segunda-feira, 4 de abril de 2011

DESAPONTADO COM DEUS?




Facilmente ficamos desapontados com as pessoas;  mas, e com Deus?


Margarida era uma cristã devota, esposa de pastor e ótima escritora. O casal teve dois filhos, ambos com fibrose cística, uma doença do pulmão, de fundo hereditário. Não importava quanto as crianças comessem, permaneciam sempre magras. Elas tossiam constantemente e tinham dificuldades para respirar. Duas vezes por dia, a mãe tinha que bater-lhes no peito para desalojar o muco acumulado, e frequentemente elas se engasgavam com os alimentos. Passavam várias semanas do ano no hospital, e as crianças cresceram sabendo que provavelmente morreriam antes de atingirem a fase adulta. José, infelizmente faleceu aos 12 anos. A irmã, contrariando todas as expectativas, viveu bem mais tempo. Parecia estar ficando cada vez mais forte, e as esperanças de cura eram altas, apesar de tudo. Mas, não houve milagre, embora os pais suplicassem fervorosamente aos amigos e à igreja; moça faleceu aos 23 anos, em meio ao maior sofrimento em uma cama de hospital.


Quantos neste mundo já não passaram por experiências semelhantes? Quantos não assistiram um ente querido ou amigo chegado, ser abatido, sem piedade, pela morte a pesar das orações ferventes dos pais e intercessão? Quantos não viram a esperança de construir um lar feliz, ir água à baixo, a despeito dos esforços para manter a união familiar?


Quando vemos tudo isso, achamos que Deus é injusto, e podemos ficar desapontados com Ele. Por que sou eu vítima de tantas provas, quando outros que não professam religião alguma levam uma vida aparentemente tranquila? Em tais circunstâncias somos tentados a exclamar como o salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.” Salmo 22:1-2. A impressão que temos, as vezes é que quanto mais precisamos de Deus, tanto mais, Deus parece distante e silencioso. Nosso ímpeto natural é orar como Isaías orou: “Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes se escoassem de diante da tua face” Isaías 64:1. Todos nós temos desejado em momentos críticos da nossa vida que Deus Se manifestasse de forma mais visível. Mas, se assim fosse, nossa fé não seria tão severamente provada. 

É curioso que o coração humano se esquece facilmente das coisas que Deus faz. Mesmo Deus Se mostrando, muitos não creram ou se esqueceram das manifestações visíveis de Deus. Temos vários exemplos: Adão e Eva recebiam a presença de Deus na viração de cada dia, e nem por isso deixaram de comer do fruto proibido. Abrão e Moisés tiveram a manifestação pessoal de Deus, mas mesmo assim falharam. Jacó também falhou apesar da visão da escada que teve em Betel. O povo de Israel falhou miseravelmente no deserto, a despeito das lindas manifestações de Deus. Houve o maná, a nuvem durante o dia, a coluna de fogo durante a noite. As roupas e calçados que não envelheceram; mas assim mesmo o povo deixou de acreditar. No caso de Elias, fogo desceu do céu e consumiu a oferta do altar, e nem por isso o povo acreditou. No caso da ressurreição de Lázaro, o povo continuou incrédulo. 
Deus fez tantas coisas gloriosas que estão relatadas na bíblia, e, mesmo assim o povo ficou endurecido. O seguinte verso aplica-se perfeitamente ao coração incrédulo e ingrato do ser humano: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” Lucas 16:31

Seria tão mais fácil e cómodo acreditar em Deus se todas as nossas orações fossem respondidas, do jeito e na hora que desejamos. Mas, se assim fosse Deus seria o nosso empregado, a realizar os pedidos dos seus patrões, que seríamos nós. A final de contas, Deus quer ser amado e respeitado não porque nossos pedidos são respondidos sempre de prontidão por Deus. Se cada oração fosse respondida da maneira como desejamos, estaríamos andando pela vista e não pela fé; e nossa devoção a Deus seria interesseira.   

Promessas feitas no leito de enfermidade, são facilmente esquecidas por alguns.

Há um caso revelador em Jeremias 34 onde menciona que o povo de Israel, sitiado pelo exército dos caldeus, prometeu libertar os escravos, obedecendo a ordem divida de libertar após o 7º ano de serviço. Quando o perigo de ataque passou, o povo de Israel manteve os escravos cativos.

Esta foi a acusação no livro de Jó. Satanás disse que Jó, só era fiel a Deus porque ele estava cercado de bens e favores divinos. Mas que, se isso tudo fosse tirado, Jó blasfemaria de Deus.

Deus pode ser glorificado pela maneira como suportamos o sofrimento. Jesus poderia Se livrar da morte se quisesse, mas Ele fez a vontade de Deus, como vemos no verso a seguir:  “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” Mateus 26 39. 

O nosso sofrimento pode parecer insignificante quando comparado ao sofrimento dos outros e do próprio Jesus. Mas, o modo como reagimos aos sofrimentos , repercute até no céu. Deus nos delegou a responsabilidade de vindicar Seu caráter diante do universo:  “Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.” I Cor. 4:9


A grande questão não é se eu estou desapontado com Deus, mas sim, se Deus está desapontado comigo. A nossa capacidade de continuar amando Deus, mesmo diante das dificuldades, vai mostrar o tipo de  fé e caráter que tenho desenvolvido.


Há um grande conforto em sabermos que não estamos sós em meio ao sofrimento:  “Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.”  I Pedro 5:9.


“E de todos os dons que o céu pode conceder aos homens, a participação com Cristo em Seus sofrimentos é a mais elevada honra.” D.T.N, 225


Que Deus nos abençoe.


Luís Carlos Fonseca




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