Como a Bíblia Define o Pecado?
O Pecado
Como Ato - A Bíblia tem uma única definição para pecado, e é
esta: “Qualquer que comete pecado, também transgride a lei; porque o pecado é a
transgressão da lei.” I João 3:4.
Algumas versões da Bíblia definem pecado como
“iniquidade”. No Velho Testamento a
palavra mais usada para definir pecado é “chata” que, de forma literal, significa:
“errar o alvo”. Em Juízes 20:16 encontramos um exemplo curioso que ilustra esta
expressão original: “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos,
canhotos, os quais atiravam com a funda uma pedra num cabelo e não erravam “Chata”.”
Em termos morais, “errar o alvo” refere-se ao fato de que a Lei de Deus é o
padrão do comportamento ético ao qual cada crente deve procurar seguir. Assim, quando
José disse: “como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”, Gen.
39:9, ele estava dizendo com certeza: “Como eu posso cometer tamanha maldade e
ficar aquém do padrão revelado na Lei de Deus, quanto ao 7º mandamento?
A irmã Ellen White também cita a única definição de
pecado encontrada na Bíblia quando diz: “Nossa única definição de pecado é a
que é dada na Palavra de Deus; é: “quebrantamento da lei” O Grande Conflito,
493.
“O apóstolo nos dá a verdadeira definição de pecado: “O
pecado é a transgressão da lei” I João 3:4” No Deserto da Tentação, 90.
O
Pecado como uma Condição do Coração Humano. Embora encontramos na Bíblia Sagrada uma definição de
pecado, não podemos limitar-nos apenas a esta definição para entendermos a
universalidade e intensidade do pecado. Assim é que o consenso dos teólogos
Adventistas, define o pecado como um ato, mas também como um estado. Veja estes textos esclarecedores: “Eis
que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51:5
“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por
natureza filhos da ira, como os outros também.” Efésios 2:3
Nós herdamos uma
natureza pecaminosa que, a menos que seja reprimida pelo Espírito Santo leva-nos a transgredir a Lei de Deus. Davi reconhecia que as crianças herdam
natureza propensa ao mal. O patriarca não procurou desculpar o seu pecado, mas
procurou enfatizar a ainda maior necessidade da misericórdia de Deus por causa
de suas tendências inatas para o mal. Davi teve momentos de derrotas
espirituais, mas reconheceu e buscou Deus.
Veja o que ele fez: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim
um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o
teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com
um espírito voluntário.” Salmo 51:10-12. Ver também Salmo 32:1:5.
Agostinho de Hipona (354 d.C – 430 d. C) defendeu a ideia
do pecado “original”. Ele influenciou a igreja Católica Apostólica Romana com
este pensamento, e a referida igreja adotou o batismo infantil para libertar as
crianças da condenação do inferno. Nós, Adventistas do 7º Dia, embora não adotamos o termo
pecado original, dizemos que; todos, ao nascer, herdam uma natureza pecaminosa.
Veja outros textos bíblicos que defendem
esta realidade: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há
quem faça o bem, não há sequer um.” Salmo 14:3
“Na verdade, que não há homem justo sobre a terra, que
faça o bem, e nunca peque.” Eclesiastes 7:20
“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.”
Romanos 3:10
A irmã Ellen White sempre esteve de acordo com a Bíblia e
reconhece essa mesma realidade quando diz: “O pecado é a herança dos filhos.
O pecado os separou de Deus. Jesus deu Sua vida para poder unir com Deus os
elos partidos. Com relação ao primeiro Adão, os homens nada receberam dele
senão a culpa e a sentença de morte. Mas entra Cristo e passa pelo terreno
em que Adão caiu, suportando cada prova em favor do homem. ... O exemplo
perfeito de Cristo e a graça de Deus são-lhe dados para habilitá-lo a educar os
filhos e filhas para serem filhos e filhas de Deus. É ensinando-lhes mandamento
sobre mandamento, regra sobre regra, orque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus.” Romanos 3:23. Orientação da Criança, 475
encontramos esta outra afirmação que aparece em um artigo na
Signs of the times de 19/05/1890 intitulado “Obediência é santificação.” O parágrafo completo é o seguinte:
“Temos motivo para incessante gratidão a Deus porque Cristo, por Sua perfeita
obediência, reconquistou o paraíso que Adão perdeu pela desobediência. Adão
pecou, e os filhos de Adão partilham de sua culpa e suas consequências; mas
Jesus assumiu a culpa de Adão, e todos os filhos de Adão que correrem para
Cristo, o segundo Adão, podem livrar-se da penalidade da transgressão. Jesus
recuperou o Céu para o homem suportando a prova a que Adão deixou de resistir;
pois Ele obedeceu perfeitamente à lei, e todos os que têm correta compreensão
do plano da redenção verão que não podem estar salvos enquanto continuam na
transgressão dos santos preceitos de Deus.”
Esse é um comentário de Ellen White sobre o segundo
mandamento que diz: “visitando a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira
ou quarta geração daqueles que me odeiam.” Patriarcas e Profetas, 306
O estudo do pecado e corrupção original devia conduzir-nos
à uma maior conscientização de nossa parte sobre a necessidade de justificação.
Que nós necessitamos de um Salvador desde o dia em que nascemos, não apenas
depois de transgredirmos a lei de Deus, essa é mensagem completa da Bíblia sobre
o pecado. Paulo afirmou que: “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois
não está sujeito à Lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na
carne não podem agradar a Deus”. Rom. 8:7 e 8. Antes da conversão, fez notar o
apóstolo, os crentes eram; “por natureza, filhos da ira” Efésios 2:3, assim
como o restante da humanidade.
Os que defendem o pecado apenas com um ato de
transgressão da Lei tem problemas com estes textos de Cristo: “Ouvistes que foi
dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu,
porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão,
será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do
sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” Mateus
5:21,22
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás
adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a
cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mateus 5:27,28.
Pense comigo, caso a pessoa desenvolva apenas a cobiça, o ódio e a lascívia, que são pecados invisíveis e não manifestos, ela ainda não transgrediu os Dez Mandamentos como forma de atos, mas, pecou da mesma maneira. Mais cedo ou mais tarde a pessoa desse exemplo cometerá o pecado em forma de ato, mas já pecou em seu interior.
O Espírito de Profecia menciona exatamente o mesmo que Jesus
ao dizer: “Não adulterarás” Êxodo 20:14, Este mandamento proíbe não somente
atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a
tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas
nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres
impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento
ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.” Patriarcas e Profetas,
217
Conciliando
as Partes. Os seguintes textos inspirados, para além dos textos bíblicos que já formam mencionados, são muito esclarecedores
para este assunto, pois mostram o pecado como transgressão da lei e como
estado pecaminoso do coração: “Os mandamentos de Deus abrangem muito e são de vasto
alcance; em poucas palavras desdobram todo o dever do homem. "Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo
o teu entendimento, e de todas as tuas forças. ... Amarás o teu próximo como a
ti mesmo." Mar. 12:30 e 31. Nessas palavras se compreendem o comprimento e
a largura, a profundidade e a altura da lei de Deus; pois declara Paulo:
"O cumprimento da lei é o amor." Rom. 13:10. A única definição de
pecado, encontrada na Bíblia, é: "O pecado é a transgressão da lei."
I João 3:4. A Palavra de Deus declara: "Todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus." Rom. 3:23. "Não há quem faça o bem, não há nem um
só." Rom. 3:12. Muitos se enganam acerca do estado de seu coração. Não
entendem que o coração natural é enganoso mais que todas as coisas, e perverso.
Envolvem-se em sua própria justiça, e satisfazem-se com alcançar sua própria
norma humana de caráter; mas quão fatalmente fracassam quando não alcançam a
norma divina, e por si mesmos não podem satisfazer as reivindicações de Deus!
Mensagem Escolhida, vol 1, 321
“Toda a família humana transgrediu a lei de Deus, e como
transgressor da lei, o homem está desesperançadamente arruinado, pois ele é
inimigo de Deus, sem forças para fazer qualquer coisa boa. "A inclinação
da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em
verdade, o pode ser." Rom. 8:7. Olhando ao espelho moral - a santa lei de
Deus - o homem se vê como pecador, e convence-se de seu estado mau, sua
condenação sem esperanças, sob a justa penalidade da lei. Mas não foi ele
abandonado ao estado de miséria sem esperança, no qual o pecado o mergulhou;
pois foi para salvar da ruína o transgressor que Aquele que era igual a Deus
ofereceu Sua vida em holocausto no Calvário. "Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não
pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Mensagens Escolhidas vol
1 322
“Ao passo que Adão foi criado sem pecado, à semelhança de
Deus, Sete, como Caim, herdou a natureza decaída de seus pais. Mas
recebeu também conhecimento do Redentor, e instrução em justiça. Pela graça
divina serviu e honrou a Deus; e trabalhou, como o teria feito Abel caso ele
vivesse, para volver a mente dos homens pecadores à reverência e obediência a
seu Criador.” Patriarcas e Profetas, 54
Conclusão. Enquanto
alguns creem que o pecado é apenas uma violação consciente ou negligente da lei
de Deus, estas reflexões mostram que o pecado é também um estado no qual
nascemos com uma corrupção original. Esse estado pecaminoso permanecerá conosco
até o fim, mesmo que, pela graça de Deus sejamos capazes de vencer todas as
tentações para pecar. O sangue de Cristo liberta-nos e capacita-nos à vivermos
uma vida em harmonia com a santa Lei de Deus, mas não arranca de nós a natureza pecaminosa que herdamos. Essa natureza será erradicada somente no momento da
trasladação com a volta de Cristo. Após o selamento os santos estarão protegidos e preparados para
passarem pela tribulação das pragas e, embora não cometerão pecados, permanecerão
com a natureza pecaminosa até o fim.
Jesus é o nosso modelo. Temos este texto inspirado: “Ele
não consentia com o pecado. Nem por um pensamento cedia à tentação. O mesmo se
pode dar conosco.” O Desejado de Todas
as Nações, 123.
Este tema sugere humildade por parte dos servos de Cristo em dois aspectos muito importantes:
a) A irmã Ellen White mencionou algo interessante que acontecia nos seus dias e
que, de acordo com ela, iria aumentar nos nossos dias: “Por que tantos se dizem
santos e sem pecado? É porque estão muito longe de Cristo. Eu nunca ousei afirmar
semelhante coisa. Desde o tempo em que tinha 14 anos de idade, se eu sabia qual
era a vontade de Deus, estava disposta a fazê-la. Nunca me ouvistes dizer que
sou sem pecado. Os que têm um vislumbre da beleza e do elevado caráter de Jesus
Cristo, o qual é santo e sublime, e cujo séquito enche o templo, jamais dirão
isso. Contudo, encontrar-nos-emos com aqueles que dirão tais coisas cada vez
mais.” Manuscrito 5, 1885. Mensagens Escolhidas, vol 3, 353.
b) Cabe-nos viver em plena comunhão com Deus para que o
Espírito Santo possa capacitar-nos à levarmos uma vida de santidade. O fato de termos uma natureza pecaminosa não pode servir de desculpas para continuarmos na prática de pecados conhecidos, e em desobediência voluntária da Lei de Deus. Devemos viver como pessoas crescidas e responsáveis, abandonando pecados e tendo a vitória sobre eles. E, como resultado estaremos
disponíveis para conduzirmos pessoas aos pés de Cristo, pois está é a missão para a qual Jesus incumbiu a Sua igreja.
Luís Carlos Fonseca
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