domingo, 8 de março de 2015

O Remanescente e a Dissidência

O Remanescente e a Dissidência 
O panfletismo, a propaganda obscura e conspiratória, o terrorismo verbal, continuam a ser as ferramentas históricas dos opositores da igreja.
A tentativa deste grupo, não é levar o evangelho aos que estão fora do círculo de Cristo. O seu esforço maior não é expandir o reino de Deus, em cumprimento da grande comissão evangélica. O que consome as energias e se converte em obsessão dos “autodenominados reformadores”, é a “pesca dentro do aquário da igreja”. É anunciado um “evangelho reformado” ao revés, constituído de más novas, das faltas e escândalos — imaginários, exagerados ou reais — que envolvem irmãos, pastores, líderes e instituições.

O alvo deste ‘friendly fire’ (fogo amigável), são aqueles que são mais susceptíveis de se escandalizar, passando a ver a Igreja, a liderança e as suas instituições com suspeição paranóica. A expressão ‘friendly fire’ (fogo amigável) é um nome irónico dado às baixas causadas entre combatentes que lutam de um mesmo lado num teatro de guerra. Por ignorância, falha humana ou técnica, ou pouca visibilidade, por vezes os disparos alvejam companheiros do mesmo exército, causando várias baixas.
Se o método não é novo, também não é novo o espírito da empreitada. Os precedentes históricos têm raízes de larga abrangência. Em tempos passados, eles incluíram os belicosos amalequitas, a tribo guerreira que, embora parente afastada dos israelitas, no caminho de Canaã, colocou- se na retaguarda, quando Israel “ia cansado e afadigado” (Deut. 25:17 e 18), e impiedosamente causou trágicas baixas entre os mais indefesos e fracos.
Em tempos mais recentes, há aproximadamente 40 anos, Francis D. Nichol, então editor da Review and Herald, publicou uma série de artigos expondo os vários grupos independentes da época, que tinham como objectivo recrutar seguidores entre os irmãos adventistas em nome de uma suposta “reforma”. As acusações feitas pelos dissidentes de então, assim como o método e a estratégia utilizadas, em nada diferem daquilo que presenciamos hoje, nas cartas-circulares, nos panfletos, revistas, murais das redes sociais, dos “amalequitas” modernos. Os nomes mudaram mas a estratégia e método continuam a ser os mesmos.
O que torna os dissidentes atuais um pouco mais “eficientes”, multiplicando a sua influência, são os recursos da tecnologia moderna à sua disposição. Qualquer pessoa hoje, com um computador e com algum conhecimento da lnternet, facilmente encontra uma tribuna para veicular o seu ministério de crítica e “reforma”.
William Johnsson afirmou que “se não existisse a Igreja Adventista do Sétimo Dia, estes “reformadores” não poderiam existir... Eles valem-se de uma obra edificada por tantos anos de trabalho e esforço. O termo é duro, mas adequado: eles são parasitas da Igreja; sobrevivem à custa daqueles que por uma razão ou por outra, foram persuadidos pelas suas publicações... eles apresentam-se com uma luz favorável, de grande lealdade, fundamentalistas na escritura, adventistas históricos.
Alguns usam o título de ‘pastor’ embora não tenham qualquer credencial reconhecida pela Igreja. Outros ocultam que nem mesmo são membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia [1] É provável que nem todos esses detalhes se ajustem a todos os dissidentes, mas eles oferecem um perfil de estratégia comum. (William G. Johnsson. The Fragmenting of aduentism, pg. 61; Bolse, Idaho; Pacific Press Publishing Association. I995.)
É trágico que num tempo em que mais do que nunca, o corpo de Cristo deveria estar unido, o grande inimigo, o inspirador e originador de toda a dissensão consiga fazer-nos dispersar, gastando energia vital, em questões que apenas nos desviam para os seus atalhos, bifurcações e becos sem saída.
É triste que o nome da Igreja seja assim rasgado, como resultado, muitas vezes, por teorias fundadas ou infundadas, ou, outras vezes por ressentimentos e amarguras pessoais, transportados para o nível institucional.
É trágico que o precário argumento ad hominen se torne a arma comum, dirigindo-se o ataque ao caráter do oponente, sem ouvir os seus argumentos, razões ou defesa; ou que, de outra forma, se apele às emoções, aos preconceitos e interesses particulares daqueles que os ouvem. E assim, o que se busca é apenas “ganhar o caso”, sem qualquer respeito por princípios ou ética cristã.
A mentalidade “anti líder”, tão comum na nossa sociedade, ameaça invadir a Igreja. Tal disposição, que desafia e rejeita a autoridade (por outras palavras rebeldia), deleita-se em apontar as falhas dos líderes, ao ponto de os cansar e levá-los ao desânimo, com o negativismo e a “mentalidade de morcego”, que apenas vê o mundo de cabeça para baixo. A falha destes “analistas” é não perceberem que a atitude de apontar problemas e criticar falhas, está muito longe de ser sinónimo de sugerir soluções inteligentes, que reflictam o carácter de Cristo.
O individualismo é o fermento cultural dos tempos. Individualismo obsessivo gera o pluralismo que, por sua vez, conduz ao relativismo. Combinadas, tais atitudes tornam a sociedade e a Igreja quase ingovernáveis, transformando a tarefa dos líderes em algo virtualmente impossível.
Vivemos nos dias da cultura centralizada no eu. Como indica William Johnsson, “os meus prazeres, aquilo que eu gosto, aquilo que eu não gosto, a minha gratificação pessoal governa o tempo em que vivemos. Esqueça-se do futuro... Esqueça-se de quem vem pagar depois, esqueça-se das regras, esqueça-se de Deus. ‘Não ouse atravessar o meu caminho.’ Se me parecer bem, é isto que eu quero e agora, e é isto que eu vou conseguir”. (William G. Johnsson P.21)
Esta mentalidade, entretanto, corre em rota de colisão com aquilo que Deus deseja realizar de belo e novo através da igreja. Enquanto Deus procura preparar um corpo universal, com uma missão universal, com base na sua palavra, a ideia dos separatistas é fragmentar a igreja, dividi-la em átomos isolados sem qualquer elemento unificador. “Cada um por si”, vivendo e morrendo em si mesmo, recebendo e utilizando os recursos dentro dos seus próprios limites individuais, como células cancerosas, que se anarquizam do sistema, para o seu colapso e morte.
Aqueles que se alimentam dos escândalos explorados pelos dissidentes devem aprender duas lições fundamentais. Primeiro, apenas porque alguém resolveu fazer relatos de “corrupção”, “imoralidade” ou apostasia, nem sempre significa que tais notícias sejam verdadeiras. Devemos lembrar, ainda, que mesmo que as informações sejam verídicas, elas não representam a Igreja adventista ou o ministério adventista no seu todo. Devemos ter em mente ainda que o nosso animo cristão não se deve deixar esmorecer por causa dos maus exemplos de alguns, mesmo que sejam líderes. Os cristãos não seguem a outros cristãos, mas a Cristo.
Segunda lição a ser aprendida, os que recebem o bombardeio de propaganda dissidente devem estar conscientes de que aqueles que se regozijam com as falhas dos outros (alegando o espirito da reforma), de alguma forma se esqueceram das instruções bíblicas: “o amor não se alegra com a injustiça..;” (1 Cor. 13:6); … o acusador de nossos irmãos é derrubado o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. (Ap.12:10b)
É fácil levantar o dedo acusador, espalhar as falhas alheias, fabricando-as ou exagerando-as maliciosamente, muitas vezes sob o pretexto da “defesa da verdade”. Difícil é construir ou erguer pessoas. Mas é precisamente isso que Deus espera dos filhos do Reino. Ellen White menciona no livro santificação, a oração de Daniel, afirmando que este se identificou com o Israel pecador, muito embora não tenha sido participante das suas falhas. No capítulo 9 a partir do verso 5, Daniel inicia a sua oração com um: Nós (1ª pessoa do plural) temos pecado contra ti, temos cometido iniquidade. Daniel mesmo naquela situação generalizada de apostasia, enão levantava o dedo para criticar, ele envolvia-se com a igreja. Quando a graça de Cristo irrompe no coração, ela transforma a esfera dos relacionamentos humanos; torna-nos mais misericordiosos e pacificadores.
Cristo não deixou aberto aos Seus discípulos o caminho da vingança e da retaliação. O seu exemplo fechou para sempre tal avenida, indicando-nos que os cristãos alcançam reformas profundas quando agem como “sal e luz”. A justiça deles não é vista em termos de escrupulosidade semelhante à dos escribas e fariseus.
Os males da Igreja e na vida dos seus ministros já são em si mesmos escabrosos o suficiente, e não necessitam de maior divulgação. De fato, expô-los pode parecer às vezes politicamente correto, mas na grande maioria da vezes podemos ser arautos do grande acusador dos nossos irmãos. Com extraordinária percepção, Ellen White aconselha que “[os males encontrados na Igreja] são mais para serem deplorados do que acusados” [Ellen G. White. Testemunhos Para Ministros. pág 513]. Num outro texto, ela afirma: “Desviai vossos olhos do que é escuro e desanimador, e contemplai a Jesus, o nosso grande Líder.”
Os que se escandalizam com as falhas dos líderes estão a sugerir que eles mesmos nunca leram a Bíblia. O testemunho bíblico não deixa qualquer dúvida de que o povo de Deus e os seus líderes, tanto no antigo como no Novo Testamento, constantemente falharam em viver os ideais divinos. O refrão sobre os reis de Israel, representantes do carácter de Deus, no sentido em que “fizeram o que era mal aos olhos do Senhor”, repete-se constantemente na narrativa bíblica. Os escritos de Ellen White têm muito a dizer sobre problemas nos primórdios da Igreja pioneira.
Aqueles que têm qualquer dúvida quanto à existência de pecados entre o povo de Deus, devem ler cuidadosamente a primeira carta de Paulo aos coríntios. Leiam o próprio registo dos heróis da fé, em Hebreus 11, e sem dúvida concluirão que o único herói da Igreja é Jesus Cristo, que apela, aceita e transforma a vida dos faltosos sem os fazer desanimar e sem publicar a lista dos seus pecados.
Robert Spangler, um dos mais dignos e respeitados representantes do ministério adventista, foi por muitos anos editor da revista Ministry. Faleceu, não faz muito tempo, num trágico acidente automobilístico, numa das estradas de Los Angeles. Num livro, que foi publicado depois da sua morte, ele descreve com extraordinária emoção os seus próprios sentimentos no início do seu ministério. As suas palavras, constituem o testemunho de um pastor a outros pastores, permeadas por uma aura de indizível tristeza. Diz ele:
“Ao permitir-nos transitar através do vale do vinagre, a doçura daquilo que Cristo está a realizar por meio da Sua Igreja passa despercebida. A mente vê aquilo que foi treinada a contemplar. Malícia, ceticismo e cinismo são males difíceis de serem vencidos. Com tristeza, eu confesso que no início do meu ministério alimentei-me das faltas dos líderes da Igreja. Lembro-me de uma carta hostil que escrevi ao meu velho amigo E. D. Nichol. A sua doce resposta desarmou-me completamente. Aquilo que eu tentava demonstrar não estava completamente errado, mas verdadeiramente errado estava o meu espírito e atitude.
“Na medida em que os anos se passaram, encontrei-me alimentando-me mais e mais dos problemas da Igreja. Não os criticava publicamente, mas no meu coração descobria um afastamento dos meus irmãos, que me deixava vazio. O meu relacionamento com Jesus Cristo tornou-se extremamente frágil. As devoções pessoais eram frequentemente interrompidas por irritações sobre algo que eu sabia estar a acontecer na Igreja. O dia chegou quando concluí que minha alma estava em perigo. Eu estava a construir barreiras no meu próprio coração, com outros obreiros e o meu Deus. Gradualmente, através da ajuda do Senhor, aprendi a buscar o bem e o melhor. Ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas agradeço a Deus pela direção na qual Ele tem-me estado a guiar.” [Conference Bulletin. 19/05/19 13, pág. 34. RobertJ. Spangler. nd Remember —jesus is Corning Soon, pág. 89; Associação Ministerial da Associação Geral da IASD, 1997]
Inquestionavelmente, a Igreja tem problemas e líderes que cometem faltas, a igreja não defende a infalibilidade pastoral. Problemas que necessitam obviamente de ser resolvidos. Consultada quanto ao uso incorrecto de dízimos e ofertas, por líderes da Igreja, Ellen White sugeriu três princípios básicos para se tratar com essa e outras distorções: “Façam a vossa queixa de maneira clara e aberta, no espírito correto, e aos órgãos que tratam do assunto. Mas não vos afasteis da obra de Deus, provando-vos infiéis, porque outros não estão agindo corretamente.” [Ellen G. White. Testimonies for The Church, vol. 9, pág. 249.] Ellen White testificou o princípio do dízimo, como doutrina bíblica, em muitos dos seus escritos: “O dízimo é sagrado, reservado por Deus para si Mesmo. Tem de ser trazido ao seu tesouro, para ser empregado em manter os obreiros evangélicos em seu labor. (Ellen White, Obreiros Evangélicos, P.226)
Portanto se, por um lado, os cristãos não recorrem à conveniência do silêncio, por outro lado, o fórum para a discussão dos problemas na vida da Igreja não é através da veiculação de circulares, do uso desmesurado das redes sociais ou na praça pública. A solução destes males não é encontrada na semeadura do cinismo, da crítica e da incredulidade. Tal atitude violenta a experiência espiritual daqueles que devotam o seu talento e energia a esse propósito.
Devemo-nos lembrar também das outras vítimas. Profundas impressões são feitas na mente daqueles que ouvem e lêem tais relatórios. Questões são suscitadas e dúvidas fortalecidas. E, afinal, quem responderá por aqueles que foram desencorajados e ficaram pelo caminho? Pelos que foram desviados por aqueles que não foram responsáveis no uso da sua influência? Quem poderá erradicar o veneno que foi neles injetado?
Ellen White não teve qualquer ilusão quanto à humanidade e natureza caída daqueles que formam a Igreja. Na sua fase militante, o corpo de Cristo é frequentemente maculado pela poeira da caminhada. Entretanto, o otimismo da voz profética é inabalável: “Embora existam males na Igreja, e tenham de existir até ao fim do mundo, a Igreja destes últimos dias há de ser a luz do mundo poluído e desmoralizado pelo pecado. A Igreja, débil e defeituosa, que precisa de ser repreendida, advertida e aconselhada, é o único objeto na Terra, ao qual Cristo confere Sua suprema consideração.” [Testemunhos Para Ministros. pág. 49]
Um novo remanescente do remanescente?
Aqueles com maior conhecimento histórico podem argumentar que a História revela ter sido precisamente o fracasso dos que foram originalmente chamados que provocou a necessidade do remanescente.
A Israel foram feitas, sob condições, promessas de que ele permaneceria como povo escolhido. Ao fracassar, Deus suscitou a Igreja cristã. Quando esta se tornou corrompida em doutrinas e práticas, Ele levantou os reformadores para se separarem e formarem o corpo protestante. Então estes também estagnaram em avançar na luz que lhes foi concedida, e o Senhor suscitou o movimento adventista com uma missão especial para o fim da História, O modelo é consistente: até aqui os fiéis saíram do remanescente apostatado para constituírem um novo remanescente. Quer isto dizer que o ciclo de chamado, apostasia e novo chamado continua aberto indefinidamente?
É precisamente aqui que o cenário impõe uma nova dinâmica. Obviamente que esse ciclo deveria ser interrompido em algum ponto da história profética; de outro modo, por causa da natureza humana, ele iria ocorrer constantemente sem qualquer resolução final. Notemos que o fracasso de Israel ou da própria Igreja não apanhou Deus de surpresa. A antecipação divina já fizera provisão para a tragédia da apostasia, tanto de Israel, da Igreja cristã, como da própria reforma protestante. Contudo,não existe qualquer provisão profética para um novo remanescente em substituição ao movimento adventista. Isso é evidente em Apocalipse (capítulos 3 e 12). Sete Igrejas, e não mais, simbolizam a trajetória da Igreja através da Era Cristã. Laodicéia, a Igreja morna, o povo do juízo, com todos os seus defeitos e fraquezas, fecha o círculo. Qualquer outra conclusão significa estar em descompasso com a trombeta da revelação profética.
Então, como tratará Deus os problemas da Igreja, se não há provisão profética para um remanescente do remanescente? Para embaraço dos dissidentes, Deus introduz aqui uma nova estratégia. O Senhor claramente delineou como Ele há de administrar a crise final da Igreja. Mas de acordo com a Sua agenda, devemos entender, que esta não inclui a probabilidade de um novo movimento separando-se dela. No passado, como foi visto, o chamado foi para que os fiéis se separassem do corpo apostatado. Mas, esse processo, repetimos, não pode continuar indefinidamente. Nas cenas finais da História, ao contrário das reformas tradicionais, são os infiéis, não os fiéis, que deixarão a Igreja.
A sacudidura tomará o lugar do clássico chamado para sair. Esses dois métodos de separação devem ser claramente diferenciados e entendidos. “Haverá uma sacudidura [peneiramento]. A palha deve, no tempo certo, ser separada do trigo. Porque a iniquidade aumenta, o amor de muitos se esfria. Este é precisamente o tempo quando o genuíno deverá ser mais forte.” [Eventos Finais. pág. 149]
Qual o resultado final desse peneiramento? A palha, representando os infiéis e todos aqueles que têm motivações obscuras e perversas, que presentemente são encontrados na Igreja, será separada do trigo, símbolo dos cristãos genuínos. O grupo classificado como “morno” (Apoc. 3: 15 e 16), para constrangimento da Igreja presente, hoje em Laodicéia, há então de desaparecer para sempre, quer identificando-se com o “quente”, ou assumindo o grupo dos “frios”. A polarização é inevitável, e não poderia ser diferente. Existem os laodiceanos puros (que desenvolveram um carácter semelhante ao de Cristo) e os puros laodiceanos. No entanto o processo de peneira é a configuração de uma auto-exclusão e não de uma exclusão imposta. Os puros laodiceanos não conseguirão viver em harmonia com os preceitos da palavra de Deus.

Quem são os que deixarão a Igreja, sob a ação da sacudidura e identificados de forma geral sob as figuras do “joio”, “palha” e “mornos”? Ellen White, nos seus vários escritos sugere uma ampla identificação: “os auto-enganados”, “os descuidados e indiferentes”, “os ambiciosos e egoístas”, “os que se recusam a sacrificar”, “os orientados pelo mundanismo”, “os que comprometem a verdade”, “os desobedientes”, “os invejosos e críticos”, “os fofoqueiros e caluniadores, os que acusam e condenam”, “a classe conservadora superficial”, “os que não controlam o apetite”, “aqueles que promovem a desunião”, “os estudantes superficiais da Bíblia”, “aqueles que perderam a fé no dom profético”. [Testimonies, vol. 4, págs. 3I. 89, 90 e 232; vol. 5, págs. 81, 211, 212 e 463. vol. I, págs. 182, 187. 251 e 288; Primeiros Escritos, págs. 50 e 269; The Upward Look. pág. 22; Review and Herald. 08/06/1901; Testemunhos Para Ministros. pág 12; Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 84.]
Aqui, dois fatos são evidentes: primeiro, a ampla variedade do catálogo; e, segundo, todas as categorias estão hoje representadas na Igreja.
Ellen White estabelece ainda uma clara convergência entre esses dois aspectos, observando que, “ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandonará a sua posição, passando para as fileiras do adversário”. [Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 608]
A purificação da Igreja virá no tempo indicado, mas não através das reformas e reformulações inventadas e promulgadas pelos dissidentes. A Igreja será purificada afinal, mas o movimento será precisamente o inverso daquilo que aconteceu ao longo dos desdobramentos da História. Sairão por auto-exclusão os infiéis, enquanto os fiéis permanecerão na comunhão da Igreja. E exatamente por isso, não há provisão divina para um novo remanescente.
Aqueles que hoje buscam a pureza eclesiástica através da crítica e da acusação, e finalmente se afastam do corpo remanescente de Cristo, cometem um colossal erro de cálculo profético.
Enquanto aguardamos a resolução final da História e a purificação da Igreja, devemos nos lembrar de que “Deus não deu a nenhum dos Seus servos a obra de punir aqueles que não dão ouvidos às Suas advertências e reprovações. Quando o Espírito Santo habita no coração, Ele guiará o agente humano a ver os seus próprios defeitos de caráter, a ter piedade das fraquezas dos outros, a perdoar como ele deseja ser perdoado. Será misericordioso, cortês e semelhante a Cristo”. [Ellen G. White. Testimonies for The Church. vol. 5, pág. 136]

Vitória assegurada
O caráter não é construído nas crises, mas é revelado nas mesmas. Os frutos continuam a ser o grande teste da natureza da árvore (pelos seus frutos os conhecereis Mt 7:16) e, certamente, se o Senhor não pode mudar-nos o carácter, dificilmente Ele poderá mudar o nosso destino final.
Cada dia, a nossa submissão ou rebelião à voz do Espírito está a definir as formas da nossa construção eterna. Ninguém precisa de ser enganado pelas aparências. “Quando homens se levantam com a pretensão de ter uma mensagem de Deus, mas em vez de combaterem contra os principados e potestades, e os príncipes das trevas deste mundo, eles formam um falso esquadrão, virando as armas da guerra contra a igreja militante, tende medo deles. Não possuem as credenciais divinas. Deus não lhes deu tal responsabilidade no trabalho.” [Testemunhos Para Ministros, págs. 22 e 23.]
Falhará a Igreja? Independente de como os críticos e analistas do negativismo percebam a condição do remanescente de Deus, o Senhor estará sempre no controle. Independentemente de ameaças de movimentos emergentes, convergentes, dissidentes ou imaginários, Deus estará sempre no controle.
O fracasso da nossa parte em crer neste fato, leva-nos ao desencorajamento ou ao sentimento de que necessitamos de “fazer justiça” com as nossas mãos. O espirito Deus actua sempre no tempo oportuno, independentemente de vontades humanas. “ A Igreja pode parecer quase a cair, mas não cairá. Ela permanece, enquanto os pecadores em Sião serão peneirados — a palha será separada do precioso grão. Este é um terrível processo, contudo ele deve acontecer.” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 380.)

A garantia da igreja não reside na habilidade ou perfeição dos homens, mas na direção de Deus.

O remanescente de Deus não fracassará, mesmo quando as aparências ou circunstâncias sugerem outra conclusão. Podemos ter este fundamento porque ela está ancorada em quatro fatos basilares:
Primeiro, Cristo é a cabeça da Igreja. E este facto evidentemente não nos coloca além da possibilidade do fracasso individual.
Segundo, não há qualquer provisão profética para um remanescente do remanescente. Tal certeza, entretanto, não deveria levar-nos a qualquer orgulho denominacional, acomodação ou falsa segurança na prática do pecado. Ao contrário, deve conduzir-nos à crescente submissão ao Senhor da Igreja.
Terceiro, as vitórias da igreja, através das sucessivas crises da sua história, dão-nos a segurança de que as crises futuras serão administradas pela eficiência d´Aquele que não pode falhar.
Finalmente, o quadro profético do apocalipse quanto à Igreja dos últimos dias, é esboçado em termos de vitória (Apoc. 14:1-5; 7:9, 10, 13-17). Não há nada incerto ou duvidoso quanto ao triunfo final da Igreja, ao enfrentar o mar tormentoso dos últimos eventos.
Segundo a tradição ligada ao Titanic, o navio considerado insubmergível pelo seu capitão, E. j. Smith, mas que fatalmente desceu para o seu mergulho sem retorno nas águas gélidas do Atlântico Norte, na madrugada de 15/04/1912, no domingo seguinte à tragédia, na cidade de Southampton, de onde o navio havia saído alguns dias antes, e onde viviam muitas das vítimas daquele naufrágio, um pregador americano convidado para uma campanha evangelística, pregou um poderoso sermão sob o título “O navio que não pode afundar”.
O sermão, evidentemente, não era uma referência ao Titanic, mas a uma outra embarcação, datada de 1900 anos antes, também seriamente ameaçada pelas águas, cruzando o mar da Galiléia (Mat. 8:23-27). O único navio que não pode afundar, concluiu o pregador com extraordinário senso de propriedade, é aquele em que Cristo está presente.
Essa é a única segurança da Igreja ao enfrentar as ondas da tentação do mar revolto, nos instantes finais da sua jornada. A nossa garantia não se encontra na habilidade ou na perfeição dos homens, na suficiência ou na fortaleza da “embarcação”, mas na presença e autoridade d´Aquele a quem “os ventos e o mar obedecem” (v. 27).
Autor: Amin A. Rodor, Th.D, professor de Teologia no Unasp (Tradução livre PT/PT)

Luís Carlos Fonseca

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