quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Reflexões de Ano Novo


Reflexões de Ano Novo
Salmo 90:12

Introdução
Das palavras desse texto podemos entender que somente Deus vê o fim desde o princípio; entretanto, devemos orar em busca de sabedoria e graça a fim de nos conduzirmos como se pudéssemos ver esse fim. Necessitamos meditar na brevidade da vida, para podermos empregar sabiamente o tempo que nos é concedido por Deus.

Na contagem dos nossos dias, chegamos ao final de mais um ano. Uma ocasião especial para todos nós. Charles Lamb afirmou certa vez que ninguém encara esse momento com indiferença. E isso é verdade, porque ele nos coloca diante dos portais do futuro e da oportunidade para recomeçar.

O poeta inglês Alfred Tennyson lembrou que, em seus dias infantis, ao deitar-se cedo na véspera do Ano Novo, pedia à sua mãe: “Acorde-me e me chame cedo. Amanhã será o momento mais feliz de todo o alegre Ano Novo.”

Charles Dickens comparou o Dia do Ano Novo a “um pequeno herdeiro do mundo inteiro, aguardando com boas-vindas, presentes e regozijos”. Outro poeta, em tom de reflexão compreendeu esse momento como “viver de novo velhos desejos” quando a “alma pensativa em solidão se recolhe”.


Um novo ano é a mais antiga dádiva do Céu para o homem. E podemos recebê-la como um vaso de alabastro cheio de coisas preciosas: talentos de tempo para serem usados criteriosamente, joias de fé, coragem para aprimorar nosso testemunho cristão, oportunidades de serviço em favor dos necessitados.

Indubitavelmente, este é um momento para reflexões profundas, avaliação e reafirmação de propósitos nobres, ou reformulação deles. As Escrituras Sagradas nos convidam a viver essa experiência.

I.          Em que refletir
O primeiro aspecto sobre o qual refletir, neste momento em que recebemos um tão magnífico presente do Céu, na forma de um novo ano, é o que se encontra na carta de Paulo aos Efésios, capítulo seis e versos 15 e 16: “Portanto vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.”

O tempo é um dom precioso de Deus. Um ano não é uma coisa qualquer. O privilégio de vivê-lo é uma dádiva milagrosa, indescritível. Precisamos desenvolver uma compreensão mais grata a respeito dos dons de Deus para nós e um apurado senso de dependência dEle.

Nos dias apostólicos, o conceito de “remir o tempo”, ou de aproveitar as oportunidade (Col. 4:5), era muito importante, na medida em que se pensava que o segundo advento de Cristo poderia ocorrer a qualquer momento. Pensavam aqueles cristãos primitivos que o templo era exíguo e que muito tinha a ser feito no caminho da preparação e do desenvolvimento espirituais, para aquele solene acontecimento e para que se chegasse aos perdidos com a boa mensagem de Jesus. Por conseguinte, cada momento lhes era precioso, precisando ser apropriadamente empregado. Na realidade, essa é uma atitude correta para todos os crentes em todas as épocas. E quão mais importante é isso agora, quando estamos um ano mais próximo da volta de Jesus!

Não temos tempo a perder com quinquilharias. A oportunidade presente deve ser utilizada de tal modo que empreguemos o melhor de nosso tempo em busca da santificação. O aviltamento da sociedade contemporânea não serve como desculpa para um relaxamento ou rebaixamento dos padrões de uma vida cristã segundo a Palavra de Deus. Antes, é motivo para uma maior intensidade na manutenção do ideal cristão.

Aproveitemos aqueles momentos que outros parecem desperdiçar, melhorando constantemente cada momento presente, pela graça de Cristo, a fim de recuperarmos, de alguma maneira o tempo perdido. O tempo é nossa mercadoria preciosa. Negociemos exclusivamente com ela; compremo-la toda e usemos cada porção da mesma. A eternidade depende do tempo. Dentro do tempo é que nos convém obter preparo para o reino de Deus. Se não obtivermos tal preparação em tempo, a nossa ruína será inevitável.

Isso nos leva a lembrança da necessidade de considerarmos a solenidade dos nossos dias. Transpomos os umbrais de mais um ano, bem familiarizados com a palavra crise, extensiva a vários aspectos da vida; social, político, econômico, espiritual, etc. Esta é uma hora de incerteza, inquietação e insegurança. A sabedoria convencional mostra-se reservada e sombria. Vivemos, é certo, a revolução da informática. Das telecomunicações e da automação. Mas, ao lado desse progresso e dos avanços tecnológicos, assistimos impotentes à escala da violência e da libertinagem, ao suicídio ecológico, à presença sinistra da fome, ao crescimento da pobreza.

Vivemos uma época marcada por tantas contradições, não devemos permitir que o ano novo seja vivido em estado de tensão e angústia. O Senhor está no controle. O profeta Habacuque, há séculos, viveu em um mundo que, em certos aspectos, se parecia com o nosso. As perplexidades de sua vida ameaçavam deprimi-lo. A iniquidade em Israel não tinha limite. O suborno e a corrupção já eram parte de seus costumes. A violência reinava nas ruas e a justiça era pisoteada. Os maus prosperavam enquanto muitos justos mendigavam o pão. Os inimigos rodeavam Israel uivando como lobos; contudo, ele permanecia relutante em enfrentar a crise na companhia de Deus. O orgulho dominava os corações e a violência e a iniquidade governavam a Terra.

Os descrentes se inclinaram a estender o dedo do escárnio e do desprezo: “olhem o mundo”, diziam. “olhem a situação desesperada em que estamos vivendo. Vocês afirmam que Deus dirige todas as coisas. É assim que Ele maneja os negócios do mundo?”

Habacuque consultou a Deus, mas não teve resposta imediata. E a que recebeu não era a que esperava (Hab. 1:5-11). Mas Deus como que lhe dizia: “Você pode pensar que não estou fazendo nada, pode pensar que os acontecimento estão seguindo o seu próprio curso, mas está enganado. Estou tomando providências. Estou fazendo a História, estou cumprindo os Meus propósitos, apesar de tudo, e utilizando os acontecimento.” Sim, não estamos sós, jogados às traças, à ação dos homens, dos acontecimentos. Apesar deles, ou através deles, Deus está conduzindo o mundo para o alvo que planejou. Não há por que duvidar ou temer. A exemplo de Habacuque, vamos nos colocar sobre a “torre de vigia”, a torre da fé e da confiança em Deus. Vamos nos ligar no fato de que Ele dirige todas as coisas, e sabe perfeitamente como o faz.

Finalmente, um ponto mais para nossa reflexão:
Fil. 3:12-14 – “Não que eu tenha já recebido, ou tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço; Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

Há dois conceitos bem claros nessa passagem, e eles dizem respeito a nós, na corrida do tempo; esquecer e prosseguir. Para prosseguir, talvez devamos esquecer. E, efetivamente, há coisas que devemos esquecer, a fim de continuarmos a caminhada vitoriosa para a perfeição espiritual, bem como para significativas realizações materiais. Não devemos ficar presos aos erros do passado, aos males supostos ou reais dos quais nos sentimos vítimas, ou que nós mesmos cometemos. Ficar ruminando derrotas e perdas, impede-nos de prosseguir. O passado do apóstolo estava cheio de recordações negativas, e se quisesse, poderia ficar preso a elas. Entretanto, esqueceu tudo o que ficara para trás. Intencionalmente desconsiderou todos os erros praticados contra ele, ou por ele. E pôde prosseguir.

O Senhor prometeu que podemos esquecer os males da vida – Isa. 54:5 e 6.

As perdas experimentadas, os reveses vividos, a dor sentida, a angústia curtida, a decepção sofrida, são lembranças que podem ser removidas por Deus. Se fôssemos cuidar de nós mesmos, não haveria meios de esquecer, mas Deus cuida de tudo. Lembremo-nos de que o ocaso do ano velho coloca sombras sobre os seus males e bens. Amanhã será um novo dia, um novo ano, com novas esperanças e realizações. Novas experiências e novos cuidados.

É assim que devemos prosseguir, sem as amarras do passado. As maiores conquistas de nossa vida espiritual estão precisamente à nossa frente. Nada nos deve deter. Os que não ficam presos ao passado são os que partem para alcançar objetivos elevados. E os que agem assim raramente são pessoas de espírito mesquinho. Acham-se muito ocupados na busca de ideais nobres, para estarem preocupados com os erros de ontem.

Dez corredores partiram velozmente, pés descalços, correndo como um relâmpago sobre o gramado verde enquanto avançavam na direção do alvo na extremidade do campo. Jaime, de pernas compridas, estava na frente. Havia treinado para essa corrida durante meses, e planejava ganhar. Ouvia o ruído de passos por trás dele, mas não está preocupado. Um prêmio de cinco mil dólares aguardava o vencedor, e ele quase podia senti-lo em suas mãos.
Aproximando-se da linha de chegada, ouviu alguém com respiração ofegante um pouco atrás. Quem poderia ser? Por uma fração de segundo olhou para trás. Naquele momento pisou num buraco. Caiu estatelado sobre a pista, ficando sem fôlego. Enquanto se levantava, Jaime viu o concorrente ultrapassar o alvo. Ele sabia por que havia perdido. Um relance de olhos na direção oposta ao alvo custou-lhe o prêmio.

II.        Avante sempre
Um ano velho, com sua carga de recordações, lutas, vitórias, ganhos e perdas, está passando para a eternidade. Outro está às portas. Desconhecido, como desafios e esperanças para todos nós.

Em meio aos sentimentos que nos envolvem nesta ocasião, não nos esqueçamos de tributar uma real, profunda e sincera gratidão ao nosso Deus, por tantos benefícios que nos concedeu. Relembremos cada um deles, e que todas as nossas faculdades físicas, mentais e espirituais se unam em louvor ao Seu nome.

Um novo ano é mais um período de graciosa oportunidade que Deus nos oferece. Não o desperdicemos por um viver inútil. “Remindo o tempo, porque os dias são maus.” Aproveitemos todas as oportunidades. Preparemo-nos para o grande dia de Deus. Estamos um ano mais perto desse dia.

Mantenhamos bem vívida a certeza de que o Senhor está ao leme da História e dos acontecimentos. A tudo dirige muito bem. Nada precisamos temer quanto ao futuro. O mesmo Deus que nos sustentou até aqui, não falhará, não nos abandonará. Estamos seguros.

Nada lucraremos se nos apegarmos às experiências negativas do passado, e até mesmo aos louros conquistados. Essa atitude nos impede de prosseguir. Em nossa caminhada, ainda não alcançamos a perfeição. Reconheçamos nossas limitações, busquemos mais e mais a Jesus, que pode preencher todas as lacunas, satisfazer todas as nossas ansiedades e nos tornar vitoriosos. Prossigamos, pois, com redobrado ânimo.

        
Pr. Zinaldo A. Santos - Oferecido por Depto de Comunicações da UCB

Luís Carlos Fonseca


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