quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Necessidade do Culto Familiar

A Necessidade do Culto Familiar

Antes de eu nascer, os meus pais já tinham convidado os padrinhos para o meu batismo na igreja Católica Romana. Como eles estavam recebendo estudos bíblicos de irmãos da igreja Adventista do 7º Dia, logo foram batizados; e, com isso dispensaram os padrinhos com o argumento de que o bebê Luís Carlos Fonseca já não seria batizado na igreja Romana.

 Embora eu tenha nascido em lar Adventista, não recebi a importantíssima herança dos cultos familiares. Comecei a fazer os cultos domésticos apenas quando fui estudar em nossos internatos. Depois de casado, e especialmente com a chegada dos filhos, começamos a fazer alguns cultos em casa e hoje matemos o costume de nos reunir pelo menos uma vez por dia, em família, para a realização de um pequeno e agradável culto doméstico!

Culto na Igreja - Geralmente os cristãos vão às suas igrejas e acham que os cultos realizados lá, já são suficientes. É certo que há uma bênção muito especial nos cultos congregacionais, mas devemos dar atenção às orientações de Deus quanto aos cultos familiares.

A Bíblia menciona a respeito da necessidade que as famílias de Israel e cristã tiveram de congregarem com os irmãos: Veja alguns textos: “Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos.” II Crônicas 20:13.

“No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe.” Neemias 12:43

“Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Hebreus 10:25

Elcana subia com toda a sua família para adorar ao Senhor. Ver I Sam. 1:1-5. Hoje, com certeza,  os  pais cristãos devem levar seus filhos à igreja.  Lemos no Evangelho de Lucas que os pais de Jesus O levaram ao templo para ser dedicado ao Senhor. Ver Luc. 2:22-24. Depois há registros de que o fizeram por ocasião da festa da Páscoa quando Ele estava com 12 anos. Ver Luc. 2:41-43.

Culto Doméstico - A maior evidência de que Jesus cresceu exposto ao ensino da lei na Sinagoga, era o conhecimento que Ele trazia das Escrituras, lá de casa e através dos Seus pais. É o culto familiar que faz com que uma casa seja um lar cristão. Quando não há culto familiar na casa de um cristão, de preferência pela manhã e à tarde, a família deixa de receber a bênção especial de Deus! O culto familiar não é o mesmo que a comunhão individual e nem deve substituí-la, mas é uma renovação diária do pacto da família de servir a Deus acima de todas as outras coisas. É nesse momento, reverente e alegre, que o Senhor é buscado e o Espírito Santo é derramado sobre a família, produzindo entre seus membros unidade e reavivamento espiritual. O culto familiar também é o principal instrumento de educação religiosa para os filhos, e sua influência é fundamental tanto para a salvação deles quanto para motivar a reforma dos hábitos e práticas de toda a casa. O culto familiar foi ensinado tanto no Velho como no Novo Testamentos, portanto é uma prática também necessária nos nossos dias. 

No Velho TestamentoDeus sempre desejou estar em companhia com os Seus filhos. Ele comunicava-Se face a face com Adão e Eva. Depois instituiu o sacrifício de animais para que Seus filhos sempre se lembrassem de Deus. Ele deixou orientações claras para que as famílias israelitas se reunissem e que os pais e sacerdotes instruíssem os seus filhos em casa. Veja estes textos: “A tua mulher será como a videira frutífera, no interior da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira, ao redor da tua mesa.” Salmo 128:3

“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.” Deuteronômio 6.6 e 7

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Provérbios 22:6.

Deus tinha deixado instruções claras para se fazer o culto familiar. O Shema Israel devia ser praticado em casa pelos judeus e estava escrito em um pergaminho, contendo os textos de  Deut. 6:4-9 e Deut 11:13-21, que era colocado em uma caixa tubular de madeira, vidro ou metal, com 3 a 4 polegadas, 7,7 cm a 10,2 cm de comprimento, e devia ser afixado no lado direito do umbral da porta da casa ou escritório, de toda pessoa de fé judaica, a sete palmos de altura do chão e voltado para dentro da casa.

Deus deixou advertências muito sérias para o sacerdote Eli porque ele não instruiu seus filhos devidamente. Eli era o tipo de crente que dedicava muito tempo para os outros mas que esquecia-se de cuidar da própria casa. O culto familiar é uma oportunidade que Deus nos dá para instruirmos os nossos filhos. Veja este texto: “Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele não os repreendeu.” I Samuel 3:13

No Novo Testamento – Logo depois da morte de Estevão, quando o cristianismo nasceu com toda a força, os cultos eram realizados nas casas dos filhos de Deus. Só depois é que as igrejas foram sendo edificadas para cultos. Veja alguns textos: “E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.” Atos 2:46 e 47

Jesus é um belo exemplo de como a educação recebida dos pais, ministrada no lar, foi muito importante. Como Jesus também era judeu, Ele foi educado lendo e praticando o Shema e recebendo as orientações de José e Maria. É-nos dito de Jesus: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” Lucas 2:52. Isso quer dizer que Ele crescia nos aspectos intelectual, físico e espiritual. Ele recebeu educação de alta qualidade. Sua mãe era assistida por Deus e pelos anjos na missão de educar o futuro Salvador. Embora houvesse algumas escolas junto às sinagogas, Jesus não frequentou nenhuma escola e recebeu a educação no lar e junto a natureza. Foi o próprio Pai, através do Espírito Santo, que instruiu Maria na educação de Seu filho. Maria ensinava a Jesus as Sagradas Escrituras e Ele aprendeu a ler e a estudar por Si mesmo. Jesus também apreciava estudar as maravilhas da Criação de Deus, na terra e no céu. No livro da natureza, Ele aprendia sobre as plantas e animais, sobre o sol e as estrelas.

Veja estes outros textos: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” Atos 5:42

“…Não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa.” Atos 20:20

Lucas revela-nos, no livro de Atos dos Apóstolos, detalhes de um ambiente de busca ao Senhor nas casas daqueles que os hospedavam: “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” Atos 21: 8 e 9. O enfoque das filhas profetizando, como foi predito pelo profeta Joel em seu livro 2:28, revela um ambiente de oração e fluir dos dons dentro da casa de Filipe, o evangelista. Além dos encontros públicos, como o que se dava no pátio do templo, era nas casas que a Igreja de Cristo não só partia o pão, como a ceia do Senhor, mas também louvava a Deus e ganhava outras pessoas para Jesus. Era nas casas também que a palavra do Senhor era pregada.

Em Nossos Dias – É através dos cultos em família que como indivíduos, famílias e igreja somos convidados para a celebração das bênçãos de Deus e para solicitar a Sua proteção. Infelizmente algumas famílias já deixaram de se reunir à volta da mesa para as refeições, e, cada um, no seu canto, toma a sua refeição. Se assim fazem é porque falta aquela unidade para a realização do culto familiar que é a refeição espiritual doméstica. Porque deixamos de praticar muitas tarefas em conjunto, como família, é que hoje nos parece algo tão estranho e desconfortável tentar reunir a família para orar e adorar a Deus. Uma família cristã deve aprender a prática da oração conjunta. Não quero dizer orar junto o tempo todo, pois a vida de oração e devoção a Deus ainda tem caráter individual, mas isto também deve acontecer no ambiente familiar. Quando uma família ora em conjunto, goza de princípios operando em seu favor que, seus membros, orando sozinhos não chegariam a experimentar.

Como pais, temos a responsabilidade de ministrar e corrigir nossos filhos no caminho do Senhor. Os pais crentes, com crianças e jovens, tem diante de si uma grande oportunidade para ensinar os filhos nos caminhos do Senhor. Veja estes textos: “E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor.” Efésios 6:4

“E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” II Timóteo 3:15

Quais as vantagens de se realizar o culto familiar? Se não queremos ter sérios problemas futuros com nossos filhos e com o matrimônio, então precisamos ser dedicados em ministrar, ensinar e proteger espiritualmente a nossa família. Quando temos nosso culto familiar instruímos nossos filhos de forma prática sobre como viver o Evangelho entre seus amigos de escola, eles saberão seleccionar os programas de TV, tipos de músicas para ouvir e amizades, etc… A comunicação fica fácil, pois o Espírito Santo atua no seio do lar. Perguntamos, e eles abrem o coração sobre suas dificuldades e oramos juntos. Mas também permitimos que eles partilhem o que estão descobrindo acerca das verdades da Bíblia em seu tempo de leitura e estudo e como podemos viver e aplicar isto em nosso cotidiano. São inúmeras as vantagens!

Deus nos deixa estas importantes orientações: “Em cada família deve haver um tempo determinado para os cultos matutino e vespertino. Que apropriado é os pais reunirem os filhos em redor de si, antes de quebrar o jejum, agradecer ao Pai celeste Sua proteção durante a noite e pedir-Lhe auxílio, guia e proteção para o dia! Que adequado, também, em chegando a noite, é reunirem-se uma vez mais em Sua presença, pais e filhos, para agradecer as bênçãos do dia findo!."  Orientação da Criança, 520.

“Sejam os períodos de culto familiar curtos e espirituais. Não deixeis que vossos filhos, ou qualquer membro da família, os tema, devido à sua monotonia ou falta de interesse.” Orientação da Criança, 521.


Luís Carlos Fonseca 

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