segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O CRISTÃO, O VOTO E A POLÍTICA

O CRISTÃO, O VOTO E A POLÍTICA

Sempre quando este tema é abordado surgem opiniões diferentes. Como membro e pastor da igreja Adventista do 7º Dia deixo a minha opinião sobre este assunto, e não só, deixo também a posição da própria igreja. A igreja não incentiva a participação em partidos políticos, por parte de seus membros, mas reconhece o seu importante papel dentro da sociedade como filhos de Deus que são ativos e envolvidos com questões pertinentes à cidadania. A igreja incentiva o voto e também a participação dos seus membros para auxiliar o governo no atendimento às necessidades, físicas, sociais e espirituais das pessoas, independentemente da sua posição religiosa, social ou política.

Deus deixou orientações sábias que orientam o Seu povo quanto a questão da escolha de candidatos, voto e coisas pertinentes a política partidária. A Bíblia não isenta os cristãos dos seus deveres civis e isso está evidente na ordem de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” Marcos 12: 17.

O Novo Testamento apresenta várias orientações a respeito do dever cristão de honrar os governos civis como instituídos por Deus. Veja os seguintes textos: “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” Romanos 13:1-7

“Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra. Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.” Tito 3:1-2

“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior. Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei.” I Pedro 2:13-17.

Nesse assunto, as principais referências do Espírito de Profecia são os capítulos dos livros a seguir que trazem as orientações: “Nossa Atitude Quanto à Política” do livro Obreiros Evangélicos, 391-396, e trechos do livro Fundamentos da Educação Cristã, páginas 475 a 484, ambos escritos por Ellen White.

Deus também deixou claro a necessidade que temos de orar em favor dos governantes. Deus não dá o direito de fazermos críticas ao governo; mas sim, pede que intercedamos por ele: Veja o texto: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador.” I Timóteo 2:1-3

A igreja Adventista orienta os seus membros em alguns aspectos práticos e importantes: Há pelo menos três princípios fundamentais que regem a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a política. Um deles é o princípio da separação entre a igreja e o Estado, o que leva a cada uma dessas entidades a cumprir suas respectivas funções, sem interferir nos negócios da outra. A Igreja crê que só poderá preservar esse princípio por meio de uma postura denominacional sem compromissos partidários, não se posicionando nem a favor e nem contra quaisquer regimes ou partidos políticos. Essa postura caracteriza, não apenas a organização adventista, em todos os seus níveis, mas também todas as instituições por ela mantidas, todas as congregações adventistas locais, bem como todos os obreiros assalariados pela organização. O cristianismo apostólico cumpria sua missão evangélica sob as estruturas opressoras do império Romano sem se voltar contra elas. O próprio Cristo afirmou que o Seu reino “não é deste mundo” e que, por conseguinte, os Seus “ministros” não empunham bandeiras políticas. Ver João 18:36. Qualquer compromisso político ou partidário por parte da denominação dificultaria a pregação do “evangelho eterno” a todos os seres humanos indistintamente. Ver Mateus 24:14 e Apocalipse 14:6.

Outro princípio fundamental é ajudar as pessoas através da ADRA e ASA independentemente de partidos políticos. Reconhecendo as dimensões sociais do pecado, a igreja apoia e mesmo participa de projetos sociais e educacionais que beneficiam a vida comunitária sem entrar em conflitos com os princípios bíblicos. Muitos desses projetos são levados a efeito em nome da sua agência humanitária ADRA, Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, outros pela ASA, Ação Solidária Adventista, e demais departamentos da Igreja Adventista.

Outro princípio da igreja é não apoiar e nem se envolver com quaisquer greves e passeatas de índole política e partidária que acabariam comprometendo sua postura de não defender qualquer partido.

Deixo algumas sugestões antes de você exercer o direito e o dever de votar: 1) Ore a Deus, de forma individual e coletiva, intercedendo em favor do governo que representa o seu país, ore também pedindo sabedoria para escolher o melhor candidato entre os vários que se apresentam.

2) Evite votar em branco ou anular o voto, pois se todos tomassem essa atitude já não haveria governos representativos e democráticos. A democracia, embora também tenha muitas falhas, ainda é a melhor forma de governo.

3) Quando votar, não revele em quem você votou, o voto secreto promove paz em todos os níveis de relacionamentos, evitando confusão.

4) Nunca aceite subornos ou benefícios de candidatos; a não ser que seja um trabalho digno e honesto. Dentro do possível, evite também ser cabo eleitoral ou promotor de algum partido.

5) Nunca critique; qualquer que seja o candidato.

Deixo a última recomendação: Quando os governos obrigam seus súditos a transgredirem as leis divinas, somente aí é que o cristão deve assumir a postura de: “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” Atos 5:29. O cristão sábio e temente a Deus também obedece o seguinte princípio das boas relações: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12:18.


Luís Carlos Fonseca

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