, após a criação, se lançavam ao campo de acção”. Conselho sobre
educação, 9 e 10
Como podemos falar a
verdade aos amigos sem os ofender? Existe um dito popular que diz assim: “Quem
não sabe rezar, xinga a Deus“. Elifaz, dentro do seu conhecimento e, sem dúvidas
na melhor das intenções, deixou de apresentar o pensamento correto sobre o caráter
de Deus em face do sofrimento humano e falou coisas fora de hora e de lugar. O
que mais importa: falar a verdade, ou amar? Se você respondeu: falar a
verdade, você errou, pois falar a verdade sem amor é brutalidade. Se sua
resposta foi: amar, você também errou, pois amar sem ser verdadeiro é permissivo.
A melhor resposta que mostra maturidade é falar a verdade com amor.
Alguém maduro é alguém que sabe falar a verdade em amor e de forma branda. Veja este texto: “Antes, seguindo a
verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo
o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a
justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em
amor.” Efésios 4:15,16.
Ser fiel a Deus não é garantia de que o crente não passará
por aflições, dores e sofrimentos na vida. Ver Atos 28:16. Na realidade, Jesus
ensinou que estas coisas poderão acontecer aos fiéis. Ver Jó 16:1-4,33; ver II Timm
3:12. A Bíblia menciona exemplos de santos que passaram por grandes sofrimentos por diversas razões. A lição desta semana dá ênfase ao sofrimento dos santos que, as vezes, aparecem sem causa alguma. Existe, portanto, muita sabedoria em saber
passar pelas dificuldades e em consolar os que sofrem.
Luís Carlos Fonseca
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